A Petrobras (PETR4) encerrou o melhor ano de sua história com resultados operacionais um pouco abaixo do que o mercado esperava no 4T22.
Isso ocorreu por conta de impairments, aumento nas despesas exploratórias e um efeito de giro negativo dos estoques no Refino por conta da desvalorização do petróleo na comparação com o 3T22.
Ainda assim, a estatal apresentou resultados sólidos mais uma vez, com mais um belo anúncio de dividendos.
A companhia anunciou mais R$ 2,26 de dividendos por ação, o que representa um yield de cerca de 9%, mais R$ 0,49 (2% de yield) para uma Reserva Estatutária, que também poderá ser distribuído aos acionistas ao longo do ano, dependendo de decisão do Conselho de Administração.
Essa é uma notícia muito positiva, porque um dos grandes medos do mercado era que a nova administração barrasse a distribuição já neste trimestre, o que não aconteceu.
Petrobras: veja o desempenho por segmento
Sobre os resultados do 4T22, o Ebitda ajustado do segmento de Exploração & Produção (E&P) recuou -5,7% na comparação com o 4T21, já que a alta do petróleo não conseguiu compensar o aumento nas despesas com exploração e também maiores custos de extração no período, impactados por paradas para manutenção.
Mesmo assim, estamos falando de um Ebitda sólido de R$ 57 bilhões no E&P no período.
O segmento de refino, por outro lado, apresentou aumento de +20% no Ebitda na comparação anual, para R$ 14 bilhões, mesmo com um impacto negativo de quase -R$ 4 bilhões por conta do efeito negativo no giro dos estoques.
Esse resultado foi proporcionado por preços de derivados no mercado interno quase 30% acima dos níveis do 4T21, o que mais do que compensou um aumento nos custos de refino.
No segmento de Gás e Energia, a redução na geração das termelétricas por conta da melhora dos reservatórios foi compensada por uma melhora relevante nos preços do gás natural, reflexo dos conflitos geopolíticos em 2022.
O Ebitda do segmento atingiu R$ 2,5 bilhões, revertendo o Ebitda negativo do 4T21 (-R$ 4,3 bilhões), afetado por impairments na ocasião.
Lucro líquido tem alta de 80% na comparação anual
No consolidado, o Ebitda atingiu R$ 75 bilhões, que apesar da boa alta de +21% na comparação anual, veio um pouco abaixo das expectativas por conta dos impactos já mencionados.
Mesmo com esses impactos, o Lucro Líquido acabou sendo ajudado pela variação cambial, e atingiu R$ 43 bilhões, alta de +80% na comparação anual.
O Fluxo de Caixa Livre foi mais uma vez expressivo, na casa de R$ 48 bilhões, o que aliado ao baixo endividamento de apenas 0,6x dívida líquida/Ebitda permitiu mais uma distribuição polpuda de dividendos no trimestre.
PETR4: o que preocupa é o que vem pela frente
Mesmo com alguns contratempos, a Petrobras divulgou resultados sólidos, com forte geração de caixa e elevados dividendos, o que explica a reação positiva dos papéis ao balanço do 4T22.
O problema é que todos esses fundamentos sólidos podem piorar muito, a depender de mudanças nas políticas de dividendos e na política de precificação de combustíveis.
Dentro de uma carteira devidamente diversificada e focada em dividendos, PETR4 ainda faz sentido por enquanto, dado o valuation atual.
No entanto, seguimos muito atentos a possíveis mudanças nessa história, que podem alterar drasticamente a nossa visão.