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Não se engane com o prejuízo da Energias do Brasil (ENBR3) no 4T22: ano da companhia foi bom; entenda

Empresa realiza baixa contábil de R$ 1,2 bi na usina termelétrica Pecém (que não teve efeito caixa); sem impacto, companhia apresentaria lucro líquido de R$ 350 milhões

Por Ruy Hungria

28 fev 2023, 12:27 - atualizado em 28 fev 2023, 12:28

Energias do Brasil (EDP) ENBR3
Imagem: Divulgação

A Energias do Brasil (ENBR3) reportou um prejuízo no 4T22, mas que não está relacionado a uma piora operacional

No trimestre, a companhia realizou uma baixa contábil (impairment) de R$ 1,2 bilhão na usina termelétrica Pecém, que esperava vender energia em um leilão que acabou sendo cancelado pelo governo em 2022.

Pecém está contratada até 2027 e tem autorização para gerar energia até 2044. Mas a falta de visibilidade sobre novos leilões fez com que a EDP adotasse uma postura conservadora.

No entanto, ainda existe a possibilidade de que a usina participe de novos leilões no futuro e recupere o “valor baixado”. O mais importante é que, sem esse impacto (que não teve efeito caixa), a companhia teria apresentado lucro, falaremos sobre isso mais abaixo. 

Lucro Bruto cresce 10% na comparação anual

Começando pelo lucro bruto (que a EDP chama de Margem Bruta), houve crescimento de +10% na comparação com o 4T21.

O segmento de distribuição contribuiu positivamente mais uma vez, ajudado principalmente pelos reajustes tarifários por conta da inflação e aumento do volume de energia distribuída nas regiões de concessão, além de bons resultados do programa de combate aos furtos de energia. 

O segmento de geração termelétrica foi ajudado pelo reajuste anual dos contratos de Pecém, e a transmissão teve a contribuição da incorporação da EDP Goiás e entrada de novas linhas em operação. 

Fonte: EDP

Por outro lado, o cenário de sobreoferta de energia continuou pesando sobre o segmento de geração hídrica, que atrapalhou mas não impediu o crescimento consolidado. 

Sem os efeitos de Pecém, Lucro Líquido seria de aproximadamente R$ 350 mi

A companhia também foi eficiente no controle dos gastos (PMSO), que cresceram +3%, bem abaixo da inflação do período, e proporcionaram uma boa expansão do resultado operacional recorrente. 

No trimestre, o Ebitda (ajustado por efeitos não-caixa) atingiu R$ 1,1 bilhão, alta de +46% na comparação anual.

Quebrando por segmento, as maiores contribuições positivas vieram da distribuição, geração termelétrica e transmissão pelos motivos já mencionados, que mais do que compensaram a piora na geração hídrica. 

Apesar da melhora operacional, a alta da Selic atrapalhou o resultado financeiro, que passou de -R$ 289 milhões para -R$ 372 milhões

Ainda assim, excluindo os efeitos não-caixa de Pecém, o Lucro Líquido teria atingido aproximadamente R$ 350 milhões, em linha com as expectativas do mercado. 

Fonte: EDP

ENBR3: dividendos serão afetados e empresa segue recomendada pela Empiricus Research

É importante ressaltar que, apesar do impacto de R$ 1,2 bilhão no lucro contábil por conta da imparidade em Pecém, os dividendos não serão afetados já que a EDP utiliza o lucro ajustado para a distribuição de proventos

Fonte: EDP

Os números do 4T22 mostraram mais uma boa performance operacional da EDP.

Aliás, os últimos dois anos foram de ótima melhora de resultados, especialmente no segmento de distribuição, que foi ajudado por uma inflação elevada, bom crescimento do PIB e pelo enorme descasamento entre IGP-M e IPCA, ventos que devem soprar menos a favor da companhia daqui para frente.

Por 9 vezes lucros e um dividend yield de 6%, a EDP (ENBR3) segue no rebanho do Vacas Leiteiras, portfólio de dividendos da Empiricus Research

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.