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Nubank (NUBR33): 2 pontos de atenção no 1T22 que reforçam o short na ação

Em novo relatório, analistas da série Palavra do Estrategista avaliam o balanço do roxinho referente ao primeiro trimestre do ano e veem aspectos críticos no modelo de negócio

Por Daniela Rocha

18 maio 2022, 18:09 - atualizado em 18 maio 2022, 18:13

tela de celular estampa símbolo do aplicativo do Nubank ao lado de cartão do roxinho
Analistas da série Palavra do Estrategista avaliam o balanço do Nubank (NUBR33) referente ao primeiro trimestre do ano. Fonte: Shutterstock

O Nubank (NUBR33) conseguiu ampliar a base de usuários e avançar na vertical de serviços no primeiro trimestre do ano. Por outro lado, seu balanço revela sinais negativos: a dificuldade de monetização e a inadimplência crescente – dois pontos que reforçam o short no roxinho (posição vendida, prevendo a queda da ação).

É o que dizem Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus, e Matheus Spiess, analista, no relatório da série Palavra do Estrategista, que foi divulgado aos assinantes nesta terça-feira (18/05). 

Segundo eles, os números vieram em linha com as suas expectativas. O Nubank chegou a 60 milhões de clientes – sendo 57,3 milhões no Brasil e o restante no México e Colômbia – um crescimento de 61% em relação ao 1T21 e de 11% contra 4T21. 

Na última linha, o roxinho registrou prejuízo líquido de US$ 45,1 milhões no 1T22. Já no cálculo ajustado por despesas relacionadas à remuneração baseada em ações e pelos efeitos tributários aplicáveis, o lucro foi de US$ 10,1 milhões. 

“O fato de a companhia ainda não ser rentável, principalmente diante da escala que tem (33% da população brasileira), ainda nos faz refletir se esse modelo de negócios dará certo no longo prazo”, ressaltam os analistas. 

Além disso, o valuation atual da companhia, de 4,5 vezes o seu valor patrimonial, é excessivo na visão deles. 

Assim, eles seguem firmes no short, acreditando que ainda há espaço para desvalorização da ação na Bolsa. A operação foi recomendada em 19 de janeiro na carteira Oportunidades de Uma Vida e, desde então, NUBR33 já caiu cerca de 40%. A posição vendida representa 1,5% do portfólio total.  

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1. Dificuldades de monetização

A receita de serviços no 1T22, composta basicamente pela tarifa de cartões, somou US$ 258 milhões (R$ 1,4 bilhão), uma alta de 99% em relação a igual período do ano passado. Neste caso, os analistas destacam que há um risco no horizonte, pois está aberta uma consulta pública do Banco Central que discute a redução dessas tarifas, o que pode tornar a situação das fintechs complicada nesse quesito. 

Ainda conforme os analistas, o Nubank está conseguindo reprecificar as novas concessões de crédito a taxas mais altas, diante da Selic maior, sem sentir efeito na demanda. Mesmo assim, pelo fato de o empréstimo pessoal ser mais barato do que o cartão de crédito, o seu aumento de representatividade levou a uma taxa média estável.

Com isso a receita de juros cresceu em linha com a carteira de crédito (+343%), somando US$ 619 milhões (R$ 3,2 bi). Segundo Felipe Miranda e Matheus Spiess, o problema é que o custo de captação subiu de forma mais acentuada que a receita de juros. “Como a fintech remunera seus correntistas a 100% da Selic, o aumento da taxa de juros fez com que o custo crescesse substancialmente”, ressaltam no relatório. 

O fato é que o custo de captação cresceu 648% na comparação anual, atingindo US$ 273 milhões (R$ 1,4 bi). 

Sendo assim, a margem financeira avança em ritmo fraco  diante das altas expectativas para a fintech.

2. O efeito da inadimplência 

O índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias cresceu 1,5 ponto percentual para 4,2% da carteira de crédito. “Esse efeito vem do aumento de representatividade do crédito pessoal que, apesar de ser um empréstimo mais barato, tem inadimplência maior”, explicam os analistas. 

Com isso, a provisão para devedores duvidosos cresceu 268% no 1T22, somando US$ 276 milhões (R$ 1,4 bi), muito acima do crescimento da margem financeira (+25%). 

Por sua vez, a margem bruta da companhia, que desconta os mencionados custos das transações, teve uma contração anual de 13 pontos percentuais, atingindo 34%.  Deduzindo ainda as despesas operacionais e impostos, o prejuízo líquido de US$ 45 milhões (R$ 236 milhões) no primeiro trimestre do ano. 

Para mais detalhes, acesse a série série Palavra do Estrategista. Se você ainda não é assinante, pode conhecê-la por sete dias gratuitamente. 

Sobre o autor

Daniela Rocha

Coordenadora de Conteúdo na Empiricus. Jornalista com MBA em Finanças na FIA. Atuou nas editorias de economia da TV Cultura e da Band e foi colaboradora do Valor Econômico, Exame e RI.