A Alupar (ALUP11) divulgou, ontem à noite, seus resultados referentes ao 3T22. Os números vieram sem grandes novidades e levemente acima do esperado.
A receita líquida regulatória registrada no 3T22 foi de R$ 757 milhões, um crescimento de 5,9% em relação a 2021, em que R$ 607 milhões foram provenientes da transmissão de energia (+21,9% vs 2021) e R$ 162 milhões da geração (-22% vs 2021).
No gráfico abaixo, podemos observar a clara evolução da companhia nos últimos dez anos, fruto principalmente de sua experiência na identificação, desenvolvimento e execução de projetos de infraestrutura relacionados ao setor energético, contribuindo para que a companhia seja diligente em leilões menos atrativos e atue de forma mais enfática naqueles que oferecem um nível atrativo de retorno.
Em relação ao Ebitda, a Alupar consolidou o 3T22 com R$ 628 milhões (+10,3% vs 2021) e com uma boa margem Ebitda de 74,6%, ou 2,7 pontos percentuais inferior ao mesmo período do ano passado.
Na última linha do balanço, a companhia registrou um lucro líquido regulatório de R$ 146,5 milhões (+97% vs 2022), aumentando o montante que pode ser distribuído aos acionistas em forma de proventos.
Os dois fatores que mais contribuíram para o crescimento do lucro foram a menor alíquota de imposto de renda (11,7%) e a melhora substancial no resultado financeiro (graças ao menor endividamento no período).
Alavancagem financeira da empresa é controlada e deve continuar caindo
Por falar no endividamento, a empresa possui uma alavancagem financeira controlada para o setor, de 3,4 vezes dívida líquida/Ebitda. Esse indicador vem caindo desde 2020. Ainda, a projeção para este ano é que a alavancagem continue reduzindo, dado que importantes projetos entraram em operação no 4T21 e nos primeiros meses de 2022, reduzindo a necessidade de investimento. Além disso, 35% dos vencimentos ocorrerão apenas após 2027, um cronograma de amortização bastante saudável.
Apesar de ser um setor que exige grandes investimentos em capital para o desenvolvimento dos projetos (R$ 938 milhões em 2021), uma vez que esses projetos entram em operação, tornam-se fluxo de caixa positivo recorrente e previsível para a companhia.
Há alguns meses, a Alupar anunciou que enfim chegou a um acordo com todas as partes envolvidas para prosseguir no desenvolvimento da linha de transmissão TNE, que conectará as cidades de Manaus e Boa Vista (essa última, a única capital do país fora do sistema integrado).
Durante anos esse projeto permaneceu parado, devido a embates entre a companhia, regulador e órgãos ambientais como o IBAMA e a Funai. Com o final dessa disputa, volta para o pipeline da companhia um projeto com investimentos estimados em torno de R$ 2,8 bilhões e um RAP (receita anual permitida) de R$ 336 milhões (a valores de 2022).
Devido à demora no início das obras, a taxa interna de retorno esperada para o projeto está, atualmente, abaixo do que a companhia costuma praticar; o upside neste caso pode vir do processo de arbitragem aberto com regulador, para permitir uma extensão contratual sem novas contrapartidas de investimentos. Neste caso, a taxa interna de retorno seria mais próxima de 13%, em linha com o histórico.
ALUP11 já subiu 18% no ano e se destaca como boa pagadora de dividendos
Em 2022 e para os próximos anos, com a potencial desalavancagem e novos projetos gerando recursos, a companhia espera que o percentual do lucro líquido distribuído para os acionistas em forma de proventos (payout) continue crescendo.
Até o fechamento de ontem, as ações da Alupar subiam 18% no ano e o dividend yield anualizado projetado para 2023 é de 9,5%.
Alupar (ALUP11) é uma das nossas principais recomendações na série “Vacas Leiteiras”, um portfólio da Empiricus focado em ações pagadoras de dividendos.