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Itaúsa (ITSA4) anuncia recompra de R$ 1,9 bi em debêntures, mas deve pagar menos dividendos em 2023; veja a análise do Itaúsa Day

No Itaúsa Day, companhia reafirmou estratégia de diversificação do portfólio, busca mais ativa de oportunidades e participação maior na gestão das adquiridas

Por Larissa Quaresma, CFA

05 dez 2022, 10:26 - atualizado em 05 dez 2022, 10:26

Itaúsa (ITSA4)
Imagem: Itaúsa

Acompanhamos, na semana passada, o Panorama Itaúsa 2022, evento virtual realizado pela Itaúsa (ITSA4) para atualizar os investidores sobre sua estratégia de alocação de capital e perspectivas para os próximos anos.

Em termos de alocação de capital, a companhia reafirmou sua nova estratégia de gestão mais ativa: mais diversificação entre as investidas do portfólio, busca mais ativa de novas oportunidades, e participação maior na gestão das adquiridas.

Três grandes movimentos ao longo do último ano deixam clara a mudança de estratégia:

  1. A Alpargatas, em que a Itaúsa tem quase 30% de participação, realizou a compra da Rothy’s, empresa americana de calçados sustentáveis, por US$ 475 milhões. A Itaúsa aportou R$ 799 milhões no aumento de capital realizado pela Alpargatas para financiar essa transação, evidenciando uma participação maior na gestão. Em nossa visão, a falta de visibilidade sobre a futura geração de caixa da Rothy’s — que ainda gera Ebitda negativo — se traduziu em um investimento caro para a Itaúsa.
  2. A Itaúsa comprou 10% da CCR por R$ 2,9 bilhões. O investimento também conversa com a estratégia de diversificação da holding, que ganhou exposição ao setor de concessões de rodovias, aeroportos e mobilidade urbana. 
  3. No processo de cisão da participação do Itaú na XP, a Itaúsa recebeu diretamente 14% das ações da corretora. Após isso, contudo, a holding vem reduzindo essa participação, que atingiu 6% detidos diretamente. Em função da posição grande em Itaú (37%), a Itaúsa visa diversificar seu portfólio com empresas não financeiras, o que vemos como adequado.

Olhando à frente, a maior parte das investidas encara uma fase de investimentos. O Itaú, o mais representativo do portfólio, está no processo de transformação digital e lançando novos produtos.

A Alpargatas, por sua vez, investe na expansão internacional e na capacidade industrial. A Aegea, de saneamento básico, mira novas concessões. A CCR, por sua vez, está para iniciar a operação de novas concessões, com investimentos superiores a R$ 30 bilhões nos próximos anos.

A exceção fica com Dexco, cuja fábrica de celulose solúvel já deve começar a gerar receita no próximo ano. Como resultado dessa fase, as investidas devem distribuir menos dividendos à holding em 2023.

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ITSA4 anuncia recompra de R$ 1,9 bi em debêntures

No nível da holding, a prioridade para o próximo ano é a redução da sua alavancagem. Para tal, a Itaúsa pretende usar os recursos de mais vendas de participação na XP, que deve ser zerada gradativamente, e parte do fluxo de dividendos das investidas. Inclusive, após o evento, a companhia anunciou a recompra de R$ 1,9 bilhão em debêntures, utilizando os recursos da última venda de XP. 

A fase de investimentos das empresas do portfólio, somada à prioridade em redução de alavancagem da holding, devem fazer com que ITSA4 pague menos dividendos aos seus acionistas em 2023.

Historicamente, o conglomerado distribuiu 40% do seu lucro em dividendos ou JSCP; hoje, esse percentual está mais baixo, e deve continuar assim no próximo ano. Exatamente por isso, reafirmamos nossa preferência por Itaú no curto prazo, que deve ter um payout maior e um modelo de negócios mais defensivo para um momento de desaceleração econômica (quando comparado às demais investidas do conglomerado, principalmente Alpargatas e XP).

O plano da holding é terminar seu processo de desalavancagem em 2023, para, provavelmente, voltar a transmitir mais dividendos em 2024. Continuaremos a acompanhar a história de perto.

Sobre o autor

Larissa Quaresma, CFA

Analista de Ações focada em Bancos e Instituições Financeiras, integra a equipe da Carteira Empiricus, o portfólio multimercado da casa. Mais de 5 anos de experiência em análise de empresas, com passagens pela Núcleo Capital e pelo Credit Suisse. Administradora formada pelo Ibmec-MG, com certificações CFA, CNPI e CGA.