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Itaúsa (ITSA4) divulga bons números no 3T22; vale a pena investir na holding que controla o Itaú (ITUB4)?

Cerca de 80% do lucro da holding vem do Itaú Unibanco; venda de ações da XP também ajudou nos números do 3T22

Por Larissa Quaresma, CFA

14 nov 2022, 14:07 - atualizado em 14 nov 2022, 16:16

Itaúsa (ITSA4)
Imagem: Itaúsa

Na sexta-feira (11), a Itaúsa (ITSA4) divulgou seus resultados do 3T22, que vieram acima da expectativa.

A boa performance se deve, principalmente, ao forte lucro de Itaú Unibanco, que representa cerca de 80% do lucro da holding.

O resultado recorrente das empresas investidas, já proporcionais à participação da Itaúsa, somou R$ 3,6 bilhões, crescimento anual de 28%.

Aqui, contribuíram favoravelmente os lucros do Itaú Unibanco (+17%), da XP Inc. (+30%) e da NTS, que reverteu um prejuízo em lucro em função da distribuição de proventos no período.

Esses crescimentos foram parcialmente compensados pelos resultados fracos de Dexco (-38%) e Alpargatas (-72%).

Clique aqui para relembrar nosso comentário sobre o resultado de Itaú, e aqui, o de Alpargatas.

Venda de ações da XP compensou despesas da holding

A linha final da Itaúsa, descontando as despesas de holding, despesas financeiras e outras despesas operacionais, foi beneficiada pelo ganho de capital na venda de ações da XP Inc. durante o trimestre. Em julho, o conglomerado vendeu ações da XP por R$ 669 milhões, o que gerou um ganho de capital de R$ 314 milhões no 3T22. Esse ganho compensou as demais despesas da holding; com isso, o lucro líquido consolidado foi também de R$ 3,6 bilhões (+51% anualmente), com retorno sobre patrimônio líquido de 20,5%.

A companhia gerou R$ 1,4 bilhão de caixa livre no trimestre. A geração é explicada pela emissão da debênture de R$ 3,5 bilhões, usada para liquidar o investimento de R$ 2,9 bilhões por 10% da CCR, além do recebimento de R$ 1,3 bilhão em dividendos das investidas.

Com a emissão da debênture, a dívida líquida foi para R$ 5,8 bilhões (vs. R$ 3,5 bilhões no 2T22), o que levou o índice dívida líquida / ativos totais para 7% (vs. 5% no 2T22).

A companhia ressaltou que sua participação remanescente na XP (6,4% detidos diretamente, correspondentes a R$ 5,9 bilhões na data de fechamento do balanço) é uma importante fonte de liquidez e redução de alavancagem. Sendo assim, é provável haver mais vendas no curto prazo – na nossa opinião, a intenção da Itaúsa é zerar essa participação direta (ainda há 3,95% adicionais detidos indiretamente via Itaú Unibanco).

Recomendação para ITSA4 é neutra

Apesar do bom resultado e da perspectiva de desalavancagem financeira, mantemos nossa recomendação neutra em ITSA4: nem comprados, nem vendidos.

O Itaú, na nossa opinião o melhor investimento do conglomerado, representa uma parcela cada vez menor dos resultados (hoje, 80%, no passado, 95%), sendo que os demais negócios adicionados ao longo do tempo (principalmente Alpargatas, Dexco e CCR) nos deixam com dúvidas sobre o valor adicional gerado para a holding.

Confira a análise completa de Larissa Quaresma:

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.