A governança corporativa é um termo que assusta alguns profissionais, já que se trata de um assunto complexo e que pode ser de difícil entendimento. Mas, não se trata de nenhum bicho de sete cabeças e sua compreensão é fundamental para todos aqueles que estão envolvidos com grandes corporações, principalmente no que se refere aos proprietários e administradores.
O que é governança corporativa?
A governança corporativa envolve uma série de práticas, regras, costumes e direcionamentos que vão fazer com que determinada empresa funcione corretamente.
Para isso, é preciso que todos os setores e pessoas trabalhem de forma integrada, sabendo quais são seus objetivos e qual a parte de cada um nessa caminhada.
Esse tipo de governança ajuda a melhorar e otimizar as relações entre sócios, administradores, fiscalização, diretoria e outros grupos envolvidos.
Em resumo, o conceito tem como base a relação entre principais e agentes, em que os principais são os proprietários do negócio, enquanto os agentes são aqueles contratados para fazer a administração do negócio.
Para que serve a governança corporativa?
A governança corporativa serve para alinhar os interesses dos proprietários e dos administradores para que a empresa caminhe no rumo esperado.
Imagine que você acabou de abrir sua empresa e, no início, está trabalhando sozinho. Obviamente você tem seus objetivos e os seus direcionamentos definidos em algum nível.
Mas, quando as coisas começam a dar certo e você precisa contratar outras pessoas para ajudá-lo a administrar o negócio, é preciso que os pensamentos sejam alinhados para garantir a continuidade do crescimento.
Pois, se os gestores contratados por você tiverem outras ideias e seguirem conceitos diferentes, haverá um conflito que pode atrapalhar a empresa.
A governança impede que isso aconteça ou pelo menos minimiza os dados, já que todos, na medida do possível, estarão trabalhando sob um mesmo direcionamento. Isso também ajuda na prestação de contas e na identificação de erros, para que eles sejam rapidamente corrigidos.
Mas, para o melhor funcionamento, é preciso definir um nível de governança que seja equilibrado.
Pois, quando ele é alto demais, os administradores ficam sempre presos às decisões de terceiros e não tem qualquer autonomia para realizar o seu trabalho da melhor forma.
Por outro lado, quando o administrador tem um excesso de poder, ele pode usar isso em benefício próprio e acabar prejudicando a companhia.
Quais são as suas vantagens?
O conceito pode ser melhor entendido quando falamos de suas vantagens. Selecionamos as 4 principais.
1. Diminui a incidência de problemas
Dentre os diversos problemas que uma empresa pode enfrentar, os piores são aqueles que prejudicam a sua marca e suas finanças.
Você com certeza já deve ter visto, na internet ou em noticiários de TV, que alguma corporação se envolveu em escândalos de corrupção, com funcionários desviando dinheiro ou outros recursos.
Esse tipo de coisa tem maiores chances de acontecer quando não há uma boa governança corporativa. Nessa situação, os interesses de alguns membros são colocados acima da instituição.
2. Melhora a imagem de uma empresa
Quando a governança é estabelecida de forma confiável, a empresa se torna muito mais transparente em seus processos e na prestação de contas.
Isso ajuda a evitar escândalos e aumenta a confiança dos clientes e também das pessoas que trabalham na própria companhia.
3. Conquista novos investimentos
Uma empresa com governança corporativa passa confiança para o mercado. Então, é mais fácil para novos investidores acreditarem em seu crescimento e decidirem colocar seu dinheiro no negócio.
A governança mostra que a empresa se preocupa com sua imagem e está desenvolvendo processos e práticas que tornam o ambiente mais estável e promissor para todos os envolvidos.
4. Aumenta o valor da empresa
A corporação se torna mais competitiva no mercado por estar bem estruturada internamente. Isso acaba por potencializar os negócios, investimentos e aumentar o seu valor geral.
Ou seja, a governança é fundamental para empresas que desejam se manter saudáveis e crescer ao longo do tempo.
Como funciona a governança corporativa?
A governança corporativa funciona por meio de mecanismos práticos para estabelecer a relação entre proprietários e administradores. Podemos citar 3 formas pelas quais ela é feita:
1. Regras
As regras servem para alinhar o comportamento dos envolvidos, estabelecendo limites do que pode ser feito.
Assim, é possível impedir que um administrador tome medidas indesejáveis e que podem prejudicar a companhia.
2. Auditorias
Não basta ter regras bem definidas se não há formas de verificar o seu cumprimento.
As auditorias são uma forma de observar se tudo está sendo feito de acordo com o esperado e como anda o comportamento dos administradores.
Esse processo é fundamental, já que se forem identificados erros, ainda há tempo de fazer os ajustes necessários.
3. Restrições
Essa parte é um complemento das regras. Pois, é possível estabelecer de forma clara o que um administrador pode ou não fazer.
Ao colocar limites, é possível guiar a administração para o local desejado. Porém, é necessário fazer isso após uma possível análise. Pois, o excesso de restrições pode gerar efeitos indesejados.
Quais os pilares da governança corporativa?
A governança corporativa é regida por 4 princípios básicos que nos permitem entender o que se espera alcançar com ela de forma geral. São eles:
Transparência
Uma boa governança estabelece que os administradores devem fornecer relatórios com dados e informações importantes para todos os envolvidos com a companhia, os chamados stakeholders.
Além disso, é importante que esses relatórios possam ser acessados de forma simplificada, livre de burocracias.
Os dados fundamentais a serem disponibilizados incluem informações financeiras, detalhes sobre as tomadas de decisão e também sobre o andamento de processos importantes.
Equidade
Todos os stakeholders precisam receber o mesmo tipo de tratamento, independentemente da posição e hierarquia que ocupam.
Pois, uma empresa em que todos são tratados de maneira justa têm mais chances de prosperar e minimiza as possibilidades de conflitos.
Prestação de contas
De acordo com os períodos pré-estabelecidos, a organização deve apresentar sua prestação da situação econômica/financeira da corporação.
Os relatórios precisam ser detalhados e elaborados de uma forma que seja fácil de entender. Além disso, caso haja algum erro ou omissão, os responsáveis devem responder pelos seus atos para que tudo possa voltar ao seu funcionamento normal.
Responsabilidade corporativa
Esse princípio visa promover atitudes de zelo pela organização e pelos colaboradores. Isso inclui tratar todos com educação e respeito e ser fiel às regras que definem o funcionamento do local.
Pois, a governança corporativa é muito interessante na teoria, mas para que seus efeitos sejam sentidos, é importante que todos os envolvidos se comprometam em seguir à risca tudo o que é estabelecido.
Como implementar a governança corporativa?
Para implementar a governança em uma corporação, é indispensável tomar algumas atitudes inspiradas nos pilares desse termo.
Porém, não há uma forma exata de fazê-lo e o processo pode sofrer variações de uma empresa para outra. Mas, de maneira geral, é possível considerar 4 passos importantes:
1. Deixe todos cientes de sua função
Não há como ter uma boa governança se os integrantes da administração não estão cientes de todas as suas funções.
Para que tudo funcione corretamente, é indispensável separar os cargos e definir o que cada um deve fazer e para quem ele precisa se reportar.
Essa organização inicial pode até parecer óbvia, mas há muitas empresas que pecam nesse aspecto e criam grandes problemas a médio e longo prazo.
2. Crie um conselho
O conselho será um observador e guardião da relação da empresa com todos os interessados. Ele vai garantir que as políticas de governança sejam respeitadas e aplicadas da maneira correta.
O conselho deve ser selecionado pelos sócios, que vão escolher as pessoas mais capazes para servir de elo entre os donos e administradores e ajudar a tomar decisões estratégicas importantes.
É interessante que esse grupo seja formado por diversas pessoas, para que haja perfis diferentes em sua composição.
3. Fique atento aos riscos
Uma boa governança deve se atentar aos riscos aos quais uma corporação pode se expor, sejam eles operacionais, financeiros ou de outras categorias.
Ao reconhecer possíveis problemas, será possível pensar em estratégias para evitá-los ou pelo menos mitigar os riscos.
4. Acompanhamento constante
É preciso ter certeza de que tudo está funcionando corretamente em uma corporação. Para isso, os responsáveis podem definir um calendário de reuniões, de apresentação de relatórios e realizar auditorias e monitoramentos.
Qual a relação entre Compliance e governança corporativa?
Os dois termos andam juntos, pois o compliance se refere à capacidade da empresa em se adaptar e seguir leis internas e externas às quais se submete.
Essas regras podem ser:
- Legislações trabalhistas e ambientais;
- Normas da empresa;
- ISO 9000.
Também podem haver outras legislações e regras a serem cumpridas. Para que elas sejam devidamente respeitadas, entra em cena a governança corporativa, que vai tomar as medidas necessárias para que a empresa sempre se adeque à legislação e faça as correções necessárias para estar em conformidade com todos os padrões e normas internas.