Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos fecharam em alta nesta segunda-feira, acompanhando as indicações amplamente positivas dos mercados globais na sexta-feira, com a inflação dos preços ao consumidor e os dados de sentimento do consumidor dos EUA aumentando as esperanças de que o Fed reduza seu ritmo de alta de juros nos próximos meses. Notadamente, o mercado internacional pode voltar a experimentar “bull market rallies”, uma vez que ainda não se discute com profundidade a recessão.
O mesmo bom humor, entretanto, não é verificado nos mercados europeus e nos futuros americanos, que caem nesta manhã. Nos EUA, a semana é mais curta por conta de um feriado. Por lá, a agenda econômica (teremos Livro Bege do Fed e inflação ao produtor) e a temporada de resultados dominam as mesas de debates dos investidores. No Brasil, ainda acompanhamos a questão envolvendo as Lojas Americanas e os eventos políticos, com atenção especial ao Fórum de Davos.
A ver…
· 00:46 — O que Haddad falará em Davos?
Por aqui, os investidores ainda debatem entre si quais serão as consequências da tragédia chamada Lojas Americanas em outros setores, com atenção especial para o impacto nos bancos, representativos no interior do Ibovespa em termos de peso. No final de semana, alguns players entraram em cena para impedir uma catástrofe.
Enquanto isso, acompanhamos a ida de Fernando Haddad e de Marina Silva ao Fórum Econômico Mundial, em Davos. A ideia é a de defender a agenda econômica do governo, apresentar a iniciativa para zerar o déficit até 2024 e indicar comprometimento brasileiro com a agenda de sustentabilidade, no combate à mudança climática.
· 01:17 — Semana mais curta
Os mercados americanos entram em feriado hoje com o dia de Martin Luther King; ainda assim, a semana segue sendo importante, com inúmeras falas de autoridades monetárias que antecedem o encontro do Fed entre o dia 31 de janeiro a 1º de fevereiro, o qual poderá seguir reduzindo o ritmo de aperto monetário.
Além da questão monetária, também acompanhamos a temporada de resultados, a qual se aprofundará nos próximos dias com nomes como Goldman Sachs, Netflix e Procter & Gamble. Por fim, há quem esteja acompanhando a saga do teto da dívida americana, que pode ser atingido em 19 de janeiro (pode provocar estresse na curva).
· 02:48 — O Grande Fórum
Os investidores começam a acompanhar hoje o início do Fórum Econômico Mundial, em Davos. O evento é tido como um dos mais relevantes em nível global para o alinhamento econômico entre os países e empresas dos mais diferentes setores. Com isso, teremos muitos líderes falando nos próximos dias.
No caso do Brasil, sinalizações de compromisso fiscal por parte de Haddad serão importantes para o investidor local, ainda que seja pouco provável que tenhamos alguma novidade que já não tenha sido apresentada nos últimos dias. Além dele, Marina Silva tentará recolocar o Brasil no debate climático, agenda que poderá atrair capital.
· 03:18 — Entre a inflação alemã e a política monetária britânica
Na Europa, a inflação dos preços no atacado na Alemanha em dezembro caiu 1,6% no mês, a maior queda mensal desde a crise financeira global de 2008. No ano, a taxa de inflação também desacelerou, mesmo que ainda siga em dois dígitos. Uma continuidade do processo de desaceleração inflacionária abrirá espaço para que o BCE não seja tão agressivo em sua postura para controlar os preços.
Além do vetor alemão, central para a Zona do Euro, também acompanhamos as novidades britânicas. Há alguns membros da autoridade monetária do Reino Unido que devem falar ao longo da semana, inclusive no Fórum de Davos. Os temas devem estar relacionados com a inflação, atividade econômica, a separação entre a União Europeia e o Reino Unido, que não tem fim, e a estabilidade financeira, importante depois dos erros da ex-premiê Liz Truss.
· 04:11 — Ainda tentamos esquecer 2022
Entremos 2023 depois das ações terem saído de seu pior ano desde 2008 devido aos investidores terem julgado mal o quão alta a inflação iria subir e até onde as autoridades monetárias iriam para trazê-la de volta. No ano, as ações globais perderam um recorde de US$ 18 trilhões em 2022 em meio a quase 300 aumentos nas taxas de juros de bancos centrais em todo o mundo.
Empresas de tecnologia de alto crescimento, que obtiveram um impulso de uma era de baixas taxas de juros, foram as mais abaladas no que alguns chamam de sequência do estouro da bolha pontocom em 2000-01. A Nasdaq, pesada em tecnologia, registrou quatro trimestres negativos consecutivos pela primeira vez desde o crash. Ao mesmo tempo, o setor de energia disparou 59% no ano passado, graças ao aumento dos preços do petróleo.
Outro ano de baixa, porém, seria extremamente raro; afinal, o S&P caiu por dois anos consecutivos em apenas quatro instâncias desde 1928. Neste contexto, muitos investidores já estão começando a se posicionar para uma recuperação. Pode ainda ser cedo, uma vez que não precificamos por inteiro o risco de recessão global.
Um abraço,
Matheus Spiess
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