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Natura &Co (NTCO3) estuda vender fatia da Aesop; o que esperar do movimento?

Depois de anunciar que estudava um possível IPO ou spin-off da Aesop, Natura comunica que pode vender fatia minoritária da companhia; analista vê movimento como marginalmente positivo

Por Larissa Quaresma, CFA

30 nov 2022, 14:13 - atualizado em 30 nov 2022, 14:13

Depois de anunciar, no início deste mês, o potencial IPO ou spin-off da Aesop, a Natura &Co (NTCO3) anunciou hoje que estuda uma terceira possibilidade: a venda de uma fatia minoritária em uma transação privada.

Ainda, segundo notícias veiculadas na mídia, teriam interesse o fundo CVC Capital Partners, além das concorrentes L’Occitane e Shiseido. Enxergamos esse movimento como marginalmente positivo, embora não mude o jogo para a Natura &Co.

A venda privada de participação deve ser uma estrutura mais interessante para a geração de valor no médio prazo.

O mercado de capitais segue estressado pelo macro, desfavorecendo o valuation de listagem em um eventual IPO; e a venda completa em um spin-off excluiria a Aesop, a marca de melhor performance do grupo, do portfólio da companhia. Por outro lado, a venda privada parcial poderia ensejar melhores patamares de valuation, além de manter a exposição da companhia ao seu melhor negócio.

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Venda da Aesop pode ajudar a aliviar a dívida da Natura – mas não muito

A venda de participação pode ajudar, também, a diminuir a alavancagem da companhia, que está bem alta: a dívida líquida/EBITDA está em 4,2x – acima de 3,5x. A coisa já começa a ficar preocupante, principalmente com uma Selic de dois dígitos.

Assumindo que a companhia venda 10% da Aesop por R$ 900 milhões, estimamos que o índice de alavancagem poderia cair para 3,7x, gerando alguma economia em despesa de juros.

Sendo assim, vemos o movimento como marginalmente positivo: embora a potencial venda ajude na gestão de liquidez do grupo, a Aesop ainda é relativamente pequena no todo, representando 8% da receita líquida e 14% do EBITDA.

Como o turnaround da Avon, uma grande dúvida para nós, continua sendo o ponto mais relevante para a tese de investimentos da companhia, continuamos com uma visão neutra para NTCO3: nem comprados, nem vendidos.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.