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Bull market do Bitcoin? Vinicius Bazan vê fevereiro de consolidação e aponta gatilho que pode fazer mercado disparar

Principal criptoativo do mercado já valorizou quase 40% no ano, mas analista acredita que maré alta do Bitcoin ainda não começou

Por Juan Rey

07 mar 2023, 15:33 - atualizado em 07 mar 2023, 16:51

Imagem representando Bitcoin, mostrando uma moeda de Bitcoin.

Depois de um janeiro pra lá de positivo, quando valorizou quase 40%, o Bitcoin “estacionou” em fevereiro. A tímida alta de 0,08%, em dólar, configurou o retorno mensal mais estável dos últimos 14 anos do principal criptoativo do mercado. 

Para o head de criptomoedas da Empiricus Research, Vinicius Bazan, a palavra que define o mês de fevereiro do Bitcoin é “consolidação”. Na visão dele, foi um período de ajuste para os investidores. 

“Foi um momento para os investidores entenderem em qual situação eles se colocam, se de fato é um bull market (tendência geral de alta prolongada) ou não. Eu acredito que não, acredito que ainda é a consolidação do fundo do bear market. É um mês de respiro”, define.

Bazan é o comandante das duas séries de criptoativos da Empiricus Research, Exponencial Coins e Crypto Legacy. No mês, as carteiras avançaram 5,87% e 2,98%, respectivamente, em reais. No ano, os portfólios já têm valorização de 33,87% e 40,71%, nesta ordem.  

Comparação das carteiras da série Exponencial Coins com o Bitcoin e o NCI em fevereiro (em dólar)

O que esperar no curto prazo?

Em 2022, o cenário macroeconômico global pesou tanto sobre as criptos que as melhoras de fundamentos e as boas notícias do mercado foram deixadas de lado, e os preços despencaram. Não por acaso o BTC perdeu cerca de 66% do valor no último ano. 

O analista valoriza o fato de que, neste início de ano, os ativos voltaram a responder no preço de tela às teses e notícias favoráveis. “Por exemplo, Lido, que está na temática de Liquid Staking, subiu bastante nesse início de ano, seguindo justamente essa narrativa do Shangai Upgrade do Ethereum, que é agora em março”.

No final do mês, inclusive, algumas atualizações prometem movimentar o mercado cripto. Além do Shangai Upgrade, do Ethereum, os investidores também devem se atentar à atualização da Polygon (MATIC).

Quanto ao upgrade do ETH, Bazan vê a novidade com otimismo, principalmente para os protocolos de Liquid Stake (você pode conferir aqui o podcast em que Bazan explica o Shangai Upgrade).

“Olhando do ponto de teses, acho que em março teremos uma diferenciação maior de resultados. Você vai ter setores que vão responder melhor a gatilhos, como o segmento de DeFi, principalmente Liquid Staking, e você pode ter outros ativos que talvez não tenham gatilho e fiquem parados ou até corrijam, porque subiram muito em janeiro, como por exemplo o Metaverso”, analisa.

No ambiente macro, um fator negativo que paira sobre os criptoativos é o caso do Silvergate Bank, banco “amigo das criptomoedas”, que enfrenta investigações por conta de atividades suspeitas com o ex-CEO da FTX.

“Temos que ver o quanto isso de fato vai refletir no mercado. Eu ainda tenho uma visão mais otimista para março, não vejo gatilhos muito negativos. Mas é aquilo, se o mercado acordar azedo um dia porque decidiu que algum dado que saiu que é ruim, vai cair. É completamente imprevisível”, avalia Bazan.

Halving deve pavimentar alta do Bitcoin

Como o head de critpo da Empiricus Research faz questão de frisar em suas análises, o foco dos investidores não deve estar nos ruídos de curto prazo, mas em um horizonte maior de tempo.

E o próximo gatilho que pode pavimentar o bull market do Bitcoin é o halving, marcado para abril de 2024. 

O halving, que ocorre a cada 4 anos, reduz pela metade a quantidade de BTC oferecida como recompensa aos mineradores. O mecanismo faz com que o Bitcoin se torne um recurso escasso e resistente à inflação. 

É o elemento mais importante do algoritmo do Bitcoin. Ele foi criado com essa ideia de escassez, e isso é programado em código. Como diminui a emissão a cada 4 anos, vai diminuindo a recompensa em moedas para a atividade de mineração. Isso torna o ativo mais escasso, fica cada vez mais difícil de extrair novos ativos da rede”, explica.

Investidores podem colher bons frutos já em 2023

Historicamente, o Bitcoin responde ao halving com fortes altas antes mesmo do mecanismo ocorrer. Para Bazan, esse é um dos principais motivos de otimismo para o ano de 2023 das criptomoedas. 

“Você tem o preço começando a subir pré-halving funcionando quase que como uma consolidação de um novo bull market, e o bull market de fato depois do halving.” 

De acordo com ele, o histórico dos últimos halvings funciona como um “relojinho”. 

“Tivemos três halvings até hoje, e nos últimos três você teve esse movimento muito parecido. 500 dias antes do halving começa a subir. Não existe nenhuma garantia, mas se você amparar no histórico, dá para ficar otimista”, afirma. 

Portanto, ainda que o “pulo do gato” no mercado cripto deva acontecer em 2024, impulsionado tanto pelo halving quanto por uma eventual melhora no ambiente macroeconômico global, 2023 deve ser um ano de consolidação.

Mas como bem lembra o analista, “um ano de consolidação de cripto facilmente pode dobrar de preço. A volatilidade histórica é muito grande”. Só o tempo dirá o que vai acontecer com os mercados, mas a julgar pelo início de ano e pelos próximos gatilhos, os investidores de cripto têm bons motivos para ficarem animados…

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br