A Energias do Brasil (ENBR3) reportou um prejuízo no 4T22, mas que não está relacionado a uma piora operacional.
No trimestre, a companhia realizou uma baixa contábil (impairment) de R$ 1,2 bilhão na usina termelétrica Pecém, que esperava vender energia em um leilão que acabou sendo cancelado pelo governo em 2022.
Pecém está contratada até 2027 e tem autorização para gerar energia até 2044. Mas a falta de visibilidade sobre novos leilões fez com que a EDP adotasse uma postura conservadora.
No entanto, ainda existe a possibilidade de que a usina participe de novos leilões no futuro e recupere o “valor baixado”. O mais importante é que, sem esse impacto (que não teve efeito caixa), a companhia teria apresentado lucro, falaremos sobre isso mais abaixo.
Lucro Bruto cresce 10% na comparação anual
Começando pelo lucro bruto (que a EDP chama de Margem Bruta), houve crescimento de +10% na comparação com o 4T21.
O segmento de distribuição contribuiu positivamente mais uma vez, ajudado principalmente pelos reajustes tarifários por conta da inflação e aumento do volume de energia distribuída nas regiões de concessão, além de bons resultados do programa de combate aos furtos de energia.
O segmento de geração termelétrica foi ajudado pelo reajuste anual dos contratos de Pecém, e a transmissão teve a contribuição da incorporação da EDP Goiás e entrada de novas linhas em operação.
Por outro lado, o cenário de sobreoferta de energia continuou pesando sobre o segmento de geração hídrica, que atrapalhou mas não impediu o crescimento consolidado.
Sem os efeitos de Pecém, Lucro Líquido seria de aproximadamente R$ 350 mi
A companhia também foi eficiente no controle dos gastos (PMSO), que cresceram +3%, bem abaixo da inflação do período, e proporcionaram uma boa expansão do resultado operacional recorrente.
No trimestre, o Ebitda (ajustado por efeitos não-caixa) atingiu R$ 1,1 bilhão, alta de +46% na comparação anual.
Quebrando por segmento, as maiores contribuições positivas vieram da distribuição, geração termelétrica e transmissão pelos motivos já mencionados, que mais do que compensaram a piora na geração hídrica.
Apesar da melhora operacional, a alta da Selic atrapalhou o resultado financeiro, que passou de -R$ 289 milhões para -R$ 372 milhões.
Ainda assim, excluindo os efeitos não-caixa de Pecém, o Lucro Líquido teria atingido aproximadamente R$ 350 milhões, em linha com as expectativas do mercado.
ENBR3: dividendos serão afetados e empresa segue recomendada pela Empiricus Research
É importante ressaltar que, apesar do impacto de R$ 1,2 bilhão no lucro contábil por conta da imparidade em Pecém, os dividendos não serão afetados já que a EDP utiliza o lucro ajustado para a distribuição de proventos.
Os números do 4T22 mostraram mais uma boa performance operacional da EDP.
Aliás, os últimos dois anos foram de ótima melhora de resultados, especialmente no segmento de distribuição, que foi ajudado por uma inflação elevada, bom crescimento do PIB e pelo enorme descasamento entre IGP-M e IPCA, ventos que devem soprar menos a favor da companhia daqui para frente.
Por 9 vezes lucros e um dividend yield de 6%, a EDP (ENBR3) segue no rebanho do Vacas Leiteiras, portfólio de dividendos da Empiricus Research.