Na Bolsa de Valores há momentos de queda acentuada no preço das ações por conta de um pânico generalizado no mercado. Nessas ocasiões é acionado o circuit breaker.
A principal finalidade do circuit breaker é prevenir os investidores de uma queda muito abrupta em um único dia, pois quando acionado, a sessão é interrompida.
O que é o circuit breaker?
O circuit breaker é um mecanismo que pode ser acionado na Bolsa de Valores em momentos nos quais o volume de vendas é tão grande que pressiona o preço dos ativos muito para baixo, gerando enormes prejuízos para os investidores.
Assim sendo, o intuito do mecanismo é evitar esses prejuízos. Pois, normalmente ele é acionado em períodos de grandes turbulências como o início de uma guerra, uma pandemia, ou uma crise mundial anunciada.
Através de critérios pré-estabelecidos há uma paralisação do pregão por um tempo determinado. Na Bolsa de Valores (B3) de São Paulo, um dos critérios para o acionamento do mecanismo é a desvalorização do Ibovespa em 10% em relação ao fechamento anterior.
Como o circuit braker funciona?
Conforme dissemos, esse mecanismo funciona com critérios pré-estabelecidos. Dessa forma, se o Ibovespa atingir o limite de baixa de 10% em comparação ao dia anterior, as negociações são interrompidas por meia hora.
Logo que o pregão é reaberto, se as oscilações forem negativas de até 15%, então há uma nova interrupção, dessa vez por uma hora. Se na reabertura houver uma queda de 20% então há a suspensão dos negócios por prazo a ser definido pela Bolsa.
Nessa última hipótese, a decisão é comunicada ao mercado, no entanto, na última meia hora de pregão, as negociações acontecerão de toda forma.
- Quer investir em ações, mas não sabe quais são as melhores escolhas para o seu patrimônio? Acesse gratuitamente a carteira recomendada da Empiricus Investimentos clicando aqui.
Por que o circuit breaker existe?
Esse mecanismo é acionado a fim de rebalancear as ordens de compra e venda, visto que estão desequilibrados, com as vendas muito acima das compras.
Esse desequilíbrio acontece por conta de situações nas quais o mercado passa a ter pavor do que acontecerá no futuro e procura vender suas ações transferindo o capital para ativos mais seguros até a normalização da situação.
Por exemplo, no início da pandemia de Covid-19 houve um grande medo do que poderia acontecer com as empresas por conta das restrições impostas pelos governos.
Os investidores receosos, procuraram vender as suas participações para alocar o dinheiro em ativos de renda fixa até a normalização do cenário.
Isso vira um efeito dominó, ou seja, as pessoas vão vendendo, o preço vai caindo em um verdadeiro espiral, até que o mecanismo é acionado.
A ideia, portanto, é paralisar as atividades para evitar que mais negócios sejam feitos tomados pelo impulso ou medo que geralmente acontecem nessas situações.
Em quais ocasiões o mecanismo de circuit breaker foi acionado?
O primeiro circuit breaker aconteceu em 1997. Na época alguns países asiáticos passaram por uma grande crise financeira, levando a uma queda acentuada na bolsa de Hong Kong.
Entre o fim de outubro e início de novembro houveram três ocasiões de acionamento. Em 1998, um ano depois, a Rússia decretou moratória, colocando o mercado em alerta.
O acontecimento também refletiu na Bolsa de Valores de São Paulo, que teve cinco paralisações entre os meses de agosto e setembro.
Em 1999, o ano começou com grande tensão no Brasil com especulações sobre as mudanças no regime cambial.
Por conta dessa mudança, o Banco Central teve que negociar dólares no mercado futuro, resultando em queda do preço das ações, o que levou ao acionamento do mecanismo nos dias 13 e 14 de janeiro daquele ano.
Em 2008 o mundo sofreu com uma das maiores crises mundiais, conhecida como crise dos subprimes. Entre os meses de setembro e outubro o circuit breaker foi acionado seis vezes no Brasil.
Após um grande período de estabilidade, o mecanismo foi acionado novamente em 2017 quando um áudio entre Joesley Batista, dono da JBS, e o presidente Michel Temer foi divulgado.
Por fim, o último circuit breaker foi acionado em março de 2020 por conta da preocupação com o desenrolar da pandemia de Covid-19 que assolou o mundo.
O que acontece após um circuit breaker?
Por se tratar de ocasiões de grandes turbulências, o que se vê é que elas não duram para sempre e o tempo de crise varia muito de acordo com a intensidade da própria crise.
Geralmente, passado o período de sustos, os investidores voltam a sentir confiança no mercado, e começam novamente a dar início a uma onda compradora.
Pessoas com mais controle emocional se beneficiam de tempos de venda descontrolada de ações, uma vez que com foco no longo prazo aproveitam a queda para aumentar a sua participação em algumas companhias.
Entretanto, é preciso destacar que tal atitude é acompanhada de uma grande análise fundamentalista, uma vez que nem todas as empresas listadas na Bolsa saem fortalecidas depois de uma grande crise.