Times
Investimentos

SBF (SBFG3): boa performance da Nike compensa desempenho ruim da Centauro no 4T22; análise

Mesmo com bom desempenho da Fisia, lucro líquido tem queda de 52% na comparação anual; veja a recomendação da Empiricus Research

Por Fernando Ferrer

03 mar 2023, 12:31 - atualizado em 03 mar 2023, 12:31

pista de atletismo em loja da Centauro, do Grupo SBF (SBFG3)
Imagem: Creative Commons Wiki

Ontem (2), após o fechamento do mercado, a SBF (SBFG3) divulgou seu resultado referente ao 4T22. Os números vieram marginalmente acima das nossas expectativas, que eram mais conservadoras que o consenso do mercado.

Em linhas gerais, a performance positiva da Fisia, distribuidora da Nike no Brasil, foi responsável por compensar os números ruins de Centauro, consolidando um resultado equilibrado para o Grupo.

Receita líquida da Nike cresce 30% na comparação anual

A receita líquida da Nike totalizou R$ 969 milhões no trimestre (+30% vs 4T21), com forte performance do canal digital (GMV +77% vs 4T21), que foi impulsionado principalmente pelas vendas de Copa de Mundo, Black Friday e retomada do faturamento das vendas após a conclusão da migração sistêmica.

Por outro lado, as vendas líquidas de Centauro avançaram tímidos 8,5% na comparação anual, com vendas nas mesmas lojas crescendo apenas 4,6% e GMV 14%.

O desempenho foi justificado por um mercado mais competitivo, cenário macro mais desafiador e canibalização de produtos de outras categorias pelos da Copa. 

A receita líquida consolidada do Grupo atingiu R$ 2 bilhões, 18% superior ao registrado no 4T21.

A estratégia de aumentar a participação das vendas da Nike no canal DTC (vendas diretas ao consumidor) mostrou bons resultados.

A margem bruta de Fisia ganhou 6 pontos percentuais na comparação anual, alcançando 43%. Já em Centauro, a margem contraiu 3 pontos percentuais para 47%, impactada pelo maior promocionamento no período e o fim do benefício do DIFAL. Assim, a margem consolidada do Grupo no 4T22 foi de 48%, marginalmente acima na comparação anual (+0,6 p.p).

Lucro líquido tem queda de 52%

As despesas operacionais no trimestre representaram 36% da receita líquida, crescimento de 5 pontos percentuais em relação ao 4T21.

Os principais impactos foram causados pelo aumento nas despesas com marketing, logística e pessoal, além do crescimento da participação do canal DTC, que possui melhor margem bruta, mas despesas maiores que o canal de atacado.

Assim, o Ebitda ajustado consolidado atingiu R$ 227 milhões, -16% inferior na comparação anual, com margem de 11,4% (-4,7 p.p vs 4T21).

Na linha final do resultado, impactado pelo Ebitda menor e resultado financeiro ainda negativo (153% pior vs 4T21), a SBF reportou um lucro líquido de R$ 57 milhões, queda de -52% na comparação anual, excluindo impacto não recorrente ocorrido no 4T21 (+186 milhões).

Pensando no longo prazo, SBFG3 segue como recomendação da Empiricus

Enxergamos a discrepância entre o resultado das duas operações nesse trimestre como um exemplo claro de como marcas fortes — como a Nike — devem continuar se sobressaindo neste momento mais desafiador para o varejo de moda. 

Apesar do forte sell off das ações no ano (-36%), vemos com ceticismo uma reação mais forte de SBFG3 no curto prazo, principalmente em função baixo apetite dos investidores por risco e diretrizes mais conservadoras da companhia para esse ano, que deve ser focado na recuperação de margens.

Em um horizonte mais longo, enxergamos plena capacidade para a companhia alcançar níveis crescentes de participação de mercado no fragmentado varejo esportivo.

Negociando a atrativas 7 vezes seus lucros para o ano (-76% vs média dos últimos 2 anos), o Grupo SBF (SBFG3) segue como uma recomendação de compra da Empiricus Research. 

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.