Covid-19, conflito entre Rússia e Ucrânia e a escassez de insumos em escala global. Externalidades negativas que têm efeitos diretos sobre a inflação no Brasil e no mundo, o que, por sua vez, tem exigido cada vez mais atenção dos investidores.
Neste episódio do podcast Os Melhores Fundos de Investimento, o tema ganhou destaque na conversa entre Bruno Marchesano, analista de fundos da Empiricus, e Rodrigo Azevedo, co-CIO da Ibiuna Investimentos, gestora de recursos independente, e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central.
Marchesano e Azevedo batem um papo sobre os efeitos práticos do aumento de preços em escala mundial sobre os investimentos e a estratégia usada pela Ibiuna para se sobressair em meio às incertezas macroeconômicas. Atualmente, a Ibiuna tem mais de R$ 27 bilhões em ativos sob gestão.
No radar, a inflação
“Nosso diferencial é entender as tendências de inflação para uma boa gestão dos nossos fundos”, dispara o co-CIO da Ibiúna e ex-Banco Central. A afirmação de Azevedo se deve ao fato do aumento de preços estar intrinsecamente ligado aos investimentos. Isso pois, é quase que um mantra entre investidores buscar um ganho real acima desse índice.
No Brasil, o impacto da inflação foi mais perceptível no mercado a partir de 1980, década “perdida”, uma vez que os preços variavam diariamente e de forma generalizada nos comércios, consequentemente, gerando uma inflação e juros ainda mais acentuados. O resultado foi uma década subsequente de apreensão nos mercados.
Ele acrescenta: “Aqui, a história básica, em particular, desde o Plano Real, é uma história de juros que está alto e cai, sendo que os juros no Brasil sempre foram relativamente acima do resto do mundo”, diz Azevedo. “Então, o trade aplicado refletia de um lado um carrego que é positivo, mas também refletia uma aposta de que o país iria melhorar”.
Recentemente, os juros tiveram uma reviravolta. De 2019 a 2020, o Brasil registrou uma queda da taxa básica de juros, Selic, que se aproximou dos 2% ao ano, acentuada, sobretudo, pela pandemia de Covid-19. Entretanto, conforme Azevedo, com uma análise de tendências, a Ibiuna conseguiu lucrar nesse período alocando recursos, assim como também no ano de 2021.
“Em 2019 e em 2020, foram os anos em que ganhamos muito dinheiro no Brasil e no mundo, aplicados em taxa de juros”, reforça. “Iniciado o segundo ano da pandemia, com a retomada das economias, vimos uma pressão inflacionária, aí os bancos centrais estavam na dúvida se precisavam reagir a isso ou não. Nossa avaliação foi de que com a retomada da economia e inflação voltando, os juros iam ter que voltar”, diz em menção à expectativa da Ibiuna que se mostrou certeira.
Fundo Macro da gestora
Focado em ciclos de políticas monetárias no Brasil e no mundo, o fundo Macro da Ibiuna é um fundo multimercado que tem sob sua gestão R$ 22,5 bilhões. Nesse tipo de investimento, os ativos dos cotistas ficam associados a índices como inflação, cotação de moedas, taxas de juros, entre outros.
A principal estratégia por trás desse tipo de fundo reside na diversificação dos investimentos, uma vez que ele garante maior proteção quanto a uma possível desvalorização de alguns dos ativos. O principal benchmark do fundo macro é o CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Outra estratégia tomada pelos gestores dessa carteira, como pontuou Azevedo, é o acompanhamento incessante dos fundamentos econômicos de outros 30 países que garantem maior assertividade na hora da alocação dos ativos.
“Essa lógica se aplica, sobretudo, na nossa análise do fundo macro de médio e longo prazo, em que as incertezas crescem e, não à toa, um dos termômetros que analisamos nessas outras economias é a curva de juros”, conclui o ex-BC.
Assista agora ao bate-papo completo entre o analista da Empiricus e Rodrigo Azevedo, da Ibiuna: