Os investidores costumam escutar muitas siglas no dia a dia, e algumas podem passar despercebidas. Esse é o caso da IGP-M, que vez ou outra vemos ser elencadas pelos jornais.
Isso acontece porque o IGP-M tem ligação direta com preços dos produtos e serviços disponibilizados nas principais capitais do Brasil, e serve de parâmetro para que várias decisões sejam tomadas em caráter econômico, seja para pessoa física ou jurídica.
O que é IGP-M?
A sigla IGP-M significa Índice Geral de Preços de Mercado, e faz parte de uma série de índices que foram criados com o objetivo de medir a flutuação dos preços no Brasil. Esse índice é baseado em múltiplas atividades e etapas no processo de produção.
O IGP-M mede os valores atrelados a bens industriais, matérias-primas e, até mesmo, aos produtos que chegam para o consumidor final. Alguns exemplos de itens que são monitorados pelo Índice Geral de Preços de Mercado são: os combustíveis, os tijolos e o café.
Os cálculos do IGP-M são usados como indicadores do nível de atividade econômica. Desse modo, abarcam:
- Custos de materiais;
- Gastos com equipamentos e mão de obra;
- Gastos com alimentação, transporte e recreação.
A análise desses dados é realizada sob a perspectiva tanto dos produtores quanto dos consumidores.
Como o IGP-M é medido e calculado?
O cálculo do IGP-M é realizado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), levando em consideração a variação de preços de diversos itens, sendo alguns deles:
- Produtos do meio agrícola;
- Serviços de transporte;
- Produtos alimentícios;
- Itens de vestuário, entre outros.
Dessa maneira, o índice geral irá acompanhar as altas e quedas de preços, de acordo com determinados períodos. Nesse sentido, os períodos podem ser relativos a meses e anos.
Existem 3 principais índices de preços que são usados para criar uma análise IGP de mercado. São eles:
- IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo): que corresponde a 60% do cálculo;
- IPC (Índice de Preços ao Consumidor): que corresponde a 30% do cálculo;
- INCC (Índice Nacional de Custo da Construção): que corresponde aos 10% finais.
Componentes do IGP-M
IPA-M
Com data de criação no ano de 1947, o IPA é um índice de preços ao produtor amplo, título definido no ano de 2010.
Assim, tem como objetivo registrar variações de preços dos produtos advindos da atividade agropecuária e industrial, identificando a comercialização que ocorre antes que o produto seja vendido para o consumidor final.
A responsabilidade de calcular o IPA-M é da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
IPC-M
O índice IPC-M é utilizado para medir o poder de compra dos consumidores. Assim como o IPA, é calculado pela FGV.
Seu cálculo leva em consideração a variação de preços de bens e serviços, que são parte do dia a dia de muitas famílias com renda média mensal de 1 a 33 salários mínimos.
Para que o IPC seja calculado, é realizada uma pesquisa de preços nas principais capitais do Brasil. São elas:
- Brasília e Belo Horizonte
- Porto Alegre e Recife;
- Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo.
Todos os bens e serviços que fazem parte da amostra de IPC são classificados em oito classes de despesa, 25 subgrupos, 85 itens e 338 subitens. Dessa forma, as classes de despesa analisadas são: alimentação, habitação, vestuário, saúde e cuidados pessoais, educação, leitura e recreação, transportes, despesas diversas e comunicação.
Além disso, o sistema de apuração do IPC ainda mede índices de preços relacionados ao público da terceira idade (IPC-3i). Nessa modalidade, são avaliados preços de produtos utilizados por grupos familiares com integrantes com mais de 60 anos.
INCC-M
Assim como o IPA e o IPC, o INCC-M também tem seu cálculo realizado pela Fundação Getúlio Vargas, e seus resultados divulgados de forma mensal.
O INCC mede a inflação dos materiais, serviços e mão de obra relacionados ao setor de construção civil, e foi precursor nessa área. Ao ser criado em 1950, inicialmente limitou-se à cidade do Rio de Janeiro.
Atualmente, o INCC acompanha a elevação de preço da construção civil, com base nas sete capitais em que são colhidos os dados de cálculo do IPC.
Devido às inovações técnicas, de materiais e ferramentas, o INCC está em constante atualização e busca acompanhar fielmente a realidade da área de construção no Brasil.
Como o IGP-M é utilizado na economia?
Em relação à economia, o IGP-M funciona como um indicador macroeconômico, que não está apenas focado no consumidor final. Nesse sentido, se mostra muito abrangente, sendo utilizado pela indústria e investidores como um termômetro econômico nacional.
Assim, quando os índices de inflação sobem, as coisas se tornam mais caras e, como consequência desse encarecimento de produtos e serviços, existe uma desvalorização do dinheiro. Isso porque o salário não sofre ajustes mensais, e é incapaz de acompanhar os períodos inflacionados.
Reajustes de aluguéis
Como o Índice IGP acompanha as altas e quedas dos preços no mercado, é o parâmetro utilizado para definir a atualização de preços dos aluguéis, reajuste válido tanto para os locadores quanto para os locatários.
O reajuste de aluguéis segue a tabela de valor do IGP-M, feita pela Fundação Getúlio Vargas, e refere-se à análise de dados do ano anterior, podendo ser realizada uma vez ao ano.
Em suma, a inflação do aluguel diz respeito à redução do poder de compra, sofrido pelos consumidores a cada ano, já que o salário mínimo não consegue acompanhar o aumento dos preços de produtos e serviços.
Demais correções
Outros setores afetados por reajustes e demais correções, dizem respeito às tarifas cobradas por setores públicos (fornecimento de água e energia elétrica), mensalidade de planos de saúde e escolares, valores de contratação de planos de seguro de vida.
Efeito do IGP-M nos investimentos
O Índice IGP-M está intimamente atrelado a vários investimentos, assim pode influenciar os investimentos de renda fixa, os resultados obtidos por empresas listadas na bolsa de valores e fundos imobiliários.
Veja nos tópicos abaixo, de que forma o IGP de mercado influencia esses ativos e investimentos de forma geral!
Efeito do IGP-M na renda fixa
O índice IGP faz parte da remuneração de vários investimentos de renda fixa, também conhecidos como pós-fixados, com a finalidade de acompanhar a inflação, mantendo o poder de compra dos investidores.
Efeito do IGP-M no resultado de Fundos Imobiliários
Reajustes nos valores de aluguéis não são realizados apenas em relação à pessoa física, mas também nos contratos de fundos imobiliários e para empresas.
Assim, tanto fundos de tijolos quanto imobiliários de papel são afetados pela variação de IGP-M, já que esse tipo de fundo conta com papéis de dívida como CRIs, ao invés de imóveis.
Os CRIs costumam estar indexados a diversos índices. Assim, é provável que os FIIs de papel tenham CRIs atrelados aos efeitos do IGP-M, situação que influenciará tanto os resultados quanto as distribuições desses fundos.
LEIA MAIS: Acesse gratuitamente o relatório com 5 FIIs recomendados pelo analista Caio Araujo, da Empiricus Research.
Efeito do IGP-M no resultado de empresas
No Brasil, o IGP-M afeta empresas de capital aberto, principalmente aquelas do setor elétrico, e os resultados podem ser vistos nos canais públicos de divulgação das mesmas.
Assim, ainda a respeito das empresas de transmissão de energia, existe a realização de leilões públicos para a arrecadação de verba para a construção e operação de novas linhas de transmissão.
Desse modo, nos casos em que a empresa é vencedora do leilão, ela passa a ter direito de receber uma renda extra anualmente corrigida pela inflação (na maioria dos casos pelo IGP-M).
O nome desse tipo de verba é Receita Anual Permitida, também conhecida como RAP. Nesse sentido, sempre que o IGP de mercado estiver baixo, a companhia receberá um valor de reajuste menor na RAP.
Em outras palavras, o índice influencia diretamente vários produtos do mercado de investimento, tanto na renda fixa quanto na variável, e por isso deve ser objeto de análise dos investidores.
Outros índices de inflação
No geral, existem diversos tipos de índices que calculam a inflação, além do IGP-M. Isso é muito importante, já que quanto maior o número de índices, maiores as chances de retratar os preços de produtos e serviços em diferentes regiões.
Sob esse ponto de vista, é possível calcular o valor da inflação em elementos como a cesta básica, em materiais de construção civil e demais serviços ofertados em lugares alternativos.
Em suma, as métricas obtidas garantem o reajuste de salários, contratos, aluguéis e muito mais.
Conheça os principais medidores de variação de preços nos tópicos abaixo!
IPCA
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ou IPCA é um medidor da variação dos preços que o mercado oferece para o consumidor final. Em outras palavras, funciona como um termômetro que irá avaliar as perdas relacionadas ao poder de compra dessas pessoas.
O órgão responsável por realizar tal análise é o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
IGP-DI
A partir da análise de 3 índices, sendo eles o IPA, IPC e INCC, o IGP-DI ou Índice Geral de Preços com Disponibilidade Interna, é responsável por calcular a movimentação dos preços, e por consequência, a inflação dentro do país. Tal cálculo é realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia, que faz parte da FGV (FGV Ibre)
INPC
Por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), é realizada a correção do poder de compra do salário dos trabalhadores. Assim, mensura as variações do preço dos alimentos que compõem a cesta de consumo da população que tem acesso a um baixo rendimento mensal.
INCC
Um dos índices relacionados ao cálculo do IGP de mercado, o INCC é responsável por calcular mensalmente os custos da construção civil. Sua composição corresponde a 10% do cálculo do IGP de mercado, que é realizado pela Fundação Getúlio Vargas.
CUB
A sigla CUB corresponde ao Custo Unitário Básico, indicador que tem como objetivo estimar o custo de um projeto na área da construção civil. Seu principal foco é a incorporação imobiliária, por isso, serve como base para determinar o custo de um imóvel.