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MRV (MRVE3): prévia do 1T23 mostra princípio de recuperação, mas queima de caixa persiste

Com um forte ritmo de lançamentos no final do 4T22, as vendas líquidas da MRV cresceram 20,5% na comparação anual e elevou seu ticket médio; confira avaliação dos indicadores da prévia

Por Caio Araújo

13 abr 2023, 11:00 - atualizado em 13 abr 2023, 11:00

A MRV&Co foi outra companhia que divulgou a prévia operacional de resultados nesta quarta (12), com números mistos.

Na MRV Incorporação, os lançamentos totalizaram R$ 637 milhões de Valor Geral de Vendas (VGV), queda de 39% na comparação anual. Com um forte ritmo de lançamentos no final do 4T22, as vendas líquidas atingiram R$ 1,8 bilhão, crescimento de 20,5% na comparação anual e maior valor histórico em um primeiro trimestre

Novamente, a companhia chamou atenção para a elevação do ticket médio, que saltou 24,8% na comparação anual e 4,9% em relação ao 4T22. Essa linha é essencial para a recuperação da margem bruta de novas vendas, que foi um ponto de atenção nos últimos anos.

Mesmo com a elevação nos preços, a companhia foi capaz de atingir um indicador de Vendas Sobre Oferta (VSO) razoável de 14%, registrando leve aumento em relação aos trimestres anteriores.

Ainda que os resultados tenham avançado um pouco, a MRV (Incorporação, Luggo e Urba) continua com queima de caixa, na ordem R$ 208 milhões neste 1T23. 

A operação norte-americana (Resia) registrou nova desaceleração, com redução dos lançamentos (R$ 293 milhões) e sem venda de propriedades. Com isso, aliado ao avanço na construção de projetos já existentes, houve uma queima de caixa de R$ 580,6 milhões no período. 

Vale lembrar que a Resia recentemente passou por um processo de reestruturação, com um lay-off de 25% do quadro de funcionários. Apesar do segmento multifamily ter bom desempenho histórico nos EUA, temos uma visão cética sobre a rentabilidade de curto prazo da empresa neste momento, seja na locação ou na venda de empreendimentos.

O bom volume de vendas no primeiro trimestre já tinha sido abordado pela administração e foi comprovado na prévia dos resultados. Essa pequena melhora operacional, aliada à expectativa de melhora dos programas habitacionais (MCMV e Pode Entrar, por exemplo), estimulam um princípio de recuperação para a MRV.

Ainda assim, nossa visão sobre o papel de MRVE3 segue neutra, com viés negativo para a performance operacional de curto prazo, pautada na dificuldade de recuperação das margens e, principalmente, nos desafios com o elevado endividamento. 

Sobre o autor

Caio Araújo

Administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV) e profissional da Empiricus Research desde 2016. Com certificação CNPI, é o analista de Real Estate e responsável pela série Renda Imobiliária, que atua no mercado de fundos de investimento imobiliários.