Criptomoedas

Blockchain: entenda como funciona a principal tecnologia que rege o mercado cripto

Blockchain é uma tecnologia descentralizada e criptografa que é a base do bitcoin e da maioria dos criptoativos. Entenda melhor como funciona uma blockchain.

Por Equipe Empiricus

13 mar 2023, 06:37 - atualizado em 31 jul 2023, 10:17

Imagem representando a blockchain, mostrando uma rede de dados interconectados.

A tecnologia blockchain é a “mãe” de todas as operações descentralizadas, e tem sido apontada como o principal legado do universo cripto.

Além de ser utilizada como base para a criação de diferentes criptoativos, a blockchain é também um importante elo de evolução para todo o sistema financeiro mundial. Seu fator de segurança é considerado extremamente robusto, o que permitirá no futuro que usuários e instituições públicas e privadas se fortaleçam e operem com maior autonomia.

O que é blockchain?

Blockchain é o nome concedido ao ecossistema que rege todas as transações do mercado cripto. O termo é um acrônimo das palavras em inglês “block” e “chain” – que significam, de maneira literal, “bloco” e “corrente”.

Sua principal característica é o fato de atuar de forma descentralizada; ou seja, independentemente da ação humana. Isso acontece graças ao seu complexo sistema de validação. Na prática, trata-se de uma rede open source (código aberto) que trabalha sob a orientação de códigos de validação automatizados.

Esses códigos, por sua vez, impedem que usuários modifiquem ou manipulem as operações – prática que faz da blockchain uma das tecnologias mais seguras que já se teve conhecimento até hoje.

A função mais valiosa da blockchain é o seu grande registo de informações, que age “por conta própria”, de acordo com regras preestabelecidas por cada protocolo. Assim, as transações entre usuários (seja para criptomoedas, seja para validação de contratos inteligentes e outras aplicações) podem ser acessadas a qualquer momento.

Um exemplo prático é a possibilidade de transferir criptomoedas entre países sem a necessidade de acesso ao nome ou à localização exata dos envolvidos. O fator descentralizador permite ainda que as taxas e o câmbio sejam negociados diretamente entre os usuários.

Origem da blockchain

Engana-se quem pensa que o conceito de blockchain surgiu junto às criptomoedas. O primeiro registro por trás dessa tecnologia é datado ainda na década de 1991, quando Stuart Haber e W. Scott Stornetta realizaram experimentos sobre o assunto.

Na época, esse ecossistema era pensado apenas como uma cadeia de blocos criptografada que tolerasse uma transmissão de informações mais segura no recém-nascido ambiente digital. Depois de muitas pesquisas, a ideia só foi tirada do papel em 2008, quando Satoshi Nakamoto – pseudônimo do inventor do Bitcoin – publicou o white paper do projeto.

Para que a criptomoeda pudesse existir, seria necessário criar uma rede que comportasse a descentralização. Nesse sentido, os desenvolvedores do Bitcoin uniram os conceitos iniciais da blockchain com outras ferramentas de automatização, permitindo que a tecnologia pudesse se materializar.

Diferença entre blockchain e Bitcoin

Quando o assunto é universo cripto, é comum que haja confusão entre os termos blockchain e Bitcoin, mas é preciso compreender as diferentes nuances entre eles. Enquanto a tecnologia em si representa um ecossistema, a criptomoeda é um ativo em si.

Todas as criptomoedas existentes hoje são criadas e operam dentro de plataformas complexas regidas pela blockchain. Desde a sua mineração até o processo de transação entre usuários, todas elas não poderiam existir sem a base descentralizada por trás de sua operação.

Ou seja, a blockchain abrange toda a estrutura necessária para fazer o mercado cripto “rodar” em sintonia. É ela a responsável por registrar todas as informações transacionadas online, bem como recompensar os usuários que mantêm a estrutura em perfeito funcionamento.

Como a blockchain funciona?

Por ser um ecossistema de armazenamento de dados, a blockchain funciona como um grande banco de informações capaz de registrar todas as transações envolvendo criptomoedas, contratos e outros mecanismos descentralizados.

Isso é possível graças à função hash, uma solução matemática que codifica um conjunto de números e letras, gerando um algoritmo criptográfico.

Com o auxílio do hash, cada conjunto de informações criptografadas se entrelaça em outro, criando um bloco de dados. Quando um bloco é preenchido por inteiro, todas as transações atreladas a ele são validadas e outro bloco é iniciado, formando uma cadeia de validação de dados condicionada.

É assim também que surge o processo de mineração de criptomoedas, gerando novos ativos e retroalimentando o sistema entre os usuários. A recompensa aos mineradores, por sua vez, ocorre por meio de mecanismos de consenso; os mais utilizados são o Proof of Work (POW) e o Proof of Stake (PoS).

Toda a integração entre os diferentes mecanismos exige que a cada novo bloco descriptografado, um anterior também tenha sido descriptografado – até que a “linha” atinja o primeiro bloco, chamado de Bloco Gênese. Essa operação 100% transparente evita que a blockchain seja modificada ou burlada por hackers.

Principais blockchains do mercado

O universo cripto tem se expandido de maneira acelerada: atualmente, existem mais de 20 mil criptomoedas em circulação no mercado. E o principal ecossistema de transação descentralizada desses ativos é a blockchain – que pode variar suas funcionalidades de acordo com a empresa por trás do projeto.

A principal blockchain em funcionamento no mercado hoje é a Ethereum, plataforma que, diferentemente do Bitcoin, vai muito além de uma simples criptomoeda. Essa rede permite a criação de milhares de tokens e aplicativos descentralizados (dApps), além de servir como uma ferramenta de validação para contratos e outras aplicações.

Tendo sido uma das primeiras e mais importantes blockchains do mercado, serviu como base para a criação e integração de outras redes do tipo. A blockchain da Polkadot, por exemplo, dispõe de mais de 200 projetos sob custódia, despontando como a principal concorrente da Ethereum hoje. Além delas, outras blockchains de destaque são:

  • Terra (LUNA);
  • Cardano (ADA);
  • Solana (SOL);
  • Ripple (XRP);
  • Avalanche (AVAX);
  • Binance Smart Chain (BSC);
  • Stellar (XLM);
  • Chainalysis KYT;
  • IBM Blockchain.

Principais aplicações da blockchain

Apesar de ser popularmente associada às criptomoedas, a tecnologia blockchain tem expandido suas funcionalidades para diferentes tipos de aplicações. Além dos serviços associados ao sistema financeiro, ela pode ser implementada em praticamente qualquer área – com destaque para mecanismos jurídicos e de segurança.

Como a criptografia em blocos pode ser utilizada para praticamente qualquer finalidade, a ciência por trás da blockchain tem sido expandida à medida que grandes instituições e até governos se interessam em modernizar seus sistemas.

A blockchain pode ser pública, privada ou mesmo mista. O mais conhecido entre os métodos é o sistema público, utilizado por usuários do universo cripto a fim de minerar e armazenar criptomoedas. Já um blockchain privado é controlado por empresas e entidades, que controlam o uso do programa. Conheça as principais aplicações em blockchain:

1. Criptomoedas

O uso mais conhecido da blockchain é nas redes de armazenamento e transação de criptomoedas. Esses ecossistemas funcionam de maneira automatizada e sob a regência de blocos criptografados de segurança – como já explicado anteriormente.

Assim, usuários e desenvolvedores trabalham anonimamente, garantindo a transparência das operações sem que haja um órgão centralizador por trás para validar as tarefas. A blockchain Ethereum é o exemplo mais popular desse meio, servindo de base para a criação de milhares de criptoativos.

2. Votações eletrônicas

Ainda em fase de testes, uma das aplicações mais promissoras que podem se beneficiar com o uso da blockchain são as urnas eletrônicas e os sistemas de votação em geral. Por ser considerada uma das tecnologias mais seguras que se tem conhecimento hoje em dia, a blockchain pode ser uma saída para as alegações de fraudes eleitorais mundo afora.

Apesar de funcionar sob código aberto, a blockchain impede a alteração de dados gravados em seu sistema. Ao identificar uma tentativa de invasão, por exemplo, a blockchain “trava” de modo automatizado. Já a auditoria se torna mais prática e barata, uma vez que há menos ruídos para serem analisados.

3. Contratos inteligentes

Os smart contracts atuam de maneira integrada às blockchains, uma vez que possibilitam o armazenamento de regras estruturais que geram validação para as transações envolvendo criptomoedas. Mas para além desse universo, eles podem ser implementados como solução condicionada em empresas de pagamento e no ramo jurídico.

Ainda pouco difundidos em outras áreas, os contratos inteligentes têm tudo para revolucionar diversos serviços do dia a dia, especialmente os cartorários. Com eles, é possível validar contratos de aluguel, certidões de casamento e outras burocracias de forma otimizada.

4. Armazenamento em nuvem

Outra aplicação que viu na blockchain a oportunidade de se modernizar é o conceito de nuvem. Esse tipo de armazenamento tem sido cada vez mais adotado por empresas a fim de centralizar ações e tarefas, e agora pode se fortalecer ainda mais com a segurança e a automatização que a tecnologia descentralizada pode prover.

Ao utilizar um armazenamento descentralizado, as companhias economizam em infraestruturas privadas, reduzindo custos e otimizando as entregas. No longo prazo, a nuvem de blockchain pode ser integrada a outras aplicações e até mesmo serviços internacionais sem a necessidade de pagamento de taxas e demais burocracias.

5. Supply Chain

Por fim, os serviços de coleta de dados também são beneficiados pela expansão das funcionalidades da blockchain. Isso porque há maior clareza e rapidez no processo de mapeamento e captação de informações, uma vez que a tecnologia blockchain opera de maneira automatizada.

Empresas de grande renome no mercado internacional – Toyota, Walmart, Nestlé e IBM – já se utilizam desse mecanismo para gerir suas cadeias de suprimento, e o resultado não poderia ser mais positivo. Ao utilizar um serviço de supply chain pré-programado, há maior controle e transparência e menor risco de perda ou alteração dos dados.

Impacto da blockchain na tecnologia e nas finanças

Como é possível observar, as possibilidades envolvendo a blockchain são inúmeras. O universo cripto é ainda muito novo e expansivo, permitindo que diversas aplicações ganhem corpo à medida que empresas e instituições invistam em novas frentes de mercado.

Especialistas apontam a blockchain como uma ciência disruptiva, uma vez que ela abriu portas para um novo jeito de transacionar ativos e validar protocolos digitais. Assim, o ecossistema blockchain vem conquistando cada vez mais espaço, já sendo apontado como um dos instrumentos mais seguros do mundo.

A criptografia por trás das validações desse sistema elimina um dos principais problemas do mundo financeiro: a alteração de dados digitais e a cópia de informações relacionadas às transações. Isso porque a blockchain é descentralizada e funciona sob mecanismos automatizados, eliminando etapas burocráticas e possíveis erros humanos.

O impacto dessa tecnologia já pode ser sentido de diversas formas, possibilitando a criação de ferramentas que funcionam independentemente das instituições – como o PIX e o Open Banking. Essas aplicações devem revolucionar a forma como bancos e usuários interagem entre si na hora de realizar operações financeiras.

Dentro os pontos positivos que a blockchain tem a oferecer, destacam-se:

  • Confiabilidade e transparência nas transações;
  • Democratização do acesso à plataformas descentralizadas;
  • Poder de decisão na mão do usuário;
  • Otimização de processos burocráticos;
  • Validação instantânea;
  • Facilidade de integração entre empresas e softwares;
  • Registro de dados inalterável;
  • Redução de custos em taxas de transferência;
  • Criação de novos ativos e investimentos.

Perspectivas para o futuro da blockchain

Diante de inúmeros caminhos que ainda podem ser traçados, é possível afirmar que a blockchain desponta como o carro-chefe do novo marco da internet – sendo apontada como a principal base para a web 3.

Enquanto empresas do setor financeiro são as primeiras a experimentar essa tecnologia de forma direta, governos e instituições jurídicas se preparam para também usufruir das funcionalidades. É o caso de El Salvador, que recentemente adotou o Bitcoin como moeda oficial, e do Japão, que regulamentou o uso de tecnologias descentralizadas.

Os setores comerciais e de marketing também se preparam para adotar a blockchain como base para suas estruturas digitais. De acordo com uma pesquisa da PwC, 11% das empresas hoteleiras e 6% das empresas automotivas já investem na tecnologia. Também se destacam como clientes as companhias de saúde, energia e varejo.

Tendo a capacidade de gerenciar contratos inteligentes, a blockchain pode ser uma solução e tanto para a gestão de negociações envolvendo direitos autorais, streaming e projetos culturais. Assim, é possível que logo seja implementado pela indústria da música e das artes digitais.

Por fim, especialistas apontam a tecnologia blockchain como um impulsionador para economias emergentes. De acordo com um artigo da Harvard Business Review, dois pesquisadores reportaram que a blockchain pode ajudar o setor bancário a avançar em áreas onde os serviços financeiros tradicionais não foram capazes de chegar.

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