Mercado em 5 minutos

MERCADO EM 5 MINUTOS: Que os jogos comecem

“Lá fora, os mercados asiáticos fecharam em baixa nesta segunda-feira (21), apesar das indicações amplamente positivas dos mercados globais na sexta-feira […]”

Por Matheus Spiess

21 nov 2022, 08:37 - atualizado em 21 nov 2022, 08:37

Bola da Copa do Mundo no Qatar 2022
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. 

Lá fora, os mercados asiáticos fecharam em baixa nesta segunda-feira (21), apesar das indicações amplamente positivas dos mercados globais na sexta-feira, com os investidores reagindo ao novo surto de Covid-19 e às restrições na China com um bloqueio em Guangzhou. Não ajudou em nada os dados de exportação sul-coreanos terem caído novamente nos primeiros 20 dias de novembro (as exportações para a China e as exportações de chips foram fracas).  

Os mercados europeus também não começaram bem a semana, assim como os futuros americanos, em meio à ansiedade sobre os planos do Federal Reserve de mais aumentos nas taxas de juros para esfriar a inflação (teremos nos próximos dias a ata da última reunião do FOMC). A semana é mais curta no ambiente internacional, com feriado nos EUA. A Copa do Mundo e a gradual aproximação do final do ano também podem ser vetores de alteração do comportamento dos mercados. 

A ver… 

· 00:46 — Seria melhor ir ver mais jogos da Copa 

Por aqui, enquanto o ainda presidente Bolsonaro completou três semanas sem atuação (se fosse na iniciativa privada, a falta sem a devida justificativa já seria o suficiente para a boa e velha justa causa), os investidores se atentam ao que a equipe de transição tem feito, bem como o que tem passado na cabeça de Lula — ao que tudo indica, Fernando Haddad voltou da COP27 como favorito para assumir a pasta da Fazenda, o que não agradaria o mercado (Pérsio Arida ainda teria chance, o que seria melhor). Enquanto não sabermos quem comandará a economia, a volatilidade continuará. 

Além do nome para a Fazenda, precisamos discutir também a própria PEC da Transição e a próxima regra fiscal — Alckmin vem tentando tranquilizar o mercado, garantindo responsabilidade, superávit e redução da dívida, mas palavras já não bastam (a vitória de Ilan Goldfajn à presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento é vista como uma vitória da ala moderada do governo eleito, o que aprimora o cenário). Novidades são aguardadas nesta semana, assim como alguns indicadores, como a prévia da inflação oficial de novembro, o IPCA-15. 

· 01:41 — Se preparando para o Dia de Ação de Graças 

Nos EUA, a semana é mais curta por conta do feriado do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira, o que reduz o nível de liquidez global. Antes disso, podemos acompanhar a apresentação na quarta-feira da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), que poderá desenhar melhor as intenções da autoridade monetária americana para a taxa de juros. 

Na semana passada, uma queda muito maior do que a esperada na leitura dos principais indicadores econômicos dos EUA acabou pesando no sentimento dos investidores, bem como algumas falas ainda contracionistas de membros do Fed, que voltaram a desafiar as apostas num relaxamento do aperto dos juros (foi o caso de James Bullard e Neel Kashkari). O humor não melhorou da semana passada para cá. 

· 02:20 — Mais Covid 

Os mercados asiáticos ficaram abalados com as evidências de novas restrições de política zero-COVID na China — há relatos de mais bloqueios e mais mortes (neste domingo, a primeira morte pela doença em quase seis meses foi anunciada). É improvável que o caminho para acabar com a política chinesa seja tranquilo e, muito provavelmente, só teremos uma sinalização mais clara no terceiro trimestre de 2022. 

Agora, o distrito mais populoso de Pequim pediu aos residentes que fiquem em casa na segunda-feira, à medida que o número de casos de COVID da cidade aumentou, enquanto pelo menos um distrito em Guangzhou ficará fechado por cinco dias. O dano econômico recai sobre o consumo doméstico se os consumidores economizarem mais como precaução contra a detenção relacionada ao Covid. 

· 03:02 — Triunvirato: o posicionamento do BCE, a inflação europeia e o petróleo 

Nesta semana, assim como nos EUA, o Banco Central Europeu (BCE) também divulgará sua ata sobre a última reunião de política monetária, devendo reforçar seu posicionamento agressivo sobre a alta dos preços. 

Por falar em inflação, os investidores digerem a alta dos preços ao produtor alemão em outubro, que foi mais fraca do que o esperado, com os preços caindo no mês (culta da queda dos preços da energia). 

O tema nos trás ao terceiro ponto: o petróleo pode passar por um episódio curioso nos próximos dias. Países do G7 se reúnem nesta semana e podem anunciar um preço teto ao petróleo russo, o que gera mais atrito geopolítico no mundo.  

· 04:10 — A Copa do Mundo começou 

A Copa do Mundo de 2022 começou no final de semana com a primeira partida sendo entre o Equador e o anfitrião Catar. Mais de um milhão de pessoas devem viajar para o Catar durante as próximas semanas, assistindo suas equipes disputarem o prêmio mais cobiçado do esporte mais popular do mundo. 

Destaque para anfitrião inusitado. O Catar, uma pequena nação do Oriente Médio com muito dinheiro, mas pouca tradição futebolística, recebeu da FIFA o papel de sede há mais de uma década, em uma decisão recheada de controvérsias e alegações de corrupção. 

No final, o Catar gastou o equivalente a US$ 220 bilhões (algumas estimativas chegam a US$ 300 bilhões) na Copa do Mundo (o segundo maior gasto foi o brasileiro, em US$ 15 bilhões, para vocês terem uma noção de tamanho). O Catar é a primeira nação árabe a sediar o torneio desde sua criação em 1930, devendo atrair agora os olhares do mundo todo e alterar, ainda que marginalmente, os comportamentos dos mercados. 

  

Um abraço, 

Matheus Spiess 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.