Investidor pagou R$ 4 bi em taxas no ano passado
Um estudo da casa de análise Empiricus, que analisou 95 fundos DI e de curto prazo disponíveis no mercado, mostra que os investidores brasileiros desembolsaram R$ 4,05 bilhões no ano passado só com o pagamento dessas taxas.
Por: Equipe Empiricus
SÃO PAULO – A taxa de administração de fundos de investimentos deve ser observada com atenção pelos aplicadores. No limite, a cobrança pode ser desvantajosa e penalizar os ganhos. Um estudo da casa de análise Empiricus, que analisou 95 fundos DI e de curto prazo disponíveis no mercado, mostra que os investidores brasileiros desembolsaram R$ 4,05 bilhões no ano passado só com o pagamento dessas taxas.
O estudo ainda fez uma simulação para ressaltar o impacto do encargo. Se todas as taxas de administração dos 95 fundos estivessem limitadas a 1%, os bancos deixariam de lucrar R$ 2,83 bilhões, dinheiro que potencialmente estaria revertido em maior rentabilidade aos investidores.
Os fundos DI e de curto prazo aplicam majoritariamente no Tesouro Selic, título mais conservador e de menor rentabilidade do Tesouro Direto.
“Nas taxas cobradas dos investidores em fundos DI e de curto prazo, a função do gestor se restringe, em grande parte, a comprar títulos públicos e carregar até o vencimento. Então, em tese, cobrar mais de 1% para administrar um fundo é como vender um eletrodoméstico com preço bem acima da média”, diz o estudo.
De acordo com o levantamento, os 95 fundos pesquisados administram R$ 121 bilhões de 2,5 milhões de investidores. Todos praticam taxas acima de 1%.
Preferência. O levantamento da Empiricus ainda destaca que o total investido em fundos no Brasil somente por pessoas físicas chega a R$ 1,34 trilhão.
Em comparação, o valor aplicado em Bolsa de Valores por investidores pessoas físicas é de R$ 107,5 bilhões, o que equivale a menos de 10% do total investido em fundos.
Outro levantamento, da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mostra que os fundos de investimentos ultrapassaram a caderneta de poupança na preferência dos investidores brasileiros.
Em dezembro de 2014, os fundos representavam 30,3% dos ativos aplicados em private banking, varejo de alta renda e no varejo tradicional, enquanto a poupança representava 32,8%. Um ano depois, as posições se inverteram, e os fundos aparecem com 31,6% de participação, ante uma fatia de 29,6% da poupança. No ano passado, a perda de rentabilidade e o aperto na renda levaram a saques recordes de recursos da poupança.
Entre os consumidores de renda menor, contudo, o apelo da caderneta ainda persiste. No chamado varejo tradicional, é esmagadora a participação: a poupança representava 64,7% do total aplicado em dezembro de 2015.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
1. O que é a taxa de administração dos fundos de investimento?
É a taxa cobrada pelas instituições financeiras para recompensar o gestor pelo trabalho de escolha do portfólio de aplicações em que o fundo decide investir.
2. A taxa de administração afeta a rentabilidade?
Sim. A rentabilidade de um fundo é sempre a rentabilidade bruta, isto é, sem o desconto de qualquer taxa ou imposto. Para saber qual será o ganho final, ou o que é chamado de rentabilidade líquida, o investidor precisa prever o desconto da taxa de administração e também a incidência de Imposto de Renda.
3. Como é feita a cobrança da taxa de administração?
A taxa de administração é expressa de maneira anual, mas descontada diariamente, e de maneira proporcional, da cota do fundo.
4. Como tudo isso afeta os meus investimentos?
A cobrança de elevadas taxas de administração e do Imposto de Renda podem corroer os ganhos do investidor. Em muitos casos, o rendimento líquido do seu investimento pode ficar abaixo de outras aplicações consideradas mais conservadoras, como a caderneta de poupança.