Times
Investimentos

Mercado Livre (MELI34) entrega 4T22 melhor que a encomenda; hora de comprar a ação?

Companhia reverte prejuízo e lucra US$ 165 milhões no 4T22; veja os destaques do balanço e a recomendação da Empiricus Research para MELI34

Por Fernando Ferrer

24 fev 2023, 14:45 - atualizado em 24 fev 2023, 14:45

Mercado Livre MELI MELI34
Imagem: Reuters/Divulgação Mercado Livre

Na noite de ontem (23), o Mercado Livre (Nasdaq: MELI; B3: MELI34) divulgou seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2022 (4T22), que vieram acima do esperado pelo mercado.

Diante do aumento da base de clientes e do número de transações (+11%), a receita líquida da companhia atingiu US$ 3 bilhões (+56%), com evolução em todas as regiões de atuação, especialmente na Argentina (+143%), no México (+46%) e no Brasil (+28%), ganhando participação de mercado em mais um trimestre no país.

O volume bruto de mercadorias transacionadas (GMV) alcançou a marca de US$ 9,6 bilhões, crescimento de 35% na comparação anual.

Mercado Livre aumentou ganhos por venda no trimestre

O take rate do segmento de commerce expandiu por mais um trimestre, para 17%, influenciado pelo aumento da penetração da iniciativa de anúncios (advertising) e do repasse de preços para os sellers.

Ao longo dos últimos anos, é interessante ver como a companhia tem conseguido aumentar as funcionalidades para os sellers e clientes e, com isso, o take rate de sua operação. Em 2010, por exemplo, o take rate era de 6%.

Como resultado do investimento contínuo em infraestrutura, a malha logística própria, representada pelo Mercado Envios, atingiu penetração de 94% da rede gerenciada.

Já o fulfillment, serviço no qual a Meli realiza o armazenamento, embalagem e entrega dos pedidos, atingiu uma penetração de 43% em termos consolidados, contra 30% dois anos antes.

Atualmente, 76% dos pedidos estão sendo entregues em até 48 horas. Nesse aspecto, depois de robustos investimentos nos últimos três anos (apenas em 2022, foram R$ 17 bilhões), é esperado que a companhia siga em busca de melhorar a sua plataforma logística.

O segmento de fintech, representado pelo Mercado Pago, também apresentou números superlativos. O volume total de pagamentos (TPV) atingiu US$ 36 bilhões, um aumento de 80% em relação ao 4T21. Do total, US$ 25 bilhões é referente ao TPV off marketplace (fora do Meli), enquanto o restante está sendo transacionado dentro da própria plataforma da companhia.

O portfólio do Mercado Crédito cresceu 68% para US$ 2,8 bilhões, uma desaceleração em relação ao crescimento apresentado nos últimos trimestres em função de uma redução na originação de crédito por conta do cenário mais desafiador em termos de inadimplência, tal qual tem ocorridos com outras fintechs e bancos.

Companhia reverte prejuízo e lucra US$ 165 mi no 4T22

Com isso, enquanto a margem bruta ficou em 48,6%, aumento de 8 p.p. em relação ao mesmo período de 2021 e a margem operacional ficou em 11,6%, fruto da maior diluição de despesas e alocação de recurso de marketing.

Por fim, a companhia apresentou margem líquida de 5,5% e um lucro líquido de US$ 165 milhões, revertendo o prejuízo de US$ 46 milhões no 4T21.

Os resultados do Mercado Livre reforçam a resiliência do seu modelo de negócios e a capacidade de seguir expandindo sua operação a despeito de um cenário macro adverso.

Apesar do bom 4T, recomendação para MELI34 é neutra

Gostamos bastante da companhia e acreditamos que o evento Americanas fará com que o ganho de mercado se acelere.

Contudo, negociando a 1,4 vezes valor da firma sobre GMV e 4,2 vezes valor da firma sobre vendas e uma alta de mais de 30% no ano, acreditamos que boa parte desse ganho de mercado já está embutido em seu preço.

Sendo assim, seguimos com recomendação neutra para Mercado Livre (Nasdaq: MELI; B3: MELI34).

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.