Investimentos

Eneva (ENEV3): lucro sofre contração no 1T22, mas ação segue boa e barata

Segundo analistas, a companhia do setor energético tem apostado na estratégia de crescimento orgânico e inorgânico e apresenta potencial de entregar bons dividendos no longo prazo

Por Mateus Cerqueira

19 maio 2022, 15:14 - atualizado em 19 maio 2022, 15:18

Imagem de logotipo da Eneva sobreposta a imagem do Rio Amazonas
Reprodução/Divulgação Eneva

A Eneva (ENEV3), empresa de energia que atua na exploração e produção (E&P) de gás natural e fornecimento de energia termoelétrica, teve lucro líquido de R$ 184 milhões no 1T22, contração de 9% em relação ao mesmo período do ano anterior.

A receita da companhia recuou 20%, para R$ 760 milhões. As quedas nos resultados se devem à melhora do cenário hidrológico no país, que permitiu maior folga de geração de energia pelas hidrelétricas. Ou seja, a demanda por energia termelétrica observou queda de janeiro a março deste ano, afetando negativamente a Eneva.

Apesar disso, os analistas da Empiricus avaliam que as ações da Eneva seguem atrativas e descontadas para os investidores que buscam capturar retornos e bons dividendos no longo prazo.

Na avaliação da casa, a ENEV3 negocia a 20 vezes o seu lucro, um preço/lucro (P/L) que demonstra que os investidores apostam em um crescimento dos resultados futuros da companhia.

Eneva está nas carteiras Oportunidades de Uma Vida e Vacas Leiteiras.

Ebitda na mira da companhia

“Inserida em um segmento de maior previsibilidade, vemos a companhia empenhada em criar maior valor à sua base acionária por meio de crescimento orgânico e inorgânico, através de projetos bastante rentáveis no longo prazo”, pontua Felipe Miranda, CEO e estrategista da Empiricus, que lidera o portfólio Oportunidades de Uma Vida, em recente relatório aos assinantes da série Palavra do Estrategista.

Imagem de área de extração de gás natural no Amazonas administrada pela Eneva
Reprodução/Divulgação Eneva: Campo de Azulão na bacia do Amazonas

Quanto aos projetos orgânicos, Miranda se refere ao reinvestimento dos lucros da companhia em bacias para exploração e produção de gás natural, a exemplo do campo de Parnaíba VI, no Maranhão, e Azulão, bacia do Amazonas, ambas com previsão de início das operações no biênio 2025/2026.

Não à toa, segundo o analista, a Eneva consegue reinvestir os lucros a uma taxa interna de retorno (TIR) real acima de 15%, o que, por sua vez, tem efeitos positivos sobre o seu crescimento Ebitda. Com isso, a companhia ganha cada vez mais robustez em seu mercado de atuação e maior potencial de geração de lucros mais a frente.

No que se refere aos projetos inorgânicos, segue como principal investimento da companhia a aquisição vantajosa da Focus Energia, por aproximadamente R$ 715 milhões de reais, em dezembro de 2021.

“O efeito positivo dessa compra também foi sobre o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização [ebitda] da companhia”, comentou no relatório. Miranda se refere ao crescimento Ebitda da ENEV3 em 10,2% na base anual de comparação, que representa um valor estimado de R$ 492 milhões, sendo R$ 122 milhões desse total frutos da compra da Focus.

Nesse cenário, a empresa demonstra que vem conquistando cada vez mais eficiência no segmento de gás natural, transformando sua receita em geração de caixa operacional. “Bom para empresa, bom para o investidor que consegue ter maior previsibilidade sobre os negócios da companhia”, complementa.

Barata e com potencial de valorização

Rodolfo Amstalden, também fundador da Empiricus e um dos analistas que conduzem a carteira Vacas Leiteiras, pontua que um dos fatores que justificam a tese de investimento na Eneva.

“Quando olhamos o histórico da companhia, podemos enxergar o potencial de crescimento, uma administração eficiente e focada em captar bons retornos”, aponta Amstalden. “O que reflete no lucro líquido esperado de R$ 1 bilhão em 2022 para a companhia, do qual 25% fica para os acionistas conforme manda a lei”, adiciona.

Ao que Miranda complementa: “Trata-se de uma companhia que melhorou drasticamente sua estrutura de acionistas, alinhou a estrutura de capital, reduziu endividamento, ganhou liquidez e está pronta para surfar a melhora no mercado de gás e térmicas”.

Eles entram em consenso que a companhia se mostra empenhada em entregar gordos dividendos aos seus acionistas mais a frente. Atualmente, os papéis da Eneva são negociados a R$14,55.

Sobre o autor

Mateus Cerqueira

Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo. É integrante da equipe de conteúdo da Empiricus. Teve passagem pela Jornalismo Júnior (ECA-USP) e já atuou como assistente de comunicação na Força Área Brasileira.