Quando investimos em CDB é muito comum ouvir expressões como “esse rendimento está com uma rentabilidade de 100% do CDI”.
Esse tipo de expressão deixa muitos investidores em dúvida, principalmente os iniciantes que não entendem ao certo o que é o CDI e nem qual é a sua rentabilidade. Entretanto, para quem começa a investir, entender o que é o CDI, sua diferença para taxa DI e sua correlação com a taxa Selic é essencial.
O que é CDI?
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário que representa um título adquirido por um banco por emprestar dinheiro para outro banco em um curtíssimo espaço de tempo.
Pode-se dizer que o CDI é uma espécie de CDB, só que ao em vez de uma pessoa física emprestar o dinheiro adquirindo o título, quem faz isso é o banco.
A rentabilidade deste título é amparada na taxa DI que significa depósito bancário, e demonstra os juros pagos por bancos quando fazem empréstimos entre si. Logo, DI é a taxa, e CDI o título adquirido.
Como funciona o CDI?
É um pouco intrigante pensar que um banco toma dinheiro emprestado de outro banco pagando uma determinada taxa de juros por empréstimos que podem ser de um dia.
Aí vem a pergunta: por que isso acontece? A existência da taxa DI se dá para cumprir algumas normas do sistema financeiro no Brasil.
Dentre as várias normas do Banco Central, existe uma que exige que os bancos comerciais não podem fechar o dia com saldo negativo em caixa.
No entanto, há dias em que há mais empréstimos e saques em uma instituição bancária do que investimentos e depósitos. Quando isso acontece, inevitavelmente o banco fecha a sua operação no vermelho.
Essa determinação do Banco Central tem como objetivo evitar que o sistema bancário corra o risco de quebra pelas dívidas adquiridas.
Entretanto, quando um banco fecha a sua operação no vermelho, a solução é tomar empréstimo de outro banco em uma negociação conhecida como negociações interbancárias.
Para que essa negociação seja operacionalizada, são usados os Certificados de Depósito Interbancário, que no mercado são conhecidos como CDI.
Assim sendo, os juros cobrados entre os bancos com a emissão dos CDIs dão origem à taxa DI. Portanto, é preciso entender que os juros são taxa DI e os papéis que operacionalizam os empréstimos são os CDIs.
Normalmente, a taxa DI costuma ser 0,10 ponto porcentual abaixo da taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia, e é determinada pelo Comitê de Políticas Monetárias (Copom) em reuniões que ocorrem a cada 45 dias.
O Copom costuma elevar ou diminuir a taxa Selic de acordo com as perspectivas inflacionárias da economia. Logo, quando há perspectiva de alta na inflação, o Copom eleva a taxa Selic para estimular o investimento e desestimular o consumo.
Quando ocorre o contrário, ou seja, a inflação está controlada ou muito baixa, o Copom abaixa a taxa Selic para desestimular o investimento e estimular o consumo como forma de aquecer a economia e gerar mais emprego.
Qual a diferença entre CDI, Selic e Taxa DI?
Conforme vimos, a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, sendo ela definida pelo Copom a cada 45 dias. Desse modo, o Copom tem o poder de aumentar ou diminuir a taxa de juros de acordo com as perspectivas futuras.
Nesse sentido, a taxa Selic serve como uma espécie de ponto de equilíbrio da economia, sendo que ela se torna uma espécie de referência.
Então quando um banco toma empréstimo de outro banco e emite um CDI com prazo de validade de um dia, é pago uma determinada taxa de juros. Essa taxa de juros é muito próxima da taxa Selic.
Entretanto pode haver variação, embora ela seja muito pequena. A média dessas taxas de juros cobradas entre os empréstimos interbancários dá origem à taxa DI. Portanto, é comum que a taxa DI e a taxa Selic caminhem próximas.
Então entendendo os conceitos: a taxa Selic é a taxa básica de juros da economia, a taxa DI é a média de juros cobrada entre os empréstimos interbancários e o CDI é o certificado que um banco emite para operacionalizar o empréstimo junto a outro banco.
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Como o CDI influencia o mercado de investimentos?
Como o CDI possui uma taxa de juros próxima a taxa Selic, chamada de taxa DI, ele acaba servindo de referência para diversos investimentos de renda fixa.
Muitos são, portanto, atrelados a esse indicador que o utilizam como um benchmark, que é uma espécie de meta de desempenho. É por isso que é comum ouvir os termos “100% do CDI”.
Isso quer dizer que aquela determinada aplicação possui uma rentabilidade idêntica à do CDI. Se houver uma aplicação cuja rentabilidade for de 150% do CDI, isso quer dizer que ela é superior e assim por diante.
Então quando o CDI sobe, todos os investimentos que são atrelados a ele também sobem, e quando o CDI cai, todos os investimentos que são atrelados a ele também caem.
Quando o CDI está com uma rentabilidade alta, os investimentos em renda fixa atrelados a ele se tornam mais atraentes, e os investidores deixam de investir em ações ou até mesmo de montar empresas para aplicar o dinheiro nesses papéis.
Por outro lado, quando o CDI está com uma rentabilidade baixa, há menos atratividade em investir em títulos atrelados a ele, e nesse caso os investidores procuram opções em ações para tentar aumentar a rentabilidade.
Como o CDI segue a taxa Selic, a lógica é aquela que citamos acima: o Copom aumenta a taxa Selic com o intuito de diminuir o consumo e consequentemente a inflação, mas, em contrapartida, diminui a produção e o emprego.
Por outro lado, quando o Copom decide diminuir a taxa Selic, o CDI cai, e os investidores acabam investindo em ações de empresas ou montando o próprio negócio, o que estimula o consumo, gerando emprego, mas também a inflação.
Nesse sentido, o que o órgão tenta buscar é um equilíbrio para que a economia não entre em recessão e também não fique superaquecida a ponto de gerar uma hiperinflação, prejudicando a renda das pessoas.
Vale destacar que o aumento da taxa Selic também corrói as contas públicas, uma vez que os títulos da dívida pública costumam pagar juros relacionados à taxa Selic. Logo, quando essa taxa está alta, os juros pagos pelo governo são maiores, corroendo uma maior parte do orçamento público.
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Como calcular quanto rende o CDI?
A rentabilidade do CDI é baseada na taxa DI que é a média das movimentações interbancárias do dia. O órgão responsável pelo cálculo e divulgação do CDI é a B3. A partir do ano de 2018, a metodologia de cálculo do CDI passou a ter duas condições:
- Número de operações de empréstimos interbancários maior ou igual a 100;
- Volume total de operações elegíveis superior ou igual a R$ 30 bilhões.
Portanto, é feita uma média ponderada das operações realizadas no dia entre as instituições bancárias de diversos conglomerados que vai gerar a taxa DI do próximo dia, que será cobrada na emissão do CDI.
Se alguma das condições citadas acima não forem observadas, é mantida a mesma taxa DI do dia anterior. Ao final do mês são somadas todas as taxas diárias praticadas para se chegar a taxa DI mensal.
Embora siga toda essa metodologia, na prática a taxa DI acaba sendo muito próxima da taxa Selic, e mesmo não sendo iguais, elas acabam convergindo para o mesmo caminho, ou seja, para cima ou para baixo.
Quais investimentos são atrelados aos CDI?
Existem no Brasil muitos investimentos que são atrelados ao CDI. Ou seja, ao investir nesses títulos, o banco usará a expressão: rentabilidade de 100% do CDI. Dentre os investimentos mais conhecidos estão:
- CDB;
- LCI;
- LCA;
- Debêntures;
- CRI;
- CRA;
- Fundos DI.
CDB
CDB é a sigla para Certificado de Depósito Bancário, sendo esse um título emitido por um banco contra uma pessoa física ou jurídica com o objetivo de levantar recursos para suas operações de crédito.
Esse é um tipo de investimento bastante popular e sua rentabilidade segue o CDI. Atualmente, o valor mínimo investido em um CDB não precisa ser alto, sendo que em alguns casos é possível fazer investimentos a partir de R$ 1.
Por ser um título atrelado ao CDI, ele é pós-fixado. Ou seja, a sua rentabilidade apesar de ser considerada renda fixa, pois não terá rentabilidade negativa, acabará variando junto com o CDI.
Por exemplo, se você investir em um CDB com rentabilidade de 100% do CDI, e o CDI estiver com uma rentabilidade de 10% ao ano, o seu investimento vai render 10% ao ano. Entretanto, se o CDI cair para 7% ao ano, a rentabilidade do seu investimento também cairá.
Portanto, mesmo que ela não seja negativa é possível variar para cima ou para baixo seguindo o indicador e por isso esse tipo de investimento é conhecido como pós-fixado.
Existe, porém, o CDB pré-fixado, cuja rentabilidade não segue um indicador e é acordada entre investidor e banco no ato do investimento. Nesse caso não há variação alguma na taxa de investimento.
Um dos pontos interessantes é que o CDB possui uma cobertura do chamado FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Nesse caso, se por alguma ventura a instituição bancária vier a falir, o investidor é ressarcido em até R$ 250 mil por instituição.
LCI
A LCI é a sigla para Letra de Crédito Imobiliário, e ela também é emitida por uma instituição bancária. Entretanto, o dinheiro arrecadado precisa ser investido em alguma atividade de crédito no setor imobiliário.
Ou seja, ao investir em LCI, o dinheiro arrecadado pelo banco pode ser usado para fazer um empréstimo imobiliário, por exemplo. É essa operação que vai lastrear a emissão do título.
O LCI, assim como o CDB, também conta com a cobertura do FGC e pode ser pré-fixada, quando a taxa de juros já é acordada antecipadamente, ou pode ser pós-fixada e nesse caso ela é geralmente atrelada ao CDI.
Um fato interessante é que a rentabilidade do LCI em relação ao CDI é inferior ao CDB. Isso acontece porque esse é um investimento isento do Imposto de Renda.
LCA
A LCA é a sigla de Letra de Crédito do Agronegócio. Ela é muito parecida com a LCI, com a diferença de que o capital arrecadado com a emissão de títulos precisa ser usado para operação de crédito no setor agrícola.
Assim como a LCI, a LCA também possui cobertura do FGC e pode ter uma rentabilidade pré-fixada ou pós fixada amparada no CDI. Esse tipo de investimento também não possui incidência de Imposto de Renda.
Todo o capital arrecadado com a emissão de LCA é lastreado em operações de crédito para o agronegócio brasileiro. Ou seja, ao adquirir um título de LCA, o investidor está ajudando no desenvolvimento do agronegócio.
Debêntures
As debêntures são títulos de crédito que ao invés de serem emitidos por uma instituição bancária, são emitidos por empresas com a finalidade de angariar capital para financiar grandes projetos.
É comum que o prazo de vencimento de uma debênture seja mais longo do que outros produtos de renda fixa. E a rentabilidade delas pode ser pré-fixada ou pós-fixada. Nesse último caso, elas seguem o CDI.
A rentabilidade da debênture, assim como o CDB, também é tributada pela tabela regressiva do Imposto de Renda. Entretanto, há uma exceção à regra, que são as debêntures incentivadas.
O capital arrecadado com essas debêntures incentivadas são usados para captar recursos para a realização de grandes obras de infraestrutura no país, sendo elas isentas de tributos.
Vale destacar que tanto as debêntures normais quanto as debêntures incentivadas não possuem cobertura FGC, ficando o risco a cargo do próprio investidor.
CRI
CRI é a sigla para Certificado de Recebíveis Imobiliários que são títulos securitizados em renda fixa. Isso quer dizer que eles são lastreados em recebíveis do setor imobiliário, como um financiamento imobiliário por exemplo.
Para facilitar o entendimento, imagine a seguinte situação: uma construtora vende um apartamento financiado para um cliente. Entretanto, ela deseja antecipar esses recursos. Para isso é preciso empacotar os recebíveis em um CRI e vendê-lo no mercado.
Nesse caso, a dívida é transferida para um outro credor. Os juros pagos pela aquisição da dívida em muitos casos são pós-fixados atrelados ao CDI. Embora sejam isentos de Imposto de Renda, esse investimento não é coberto pelo FGC.
CRA
O CRA é a sigla para Certificado de Recebíveis do Agronegócio, e funciona de maneira similar ao CRI. Ou seja, são títulos securitizados de renda fixa, lastreados em recebíveis ligados ao agronegócio.
Nesse caso, um agricultor pode emitir um CRA para viabilizar uma determinada produção agrícola, e assim se compromete a pagar o valor principal acrescido de juros após um determinado período de tempo.
A taxa de juros do CRA também costuma ser pós-fixada e indexada ao CDI, e assim como o investimento em CRI, a rentabilidade não possui incidência de Imposto de Renda, mas por outro lado não conta com a cobertura do FGC.
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Fundos DI ou Fundos Simples
Por fim, os fundos DI, conhecidos também como fundos de renda fixa simples, são aqueles que precisam investir 95% do seu patrimônio em títulos públicos federais, títulos de renda fixa emitidos por bancos com classificação de risco igual aos títulos públicos, ou operações compromissadas lastreadas nesses papéis ou títulos públicos.
A meta de um fundo DI é conseguir acompanhar o desempenho da taxa do CDI, não havendo uma cobrança de taxa de performance quando essa rentabilidade for maior. A única cobrança do fundo é a taxa de administração.
Esse tipo de fundo só pode usar derivativo com o intuito de criar uma proteção da carteira contra perdas e volatilidade, não sendo permitido investimentos no exterior.
Qual a importância do CDI para o sistema financeiro?
O CDI possui uma grande importância para o sistema financeiro, pois ele de certa forma acaba desenvolvendo o mercado de crédito do Brasil.
Como um banco não pode fechar o seu fluxo de caixa no negativo de acordo com a regra da Basileia, cria-se assim uma certa solidez, evitando que um banco venha a falir pegando todos desprevenidos.
Até porque, quando um banco começa a fechar as suas operações constantemente no vermelho, ele terá que tomar empréstimos de outros bancos com mais frequência, elevando assim a taxa de juros cobradas pelas outras instituições para ele. Isso ligará o sinal de alerta do Banco Central.
Portanto, o CDI ajuda não só a operacionalizar os empréstimos interbancários, como também a criar um sistema financeiro mais sólido.
Além disso, conforme vimos, ele serve de base para que as instituições bancárias possam emitir títulos para pessoas físicas e jurídicas com base em uma determinada taxa de juros.
Os títulos públicos federais costumam seguir o CDI?
Os títulos da dívida pública são um dos poucos papéis de renda fixa que não costumam seguir o CDI. Eles são emitidos diretamente pelo Tesouro Nacional contra uma pessoa física.
Nesse caso, o investidor está emprestando dinheiro diretamente para o governo que pode usar o valor para obras de educação, saúde, infraestrutura etc.
Os juros pagos em um título público federal podem ser pré-fixados quando são acordados no ato do investimento ou pós-fixados quando seguem um índice.
Os dois índices mais usados para amparar a rentabilidade dos títulos públicos federais são a taxa Selic e o IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Amplo) que mede a inflação do Brasil.
Embora os títulos públicos não sejam assegurados pelo FGC, eles possuem a garantia de pagamento do próprio governo federal, e podem ser negociados antes do seu vencimento no mercado secundário.
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O CDI pode variar em sentido oposto à Selic?
O CDI, como vimos, tem a sua rentabilidade amparada na taxa DI que é uma média diária dos depósitos feitos entre as instituições bancárias em um período diário.
O que determina o percentual desses empréstimos é comumente a taxa Selic. Ou seja, os bancos usam a taxa Selic como referencial para determinar o percentual do empréstimo.
Contudo, ele pode variar de acordo com o risco da operação, a capacidade financeira de pagamento da outra instituição bancária e por aí vai.
Por isso, a taxa DI não costuma ser totalmente igual à taxa Selic, mas dificilmente ela caminhará em um sentido oposto, pois não há basicamente riscos extras na operação.
Isso quer dizer que se a taxa Selic está caindo, a taxa DI também vai acompanhar essa queda, e consequentemente o CDI. Como resultado, todo o mercado de renda fixa baseado no CDI também vai experimentar a queda.
Então, diante de uma economia normalizada, sem nenhum fator extremamente atípico, o CDI não vai variar em sentido oposto à Selic em hipótese alguma.
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CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário, sendo ele um título emitido de um banco contra outro para empréstimos com prazo de duração de aproximadamente um dia para que o fluxo de caixa da instituição não feche no vermelho.
A rentabilidade de 100% do CDI, significa que aquele determinado título está com uma rentabilidade exatamente igual ao valor do CDI. Essa rentabilidade é atualizada diariamente, e a somatória de todos os dias úteis chega na rentabilidade mensal.
Sob a ótica do investidor, quanto maior for a rentabilidade do CDI, maior será a remuneração sobre o capital aplicado em um determinado ativo. Isso quer dizer que quanto maior ela for, melhor será para o investidor.
A rentabilidade do CDI costuma variar mês a mês de acordo com a variação da taxa DI. Normalmente, essa taxa de juros costuma seguir a taxa Selic que tem a sua variação amparada nas decisões do Copom.
Não. CDI é a sigla de Certificado de Depósito Interbancário que são títulos emitidos entre os próprios bancos, já o CDB é a sigla de Certificado de Depósito Bancário que são títulos emitidos de um banco contra uma pessoa física ou jurídica. Normalmente a rentabilidade do CDB costuma seguir o CDI.