Carro-chefe da segunda geração do universo cripto, as finanças descentralizadas (DeFi) prometem revolucionar o sistema financeiro global por meio da tecnologia blockchain. Mais do que uma criptomoeda em si, trata-se de um ecossistema que permite a criação de aplicações, ativos e uma série de mecanismos.
Os protocolos DeFi ganharam força com o crescimento da rede Ethereum, e hoje são a base para um novo marco no campo dos serviços sem intermediários.
O que é DeFi?
DeFi é a sigla para decentralized finance (finanças descentralizadas), um conjunto de mecanismos baseado na rede blockchain de código aberto. Esse sistema permite que indivíduos, empresas e governos realizem operações financeiras sem o intermédio de bancos, corretoras e demais órgãos centrais.
Ou seja, é possível definir as finanças descentralizadas como um conceito e não uma ferramenta específica. O responsável por essa inovação é a blockchain. Esse grande arquivo descentralizado é formado por quatro premissas: criptografia, anonimato, validação automatizada e smart contracts – códigos de verificação que garantem autenticidade para todas as operações realizadas por meio dessa rede.
Os produtos relacionados às DeFis são inúmeros, desde empréstimos entre usuários até a negociação de criptoativos. Especialistas acreditam que essa tecnologia pode acabar de vez com o monopólio de bancos, cartórios e outras instituições fiscais e financeiras.
As DeFis ganharam força em 2015, quando a rede Ethereum passou a ser a “casa” de milhares de aplicações. Um dos principais protocolos a se beneficiar dessa expansão foi o Uniswap, hoje a principal exchange descentralizada (DEX) do mercado cripto.
Como funcionam as finanças descentralizadas (DeFi)?
Para compreender o funcionamento das aplicações DeFi é preciso voltar uma casa e entender primeiramente o conceito de blockchain. Isso porque todas as transações feitas sob esse mecanismo são validadas dentro desses ecossistemas.
Blockchain é o nome dado para uma rede pública e de código aberto que, graças à validação dos smart contracts, possibilita negociações diretas entre os usuários (o método chamado de peer-to-peer). Toda operação envolvendo um protocolo DeFi deve ser feito com base nessa premissa.
Essas transações são feitas de maneira instantânea, sem taxas e, principalmente, bancos e instituições como “ponte”. Por serem regidas por contratos inteligentes, as aplicações DeFi garantem o anonimato dos envolvidos ao mesmo tempo que protegem as informações e rastreiam toda a movimentação.
Assim, cada transação gera um código criptografado único, que serve como validador do processo e também comprovante de validação.
Para que o sistema se mantenha em constante atualização, os usuários envolvidos nas atividades oferecem uma parcela de criptomoedas como garantia, independentemente da rede utilizada. Ou seja, o usuário é recompensado à medida que contribui com o trabalho – processo denominado de staking.
Como os usuários podem acessar e usar as DeFi?
A principal rede utilizada para validar as transações DeFi é a Ethereum, que funciona para além da sua criptomoeda nativa. A plataforma é a principal responsável pela criação de milhares de altcoins, tokens e aplicativos descentralizados (dApps). Hoje, porém, há outras blockchains igualmente eficientes.
Para acessar os protocolos relacionados às finanças descentralizadas, o usuário deve ter acesso a uma dessas redes, além de uma parcela de cripto relacionada à rede. Essas são algumas das principais redes DeFi do mercado:
- Uniswap;
- Polkadot;
- Maker;
- Compound;
- Curve Finance;
- Synthetix;
- AAVE;
- Chainlink.
Quais são as principais plataformas de DeFi disponíveis atualmente?
Como é possível observar, o conceito de DeFi vai além do mercado cripto. Especialistas apontam que essa ideia deve ganhar força à medida que mais pessoas se interessem pelos serviços descentralizados e com o fim do “monopólio” financeiro global.
Atualmente, diversas aplicações despontam como inovações que chegaram para ficar no segmento das DeFis. Além das criptomoedas, há plataformas e serviços que se destacam nesse campo. Confira alguns deles:
Uniswap
As DeFis abriram portas para uma série de inovações no campo das criptomoedas, e uma delas é o conceito de exchange descentralizada (DEX). Ou seja, corretoras que operam dentro das blockchains a fim de direcionar as transações para o poder dos usuários. A principal representante desse mercado é a Uniswap.
Essa exchange DeFi permite negociações de criptos e tokens digitais de forma automatizada, sem que haja uma ponte entre comprador e vendedor. A validação, assim como outras desse meio, são feitas por meio de smart contracts. A Uniswap não detém custódia sobre os tokens, que são negociados pelos próprios usuários.
O token de governança UNI é hoje um dos mais valiosos do mercado, e pode ser negociado tanto pelas redes blockchain como em exchanges de criptomoedas tradicionais.
Maker (MKR)
Outro representante do mercado DeFi são as organizações autônomas descentralizadas (DAOs), plataformas que funcionam como uma espécie de crowfunding (cooperativa) online. A principal rede desse segmento é a MakerDAO, que reúne milhares de usuários em prol de um objetivo em comum.
A Maker é uma organização sem gerenciamento hierárquico capaz de validar operações por meio de uma blockchain e dos contratos inteligentes. Como não são uma autoridade, as decisões são tomadas em grupo e previamente validadas por códigos automatizados.
A plataforma também tem uma cripto para chamar de sua: a stablecoin DAI tem o seu valor lastreado em dólar.
Compound (COMP)
Um dos protocolos mais acessados do mercado DeFi atual é o Compound, uma plataforma de empréstimo descentralizada que opera sob a tecnologia blockchain.
A plataforma possibilita que seus usuários recebam juros sobre o empréstimo das suas criptomoedas. A ideia surgiu para evitar que os ativos fiquem “parados” em corretoras e percam valor pela falta de circulação no mercado.
Da mesma forma que ocorre com a Uniswap, o Compound recompensa seus usuários por meio de pools de liquidez. Assim, eles recebem tokens revertidos pela atividade e podem investir em ativos específicos da plataforma.
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Como o DeFi está mudando o mercado financeiro tradicional?
Por ser uma tecnologia relativamente nova, o DeFi ainda enfrenta desafios no cenário global, especialmente sobre a sua adoção. Mas apesar do seu uso restrito por programadores e desenvolvedores, essas aplicações têm ganhado espaço entre as equipes especializadas de diferentes segmentos financeiros.
A tendência é de que, ao ser adotada amplamente, a blockchain se torne mais intuitiva e ágil, permitindo que usuários comuns negociem de maneira independente no mercado. O que para muitos pode significar o fim do sistema tradicional, para especialistas da área não é bem assim: o DeFi promete otimizar os serviços de bancos e instituições financeiras já existentes.
Ao integrar blockchain em sistemas tradicionais, os benefícios tendem a ser visíveis para as empresas e também para os consumidores. Um bom exemplo é o lançamento de um protocolo DeFi da Aave, que promete humanizar a relação entre bancos e clientes e tornar os serviços mais acessíveis.
Quais são os riscos associados ao DeFi?
As finanças descentralizadas são um novo marco para o mercado cripto, especialmente por conta da sua capacidade de otimizar serviços e reduzir o custo das transações. Ainda assim, é preciso lembrar que trata-se de uma tecnologia nova e ainda em expansão, portanto qualquer investimento feito nesse segmento deve ser pensado para o futuro.
Apesar de muito segura, a estrutura por trás das blockchains são projetadas em códigos abertos e editáveis, o que pode abrir margem para falhas e ataques hackers.
Esses ecossistemas descentralizados oferecem novas possibilidades de transação financeira, e por isso têm chamado a atenção de investidores e especialistas. Outra barreira é a necessidade de compreensão sobre estruturas de programação.
À medida que as empresas adotem a tecnologia, mais acessível será para os usuários usufruir dessas funcionalidades. Os protocolos DeFi geram maior liberdade, transparência e descentralização, sendo uma aposta interessante para o longo prazo.