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Petrobras (PETR4): entenda por que a carta de intenções assinada com a Equinor é notícia negativa para os acionistas

Petrobras e Equinor avaliam viabilidade de sete projetos eólicos em alto-mar; no entanto, nada é tão rentável para PETR4 quanto o pré-sal

Por Ruy Hungria

07 mar 2023, 11:25 - atualizado em 07 mar 2023, 11:25

Petrobras (PETR4) pré sal
Plataforma de extração de pré-sal. Imagem: Divulgação

A Petrobras (PETR4) assinou uma carta de intenções com a Equinor para avaliar a viabilidade de sete projetos eólicos offshore, ou seja, usinas eólicas em alto-mar, com potencial de gerar até 14,5 GW

O anúncio está de acordo com o que tem sido comentado pela nova gestão desde o fim do ano passado, com uma maior inclinação da estatal para investimentos em energias renováveis do que nos últimos anos, o que também significa uma redução de rentabilidade consolidada da companhia – para a Petrobras, nada é tão rentável quanto o pré-sal.

Por isso, a notícia é marginalmente negativa para os acionistas, mas ainda é difícil mensurar os impactos. 

Veja uma estimativa dos valores

Ainda não sabemos se os sete empreendimentos sairão do papel, e nem os prazos para início e término dessas construções. Ou seja, ainda não temos como calcular os impactos financeiros e como eles afetarão os dividendos

Com base em alguns dados disponíveis da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) e estudos da Iberdrola, o Capex total ficaria em torno de US$ 50 bilhões diluídos entre 7 e 11 anos de construção, o que ainda seria dividido entre Petrobras e Equinor, de acordo com as participações de cada empresa nos projetos – em uma conta simplista, seriam investidos US$ 2,5 bilhões por cada uma por ano, assumindo 50% de participação e investimentos iguais em 10 anos de construção.

O montante não é um grande absurdo para a Petrobras. Para se ter uma base de comparação, o plano estratégico da estatal (divulgado pela administração anterior) prevê investimentos anuais da ordem de US$ 15 bilhões, dos quais US$ 12 bilhões seriam destinados para exploração e produção de petróleo. 

Ainda assim, pensando apenas em termos de alocação de capital, é óbvio que para os acionistas a melhor alternativa seria a petroleira investir apenas no pré-sal e distribuir os enormes dividendos que ele proporciona. Mas já sabíamos que isso não aconteceria. 

PETR4: por conta dos dividendos, ação ainda é recomendada em uma carteira diversificada

Neste momento, o grande ponto para nós é: com um Ebitda de mais US$ 40 bilhões de dólares esperado por ano com a cotação do petróleo nos níveis atuais, serão necessários muitos novos projetos e criatividade para secar os dividendos dos acionistas.

Por isso, dado o valuation atual e os elevados níveis de dividend yield, por ora PETR4 segue na série Vacas Leiteiras, série da Empiricus Research focada em dividendos.

Mas é importante lembrar que esse investimento precisa estar dentro de uma carteira devidamente diversificada e que é necessário se manter atento às novidades que possam afetar a companhia nas próximas semanas. 

Sobre o autor

Ruy Hungria

Bacharel em Física formado na Universidade de São Paulo (USP), possui MBA de Finanças na Fipe e iniciou a carreira no mercado financeiro em 2011, na própria Empiricus Research. Está à frente da série da casa focada em opções desde 2018, além de contribuir na elaboração e decisões de investimentos nas séries da Empiricus focadas em microcaps e dividendos, além de fazer o acompanhamento de companhias de diversos setores, com mais foco em Utilities e Oil & Gas. Desde o início de 2020 é colunista do portal Seu Dinheiro.