Investimentos

Petrobras (PETR4) encerra melhor ano de sua história com resultados sólidos e dividendos robustos; veja os números

Apesar de 4T22 levemente abaixo das expectativas, números ainda são fortes: lucro líquido cresce 80% na comparação anual

Por Ruy Hungria

02 mar 2023, 12:13 - atualizado em 02 mar 2023, 12:13

Fachada do prédio sede da Petrobras (PETR4)
Imagem: Flávio Emanuel /Agencia Petrobras/Divulgação

A Petrobras (PETR4) encerrou o melhor ano de sua história com resultados operacionais um pouco abaixo do que o mercado esperava no 4T22.

Isso ocorreu por conta de impairments, aumento nas despesas exploratórias e um efeito de giro negativo dos estoques no Refino por conta da desvalorização do petróleo na comparação com o 3T22. 

Ainda assim, a estatal apresentou resultados sólidos mais uma vez, com mais um belo anúncio de dividendos.

A companhia anunciou mais R$ 2,26 de dividendos por ação, o que representa um yield de cerca de 9%, mais R$ 0,49 (2% de yield) para uma Reserva Estatutária, que também poderá ser distribuído aos acionistas ao longo do ano, dependendo de decisão do Conselho de Administração.

Essa é uma notícia muito positiva, porque um dos grandes medos do mercado era que a nova administração barrasse a distribuição já neste trimestre, o que não aconteceu.

Petrobras: veja o desempenho por segmento

Sobre os resultados do 4T22, o Ebitda ajustado do segmento de Exploração & Produção (E&P) recuou -5,7% na comparação com o 4T21, já que a alta do petróleo não conseguiu compensar o aumento nas despesas com exploração e também maiores custos de extração no período, impactados por paradas para manutenção.

Mesmo assim, estamos falando de um Ebitda sólido de R$ 57 bilhões no E&P no período

O segmento de refino, por outro lado, apresentou aumento de +20% no Ebitda na comparação anual, para R$ 14 bilhões, mesmo com um impacto negativo de quase -R$ 4 bilhões por conta do efeito negativo no giro dos estoques.

Esse resultado foi proporcionado por preços de derivados no mercado interno quase 30% acima dos níveis do 4T21, o que mais do que compensou um aumento nos custos de refino. 

No segmento de Gás e Energia, a redução na geração das termelétricas por conta da melhora dos reservatórios foi compensada por uma melhora relevante nos preços do gás natural, reflexo dos conflitos geopolíticos em 2022.

O Ebitda do segmento atingiu R$ 2,5 bilhões, revertendo o Ebitda negativo do 4T21 (-R$ 4,3 bilhões), afetado por impairments na ocasião. 

Lucro líquido tem alta de 80% na comparação anual

No consolidado, o Ebitda atingiu R$ 75 bilhões, que apesar da boa alta de +21% na comparação anual, veio um pouco abaixo das expectativas por conta dos impactos já mencionados.  

Mesmo com esses impactos, o Lucro Líquido acabou sendo ajudado pela variação cambial, e atingiu R$ 43 bilhões, alta de +80% na comparação anual

O Fluxo de Caixa Livre foi mais uma vez expressivo, na casa de R$ 48 bilhões, o que aliado ao baixo endividamento de apenas 0,6x dívida líquida/Ebitda permitiu mais uma distribuição polpuda de dividendos no trimestre. 

PETR4: o que preocupa é o que vem pela frente

Mesmo com alguns contratempos, a Petrobras divulgou resultados sólidos, com forte geração de caixa e elevados dividendos, o que explica a reação positiva dos papéis ao balanço do 4T22. 

O problema é que todos esses fundamentos sólidos podem piorar muito, a depender de mudanças nas políticas de dividendos e na política de precificação de combustíveis. 

Dentro de uma carteira devidamente diversificada e focada em dividendos, PETR4 ainda faz sentido por enquanto, dado o valuation atual.

No entanto, seguimos muito atentos a possíveis mudanças nessa história, que podem alterar drasticamente a nossa visão

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.