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Vale (VALE3): resultado do 3T22 é fraco, mas empresa é capaz de ‘aguentar desaforo’; análise

Ebitda ajustado da companhia cai 43% frente ao 3T21, mas forte geração de caixa e histórico de dividendos respaldam mineradora

Por Fernando Ferrer

28 out 2022, 10:30 - atualizado em 28 out 2022, 13:50

A Vale (VALE3) divulgou nesta quinta-feira (28) seus resultados operacionais referentes ao terceiro trimestre de 2022 (3T22). Apesar dos bons dados de produção e vendas divulgados na semana passada, os números do balanço frustraram as expectativas do mercado. 

No trimestre, a mineradora reportou Ebitda ajustado de US$ 4,0 bilhões, 28% abaixo do trimestre anterior, refletindo principalmente a queda nos preços do minério de ferro e do níquel. Na comparação anual, quando o minério estava acima dos U$ 120, a queda foi ainda mais significativa, de 43%. 

Por área de negócios, o Ebitda ajustado de minerais ferrosos, principal frente da atuação da Vale, foi de US$ 3,8 bilhões (-27% vs 2T22). Apesar do volume vendido ter sido superior ao do último trimestre, o preço médio foi cerca de US$ 30 inferior, impactando negativamente o resultado. Além disso, os custos de frete marítimo também contribuíram para piorar o lucro operacional ao atingir US$ 22 por tonelada (+US$ 1 por tonelada vs 2T22). 

Já em metais básicos, área de negócios que o mercado nutre grande expectativa de crescimento, também desapontou. O Ebitda ajustado atingiu US$ 364 milhões no período, -40% inferior ao número reportado no 2T22. Tanto o cobre como o níquel apresentaram volume de vendas acima do trimestre anterior. Contudo, o níquel teve sua performance prejudicada também em função do menor preço médio, puxando o resultado do segmento para baixo. 

VALE3 ainda vale a pena para o investidor?

O destaque positivo do resultado foi o fluxo de caixa livre das operações, que cresceu US$ 1 bilhão e atingiu US$ 2,3 bilhões no 2T22. A evolução significativa é explicada por uma melhora no capital de giro via contas a receber e pelo imposto de renda sazonalmente mais alto pago no 1T22. Vale destacar também a boa conversão de caixa, equivalente a 54% do Ebitda ajustado. 

Apesar do resultado aquém do esperado, a Vale é uma empresa com forte geração de caixa — característica ainda mais valorizada no mercado atual, historicamente uma boa pagadora de dividendos e com potencial de entregar um dividend yield (DY) superior a 10% em 2023. Somado a isto, a empresa ainda negocia a 5 vezes os seus lucros projetados para o ano que vem, um desconto de 24% em relação a sua média dos últimos 5 anos.

Portanto, embora tenha entregado um resultado fraco, seguimos com sugestão de compra de Vale (VALE3) na série As Melhores Ações da Bolsa.

Confira a análise completa de Fernando Ferrer:

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.