O Bradesco (BBDC4) divulgou na terça-feira (8), após o fechamento do mercado, seus números do 3T22, que frustraram as expectativas.
O resultado negativo da tesouraria, aliado ao aumento expressivo da inadimplência, prejudicaram sensivelmente a linha final do resultado.
A carteira de crédito cresceu 3% contra o trimestre anterior, atingindo R$ 879 bilhões, com expansão em quase todas as linhas, mas com destaque para cartão de crédito (+4%) e crédito rural à pessoa física (+15%). A margem com clientes (receita de juros líquida do custo de captação), por sua vez, cresceu em linha com a carteira de crédito (+3%), para R$ 17,5 bilhões, com spread médio de 10,1% (melhora de 0,1p.p.), em função do menor custo de captação.
Já a margem com o mercado, um dos destaques negativos do trimestre, foi um prejuízo de R$ 1,2 bilhão, aprofundando a perda do trimestre anterior e refletindo os desafios impostos pela marcação a mercado da Selic mais alta – esse efeito também foi observado no Santander Brasil. Com isso, a margem financeira total do Bradesco, incluindo clientes e mercado, foi de R$ 16,2 bilhões, queda trimestral de 0,5%.
Inadimplência atinge 4% da carteira de crédito total
A inadimplência, outro destaque negativo, teve um aumento expressivo: o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias cresceu 0,4 p.p. trimestralmente, atingindo 3,9% da carteira de crédito total. O aumento foi puxado pelas categorias de pessoa física (+0,3 p.p.) e de pequenas e médias empresas (+0,6 p.p.). Com isso, a companhia provisionou R$ 7,2 bilhões para perdas de crédito no trimestre, despesa 37% maior que a do trimestre anterior. Isso gerou uma queda de 18% na margem financeira líquida (após inadimplência), que totalizou R$ 9,0 bilhões.
As demais linhas de negócio, apesar de não terem sido tão ruins, também deixaram a desejar. A receita de prestação de serviços caiu 1%, para R$ 8,9 bilhões, impactada pela administração de consórcios (-23%) e pelas tarifas de operações de crédito (-9%). O resultado da operação de seguros, por sua vez, caiu 6%, para R$ 3,5 bilhões, sentindo o impacto da deflação do IPCA sobre o resultado financeiro da operação.
As despesas de pessoal e administrativas cresceram 8% trimestralmente, fruto do acordo coletivo que reajustou os salários em 8% a partir de setembro.
BBDC4: pico da inadimplência ainda pode demorar a chegar
Com tudo isso, o Bradesco entregou um lucro líquido recorrente de R$ 5,2 bilhões, queda de 26% contra o trimestre anterior, e com um retorno sobre patrimônio líquido de 13,0%, 5,1 p.p. menor sequencialmente.
Ainda, o Bradesco revisou seu guidance de inadimplência para o ano fechado, sinalizando que a despesa de provisão será 39% maior que o estimado anteriormente. Ao que tudo indica, a piora sistêmica no ciclo de crédito tem impactado BBDC4 mais intensamente que seus pares – e, com o banco ainda crescendo as modalidades mais arriscadas de forma acelerada, perguntamo-nos quando será o pico de inadimplência, que pode demorar mais um pouco para chegar.
Dentre os grandes bancos brasileiros, reiteramos nossa preferência por Itaú Unibanco (ITUB4), que divulga seu resultado amanhã.