O Santander Brasil (SANB11) divulgou hoje, antes da abertura do mercado, seus números do 4T22, que vieram consideravelmente abaixo da expectativa.
O banco entregou um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão, queda trimestral de 47%. A perda de crédito relacionada a Americanas causou a maior parte dessa deterioração, mas, mesmo excluindo esse efeito, acreditamos que os números ainda teriam sido fracos.
A carteira de crédito cresceu 1% na comparação trimestral, para R$ 573 bilhões. Os destaques foram o cartão de crédito à pessoa física (+5%) e o segmento de pequenas e médias empresas (+2%).
Mesmo com o crescimento da carteira de crédito, a margem com clientes (receita de juros menos custo de captação) caiu 2% trimestralmente, para R$ 13,4 bilhões. A queda se deve à diminuição do spread médio, que foi de 10,7% para 10,2%, em razão da concessão agora mais focada em linhas conservadoras, preferencialmente com garantias.
Por sua vez, a margem com o mercado, que reflete o resultado da tesouraria, teve mais um trimestre de prejuízo, de R$ 1,3 bilhão, embora um pouco melhor na comparação trimestral. Com isso, a margem financeira total foi de R$ 12,5 bilhões, queda trimestral de 1%.
Inadimplência é agravada pelo caso Americanas
Como tem sido há algum tempo no setor, o grande problema foi a inadimplência, desta vez agravada pelo episódio Americanas. Mesmo, excluindo o efeito da varejista, o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias subiu 0,1p.p., para 3,1%, com a novidade de a piora ter vindo principalmente do segmento de pessoas jurídicas – até então, o problema estava concentrado na pessoa física, cuja inadimplência ficou estável no trimestre.
Em cima dessa piora, a companhia fez uma provisão adicional para a inadimplência de Americanas, cujo valor não foi divulgado, mas que estimamos entre R$ 600 milhões e R$ 1 bilhão, ou entre 8% e 14% da provisão total.
Com isso, a provisão para perdas de crédito do Santander ficou em R$ 7,4 bilhões, 19% acima do trimestre anterior. Em consequência, a margem financeira após a inadimplência caiu 19% trimestralmente, para R$ 5,2 bilhões – sem o efeito Americanas, estimamos que a margem financeira ainda teria tido uma queda de entre 4% e 10%.
Já a receita de serviços, por sua vez, teve um bom desempenho, com crescimento trimestral de 7%, para R$ 5,0 bilhões. O resultado de seguros, que cresceu 23% trimestralmente, foi quem puxou a alta.
As despesas gerais cresceram 6% contra o tri anterior, para R$ 6,0 bilhões, principalmente em função do dissídio de setembro deste ano. Com isso, o índice de eficiência (que relaciona as despesas gerais com receita total) teve uma piora trimestral de 3p.p..
SANB11: Americanas deve impactar próximos trimestres
A soma desses vetores resultou em um lucro líquido gerencial de R$ 1,6 bilhão, com retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 8,3%, decepcionando as já modestas expectativas.
Mesmo excluindo o efeito Americanas, estimamos que a linha final teria sido ruim, entre R$ 2,1 e R$ 2,5 bilhões, com um ROE entre 10% e 12% (contra 16% do trimestre anterior).
Parece-nos, ainda, que nem toda a provisão para o caso Americanas foi feita neste trimestre; portanto, acreditamos que deve haver mais impactos nos próximos trimestres.
A Empiricus Research tem uma visão neutra para Santander Brasil (SANB11).