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Magazine Luiza (MGLU3): apesar de avanços, cenário desafiador predomina no 4T22 e ações respondem com queda

Aumento das taxas de juros contribui para o prejuízo de R$ 36 milhões da Magalu no 4T22

Por Fernando Ferrer

10 mar 2023, 11:49 - atualizado em 10 mar 2023, 11:49

Imagem de um celular com o logo da Magalu sobreposto a um quadro em vermelho com setas apontadas para baixo em alusão à queda das ações da Magazine Luiza (MGLU3) magalu
Reprodução: Shutterstock

A Magazine Luiza (MGLU3), um dos principais players de e-commerce do país, divulgou na quinta-feira (9) os seus números referentes ao resultado do 4T22, que vieram abaixo da expectativa do mercado. No momento, os papéis caem 9%.

A companhia conta com quatro pilares bem-definidos para a formação de seu ecossistema: Commerce, Logística, Magalu Pay e Magalu Ads, que juntos, foram responsáveis pelo faturamento líquido de R$ 11,1 bilhões no período – crescimento de 18,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Confira o desempenho por vertical

Começando pela vertical de commerce, a Magalu atingiu mais de R$ 13 bilhões em vendas nos canais digitais, o que implica em um crescimento de 16% contra uma queda de 6% do mercado online brasileiro, o que implica em ganho de participação de mercado por mais um trimestre.

Vale lembrar que no 4T21, o crescimento já havia sido de 17%. As vendas do marketplace totalizaram R$ 5 bilhões, amparada pela entrada da plataforma em novas categorias, que já representaram 51% das vendas online no Magalu. No ano, o marketplace foi responsável por R$ 15 bilhões em vendas.

Já as lojas físicas, que historicamente são os motores de rentabilidade da companhia, apresentaram vendas de R$ 5 bilhões no trimestre (+15% contra o 4T21), impulsionadas pela base mais fraca e pela Copa do Mundo.

Dessa forma, o indicador de vendas mesmas lojas decepcionou mais uma vez, apresentando queda de 13,3% no período. No ano, a companhia reduziu em -9,6% o seu parque de lojas, para um total de 1.339.

Para suportar a operação online, onde R$ 4,6 bilhões em vendas (36%) foram oriundas do 3P dos mais de 260 mil sellers, a logística da companhia vem sendo melhorada trimestre a trimestre. Atualmente são 23 centros de distribuição e 246 unidades de cross-docking, além das 1.339 lojas que também são utilizadas para este fim. Com isso, o nível de serviço melhorou e os prazos de entrega foram reduzidos. De acordo com a companhia, 43% das entregas do marketplace foram realizadas em até 48 horas.

Já sobre o Magalu Pay, a fintech processou R$ 25,8 bilhões em transações, crescimento de 15% em 2022. A carteira de crédito avançou  para R$ 20,6 bilhões e a base de cartões atingiu 7,1 milhões. A Luizacred apresentou baixo crescimento e maiores provisões em função do cenário ainda desafiador. O último pilar é o Magalu Ads, plataforma de publicidade do Magalu, que ainda é incipiente.

Cenário macro pesa e MGLU3 tem prejuízo no 4T22

Mesmo com o cenário ruim, a companhia conseguiu avançar a margem ebitda em 3,4 pontos percentuais, para 6% (em linha com o 3T22), em função dos ajustes na operação e da elevação de preços.

O ebitda do trimestre foi de R$ 674 milhões e o resultado líquido foi um prejuízo de R$ 36 milhões, influenciado principalmente pelo aumento da taxa de juros, que impactou o resultado financeiro – esse foi o quinto trimestre seguido de prejuízo reportado pela companhia.

Apesar de pontos positivos no 4T, ambiente não é favorável para MGLU3

Além da divulgação do resultado, a Magalu divulgou que recebeu denúncia anônima tendo por objeto supostas práticas comerciais em desacordo com as suas práticas de compliance. Estima-se que três distribuidores, que representam 3,5% do total dos produtos comprados pela companhia em 2022, estejam envolvidos em práticas ilegais de bonificação.

Apesar da melhoria operacional e da geração de caixa operacional em função de ajustes no capital de giro, o cenário segue desafiador para a companhia e para as demais empresas do setor.

Dessa forma, optamos por acompanhar o desenrolar dessa história de fora. A Magazine Luiza (MGLU3) negocia a 11 vezes o valor da firma sobre o ebitda de 2023.

Sobre o autor

Fernando Ferrer

Graduado em Engenharia Mecânica pela UFRJ e com MBA em Finanças pela mesma instituição, Fernando Ferrer atua na Empiricus como analista de investimentos há 5 anos cobrindo os setores de Varejo, Saúde e Infraestrutura. Atualmente, é responsável pela série best-seller As Melhores Ações da Bolsa e faz parte da equipe que comanda o Carteira Empiricus, o portfólio multimercado que é o carro-chefe da casa.