Times
Investimentos

Arezzo (ARZZ3) e mais duas: veja as ações do setor de varejo de moda que estão em ‘ponto de entrada muito bom’, segundo analista

Apesar da alta dos juros castigar as ações do setor em 2023, ainda existem boas opções na Bolsa; veja quais são

Por Juan Rey

29 mar 2023, 17:14 - atualizado em 29 mar 2023, 18:27

Arezzo (ARZZ3) setor de varejo de moda
Imagem: Arezzo

Se você é um investidor antenado, provavelmente sabe que os momentos de baixa do mercado podem apresentar diversas oportunidades de compra – desde que se invista em boas empresas. 

Neste contexto, a analista Larissa Quaresma, da Empiricus Research, vê o cenário atual como ideal para comprar ações do setor de varejo de moda que estão “muito baratas, como não se via há anos”.

Não é novidade que as empresas do setor estão sofrendo com as condições macroeconômicas atuais – mais precisamente a taxa Selic em 13,75% ao ano. 

Por conta disso, ações de companhias de qualidade caíram muito e estão sendo negociadas a valores atrativos. Ou, como é comum dizer no mercado, estão em excelente “ponto de entrada”. 

“Quando se vai investir em uma empresa, a variável mais importante para determinar o retorno é quanto se paga para entrar, e neste momento está bem interessante”, afirma Larissa.

No entanto, a analista explica que o fato das ações estarem em bom ponto de entrada não significa que elas irão se valorizar de uma hora para a outra. O investidor precisa, mais do que nunca, escolher bem as empresas e ter paciência neste cenário de aperto monetário.

Quais são as varejistas de moda que valem seu investimento?

A Empiricus Research recomenda três ações do setor: Arezzo (ARZZ3), Track & Field (TFCO4) e Vivara (VIVA3)

E por que cada uma delas? Veja as explicações da analista:

  • Arezzo (ARZZ3): “A gente gosta bastante de Arezzo, é uma empresa que tem baixa alavancagem. Ela é praticamente caixa líquido, tem mais caixa do que dívida. O juro alto não faz muita diferença para a companhia, que trabalha com alta renda, um segmento que mesmo com a atividade econômica desacelerando, tem uma sensibilidade menor do que quem trabalha com rendas mais baixas”, analisa Larissa. 
  • Track & Field (TFCO4) e Vivara (VIVA3): “São duas small caps, empresas para quem tem um apetite a risco maior. As ações de pequena capitalização e liquidez, por mais qualidade que os negócios tenham, podem continuar sofrendo no curto prazo por essa característica técnica – não de fundamento. Por causa disso elas estão mais descontadas, mas são mais arriscadas. Para quem tem um pouco mais de paciência e tolera mais tempo com perdas, elas podem ter um upside (potencial de alta) muito maior no longo prazo. São empresas que têm operações tão boas quanto Arezzo”, explica.

Por que o setor de varejo está sofrendo? 

Como foi comentado acima, o principal motivo são as altas taxas de juros praticadas no Brasil. “Você tem o juros subindo de um lado, de outro tem a economia doméstica se contraindo”, esclarece Larissa. 

“Se não fosse o nosso volume de exportações, muito provavelmente estaríamos em recessão. O varejo está contraindo, só diminuindo com o tempo, e aí quando você sobe o juro e a empresa está muito endividada, fica difícil para ela”, avalia. 

Portanto, a combinação nada agradável de menor receita e alta despesa de juro é o que tem feito as ações das empresas do setor despencarem em 2023. 

Para se ter um exemplo, esses são os desempenhos de algumas ações das gigantes do varejo de moda em 2023: 

  • Marisa (AMAR3): -48%
  • Alpargatas (ALPA4): -43%
  • Guararapes (GUAR3): -31%

É importante frisar que, em alguns casos, o desempenho ruim também é explicado por problemas operacionais enfrentados pelas companhias. Ainda assim, o impacto das taxas de juros é inerente a setores cíclicos, como é o caso do varejo de moda. 

Por isso, embora o setor como um todo esteja barato, é importante analisar cada uma das empresas individualmente para saber aquelas que, passado o momento difícil, vão conseguir ‘decolar’. 

Quando o ambiente deve melhorar para o setor?

É claro que essa é a pergunta que todos os analistas e investidores gostariam de responder, mas não é tão simples assim…

É possível afirmar que, por enquanto, os resultados trimestrais das varejistas de moda ainda não estão caóticos – mas vão ficar e o mercado já precificou isso. 

Ou seja, as ações já estão sendo negociadas a preços descontados antes mesmo dos resultados serem fortemente afetados. O movimento é natural, já que o mercado antecipa tendências. 

Do mesmo modo, no momento em que o mercado enxergar que os resultados das empresas vão melhorar – junto com o consumo das famílias no varejo – as ações tendem a subir. 

“Isso provavelmente vai acontecer quando o Banco Central enxergar que a inflação está controlada e sinalizar para o mercado que o juro vai cair. Se o BC sinalizar isso, essas ações tendem a subir, porque todo mundo quer comprar antes para lucrar quando acontecer de fato”, explica a analista. 

A expectativa do mercado é que este movimento de corte da Selic ocorra em algum momento do segundo semestre. 

Pela imprevisibilidade do cenário, a recomendação da Empiricus Research é que o investidor esteja comprado em empresas de qualidade – em um portfólio devidamente diversificado – para que, quando a hora chegar, consiga aproveitar o movimento de alta. 

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br