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Mercado em 5 minutos

Semana começa com atraso do arcabouço, resultados corporativos dos EUA e dados da atividade chinesa

Confira as principais notícias que mexem com o seu bolso nesta segunda-feira (17)

Por Matheus Spiess

17 abr 2023, 08:41 - atualizado em 17 abr 2023, 08:41

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Fonte: Unsplash

Bom dia, pessoal. Lá fora, a maioria das ações asiáticas não teve uma segunda-feira muito movimentada, após comentários agressivos de autoridades do Federal Reserve no final da semana passada, enquanto os mercados chineses tiveram um desempenho levemente superior, já que a autoridade monetária da China manteve as taxas de juros de médio prazo em 2,75% antes de uma série de leituras econômicas (PIB do primeiro trimestre). 

O movimento nos mercados europeus e futuros americanos não é uníssono, entregando nesta manhã altas e baixas, pelo menos por enquanto. A semana é agitada no exterior, uma vez que além da temporada de resultados, contamos também com o Livro Bege do Fed na quarta-feira. Algumas falas de autoridades monetárias também fazem parte da agenda. Por aqui, ainda aguardamos a formalização do arcabouço. 

A ver… 

· 00:38 — Um pouco atrasado, como de costume 

No Brasil, enquanto esperamos pelo IBC-Br de janeiro, que serve como proxy do PIB e deve registrar queda de 0,30% na comparação mensal, ficamos na expectativa pela formalização do arcabouço fiscal, que era para ter sido entregue ao Congresso na sexta-feira, mas teve um atraso para hoje (não podia ser entregue no prazo certo, né?). 

Como já conversamos, o cenário-base é de rápida aprovação nas casas legislativas. Tanto o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, como o da Câmara, Arthur Lira, se mostraram confiantes com a tramitação célere do projeto, visto pelos parlamentares como um assunto de interesse do país. Quanto antes virarmos essa página, melhor. 

· 01:09 — O que está na cabeça dos americanos? 

Nos EUA, a semana será repleta de resultados corporativos do primeiro trimestre, com nomes entre hoje e amanhã como Charles Schwab, Bank of America, Goldman Sachs, Johnson & Johnson, Lockheed Martin, Netflix e United Airlines. Fora isso, temos ASML, IBM, Morgan Stanley e Tesla, na quarta-feira, American Express, AT&T, Taiwan Semiconductor Manufacturing e Union Pacific, na quinta-feira, e Freeport-McMoRan e Procter & Gamble, na sexta-feira. Grandes empresas podem nos contar um pouco mais sobre o desempenho econômico americano no primeiro trimestre. 

Os destaques econômicos incluem o principal índice econômico do Conference Board para março, na quinta-feira, e os índices de gerentes de compras de manufatura e serviços da S&P Global para abril, na sexta-feira. Também haverá vários indicadores da atividade do mercado imobiliário, como o índice do mercado imobiliário da National Association of Home Builders de abril, na segunda-feira, as novas estatísticas de construção residencial do Census Bureau de março, na terça-feira e as vendas de casas existentes da National Association of Realtors de março, na quinta-feira. 

· 02:01 — E o início da temporada na sexta-feira? 

Na última sexta-feira, os maiores bancos dos EUA iniciaram a temporada de resultados corporativos, revelando que obtiveram bons lucros no último trimestre. Acontece que os aumentos das taxas do Fed, que significaram a ruína de batatas fritas menores, como o Silicon Valley Bank e o Signature Bank, foram uma bênção para os grandes, pois eles podiam cobrar mais pelos empréstimos, além de captar mais na margem. 

O JPMorgan, o maior dos grandes, registrou receita recorde e viu seus lucros dispararem para US$ 12,6 bilhões, 52% a mais do que no mesmo trimestre do ano passado. O Citigroup, o terceiro maior banco dos EUA, teve lucro de US$ 4,6 bilhões, 7% a mais do que no primeiro trimestre de 2022. Por fim, o Wells Fargo, o quarto maior, manteve a alta com um aumento de 32% nos lucros do primeiro trimestre. 

Isso significa que os gigantes bancários sobreviveram ao caos causado pelas maiores falências bancárias desde 2008, não apenas ilesos, mas mais fortes. Embora haja algum debate sobre se eles serão capazes de manter os muitos novos depósitos que surgiram dos credores regionais, o ambiente ficou mais otimista. Ainda assim, as preocupações com uma recessão continuam. 

· 03:05 — A atividade chinesa 

Durante a noite de hoje, teremos os números de crescimento chinês do primeiro trimestre de 2023. Espera-se que os dados mostrem que a economia chinesa se recuperou depois que o país retirou a maioria das restrições anti-Covid. Espera-se que a economia da China tenha crescido 4% no primeiro trimestre deste ano. 

O dado vem logo depois que o Banco Central da China (Banco Popular da China) manteve a taxa de juros inalterada, como falamos anteriormente. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária continuou a distribuir medidas de liquidez, uma vez que algumas facetas da economia ainda lutam para se recuperar. 

Para isso, o BC realizou injeções de liquidez de 170 bilhões de yuans, menor que o consenso de mercado de 220 bilhões de yuans e superior ao valor de vencimento de 150 bilhões de yuans. Esse movimento sinaliza que a autoridade não está particularmente preocupada com a recuperação da economia chinesa. 

· 04:10 — O problema da dívida 

A visão consensual nas reuniões de primavera da semana passada do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial foi de que o mundo saiu da pandemia com um problema de dívida. 

Há muito com o que se preocupar no impasse político sobre o teto da dívida dos EUA e os perenes problemas de dívida interna da China. Mas é a preocupação com os problemas de dívida de nações empobrecidas que mais chama a atenção. 

O progresso incremental sobre o caminho que o mundo deve seguir para ajudar a reestruturar a dívida dos países de baixa renda foi qualificado como uma vitória. O que realmente significou foi pouco mais do que um acordo entre a China, o FMI e o Banco Mundial para manter vivas as discussões sobre outros pontos críticos. 

O problema não é apenas que o dinheiro prometido não está fluindo para os países pobres que precisam dele. É também que as realidades cruéis do mundo estão esmagando a pouca ajuda que receberam. A questão da dívida dos países deverá ser central ao longo dos próximos anos. 

Um abraço,

Matheus Spiess

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.