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Microsoft (MSFT34): depois de anunciar demissão em massa, empresa divulga números ‘mornos’ no 4T22; veja a análise

Ainda que resultado não tenha sido dos melhores, ações subiram no pregão noturno; confira os detalhes do balanço

Por Richard Carboni Camargo

25 jan 2023, 08:26 - atualizado em 25 jan 2023, 08:26

microsoft

A gigante Microsoft (Nasdaq: MSFT | B3: MSFT34) divulgou, na noite de terça-feira (24), seus resultados do quatro trimestre de 2022 (4T22).

Com todas as Big Techs tendo anunciado demissões de dezenas de milhares de empregados nas últimas semanas, algumas especulações rodavam o mercado, especialmente se os resultados das maiores empresas do mundo confirmariam os receios de uma recessão americana em 2023.

No caso da Microsoft, sua receita somou US$ 52,75 bilhões, um crescimento modesto de apenas 2,3% frente ao ano passado. Entre os investidores, a expectativa era de receitas de US$ 52,94 bilhões.

Nos últimos meses, o mercado já havia revisado para baixo suas projeções sobre a companhia, embutindo uma desaceleração das receitas e contração do lucro por ação.

Em termos comparativos, o crescimento do 4T22 foi o trimestre mais fraco da Microsoft desde 2016.

Azure é destaque positivo da Microsoft

Entrando em detalhes positivos, mais uma vez, merece menção a divisão “Intelligent Cloud” que compila o Azure, o serviço de computação em nuvem, que cresceu 31% na comparação anual, além dos tradicionais SQL Server e Windows Server.

Apesar do crescimento ainda muito forte, a tendência é claramente de uma desaceleração. 

Com todas as pressões macroeconômicas que conhecemos, os executivos da Microsoft vinham comunicando ao mercado que seus clientes estão buscando “otimizar workloads”.

Em português claro, os clientes estão segurando investimentos, blindando seus orçamentos para um 2023 mais fraco. O que puder esperar, vai esperar.

Na linha “More Personal Computing”, que agrega as linhas de negócio de PCs e Xbox, a receita encolheu 19% contra o 4T21, totalizando US$ 14,2 bilhões. 

Os grandes vilões do segmento foram as vendas de PCs, que desaceleraram praticamente 40% na comparação anual.

Além da desaceleração no mercado de computadores, as receitas advindas do Xbox e seus serviços encolheram 12% na comparação anual. Faz tempo que essa linha de negócios não apresenta crescimento, apesar de todos os investimentos, especialmente as aquisições.

Linkedin apresenta crescimento significativo

Na linha “Productivity and Business Processes”, que compila as receitas com Office 365, do Linkedin e do Dynamics, as receitas totalizaram US$ 17 bilhões, crescimento de 7% contra o 4T21 e 14% em moeda constante.

O destaque do segmento foi mais uma vez o Linkedin, crescendo 10% na comparação anual, sobre uma base já forte. 

Interessante notar que, entre as redes sociais listadas, o Linkedin é a única que ainda apresenta taxas de crescimento de duplo dígito. Definitivamente essa é uma prova do quão agitado está o mercado de trabalho.

Em termos de rentabilidade, a receita operacional somou US$ 20,39 bilhões, uma queda de 8% na comparação com 2021.

O lucro por ação foi de US$ 2,2, uma queda de 11% ano contra ano, marginalmente acima do esperado pelo mercado.

No geral, a variação cambial exerceu um impacto de 7 pontos percentuais negativos nos números.

O fato da Microsoft ter crescido receitas, porém ter perdido margens é bastante sintomático do atual momento macroeconômico.

Mesmo com resultado morno, ações da Microsoft subiram no after-market

Como eu tentei resumir acima, o resultado operacional não foi dos melhores. Ainda sim, no pregão noturno, as ações sobem mais de 4%. A Microsoft domina como poucas empresas a arte de prometer menos do que é capaz de entregar.

Agora, precisamos aguardar o guidance da empresa, a ser comunicado na teleconferência com investidores. 

Apesar de ser uma das melhores empresas do mundo, Microsoft negocia a 25 vezes os lucros estimados para os próximos 12 meses, com algumas pressões contratadas em termos de custo e possivelmente demanda. Por esse motivo, estamos aguardando um melhor ponto de entrada para trazer suas ações de volta ao portfólio do Investidor Internacional.

Economista formado pela Universidade de São Paulo (FEA-USP), é analista de ações certificado pelo CNPI, especialista no setor de tecnologia, com foco em ações internacionais. Está na Empiricus há 5 anos, onde é responsável por relatórios nacionais e internacionais, como o MoneyBets Revolution, um portfólio de teses especulativas em segmentos como healthtech, energia sustentável, software e games. Antes da Empiricus, trabalhou por 5 anos no setor de tecnologia.