Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos operaram boa parte da quinta-feira (27) em queda, acompanhando os sinais mistos de Wall Street durante a noite, mas conseguiram reverter a situação, ainda que timidamente, na reta final do dia. O temor seria com a saúde do setor financeiro dos EUA, que poderia eventualmente acabar provocando uma recessão de proporções bem negativas — a perspectiva de aumento das taxas de juros por lá também estava prejudicando o ânimo.
Diversas reuniões de autoridades monetárias se aproximam, com destaque especial para o Banco do Japão (BoJ), o Federal Reserve (Fed) dos EUA, o BC do Brasil, o Banco da Inglaterra do Reino Unido e o Banco Central Europeu da Zona do Euro, o que provoca ansiedade. Os mercados europeus e os futuros americanos sobem nesta manhã, no aguardo do PIB americano e digerindo o bom resultado de Meta. Nem a frustração com o sentimento empresarial europeu parece atrapalhar o dia.
A ver…
· 00:45 — Depois da prévia da inflação e do resultado da Vale
No Brasil, ficamos com a digestão do resultado de Vale, que não foi lá grande coisa — as ações caíram no after hours de ontem em NY e voltam a cair no pre-market desta manhã. O lucro da companhia foi de US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre, abaixo da mediana das estimativas, que esperavam algo como US$ 2,0 bilhões no período, enquanto a receita e o Ebitda ficaram em linha. O desempenho da Vale deve pesar sobre o Ibovespa no pregão de hoje, muito por conta de sua participação no índice.
Além da temporada de resultados, contamos com alguns dados interessantes, como o volume de serviços, a entrega do patamar de emprego pelo Caged e o resultado primário do governo. Adicionalmente, será interessante ver a participação de Roberto Campos Neto mais uma vez no Senado hoje, junto da companhia de Fernando Haddad e Simone Tebet, principalmente depois do IPCA-15 de abril ter vindo abaixo do esperado, em 4,16% na comparação anual. O debate deverá ser importante.
Afinal, ainda que a inflação esteja desacelerando, sabemos que ela só o fará até junho, provavelmente, muito por conta do efeito base contra a segunda metade de 2022, devendo acelerar novamente no segundo semestre. Como se isso não bastasse, a média dos núcleos permanece alta, em 7,40% na base anual. Isso é estruturalmente preocupante e comprova que o BC ainda tem trabalho a ser feito. Por isso, mantenho minha interpretação que o corte só virá na reunião do Copom de agosto.
· 01:59 — Social media comeback
Nos EUA, as ações das Big Techs subiram após relatórios trimestrais positivos — a Microsoft foi a maior vencedora do dia, subindo 7,2% no pregão. Agora, quem chama a atenção e deverá ser o nome desta quinta-feira é Meta, que subiu cerca de 1% ontem e saltou mais de 10% depois do mercado com um resultado acima do esperado.
A dona do Facebook e de outras redes sociais, que tanto sofreu no ano passado, surpreendeu os investidores com um lucro por ação de US$ 2,20, acima da expectativa. Os usuários ativos diários do Facebook subiram 4%, para 2,04 bilhões, enquanto as pessoas ativas mensais avançaram 2%, para 2,99 bilhões. Dessa forma, a companhia deu guidance de receita para 2023 de US$ 86 bilhões a US$ 90 bilhões.
Como não poderia deixar de ser, o desempenho da gigante será importante para os investidores americanos no pregão de hoje. Estamos no auge da temporada de resultados do primeiro trimestre e há muitos fundamentos nos quais focar. Na agenda, contamos hoje com os números de Amazon, Bristol Myers Squibb, Hershey, Intel, Mastercard,Mondelez International, S&P Global e T-Mobile.
· 02:58 — E o PIB?
Ainda em solo americano, teremos a estimativa preliminar do produto interno bruto do primeiro trimestre dos EUA. O consenso é que o PIB tenha crescido a uma taxa anual ajustada sazonalmente de 1,8%, após um aumento de 2,6% no quarto trimestre e de 2,1% em todo o ano de 2022. Claro, muito provavelmente esse número será revisado em outras janelas de apresentação do PIB, mas ainda assim é um dado relevante.
Podemos dizer que a economia americana desacelerou no primeiro trimestre. Os dois anos de crescimento negativo do salário real, transferindo renda dos consumidores para as empresas, a redução da poupança e o aumento da dívida do cartão de crédito estão limitando o desenvolvimento. Com o processo de aperto monetário de hoje, uma recessão, mesmo que breve, dificilmente será evitada.
· 03:37 — O teto da dívida
Um dos grandes temas deste trimestre é o teto da dívida dos EUA. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, apresentou um projeto de lei que aumentaria o teto da dívida de US$ 31,4 trilhões em US$ 1,5 trilhões, além de limitar os gastos federais, o que seria suficiente para evitar um calote até pelo menos 31 de março de 2024. A lei foi aprovada por McCarthy, que conseguiu votos suficientes de seus colegas do Partido Republicano ontem. O problema é o próximo capítulo.
Em tese, o projeto de 320 páginas aumenta o teto da dívida enquanto propõe cortes severos nos gastos — estima-se que corte os déficits orçamentários em US$ 4,5 trilhões nos próximos 10 anos, trazendo os gastos de volta aos níveis de 2022 e limitando o crescimento futuro dos gastos em 1% ao ano na próxima década. Contudo, entende-se que ele seja apenas um primeiro passo para negociar com mais margem com o presidente Biden, que não vai permitir que o texto fique dessa forma no Senado.
· 04:27 — O debate sobre carros elétricos
O debate sobre carros elétricos está ganhando tração novamente no exterior. Para ilustrar, visando lidar com as mudanças climáticas, o governo americano propôs recentemente novas regras para transformar a indústria automobilística em uma muito mais focada em veículos elétricos. A ideia é promover as maiores mudanças no setor desde que Henry Ford e seu Modelo T, almejando que 67% de todos os carros novos de passageiros vendidos nos EUA sejam elétricos até 2032.
As principais montadoras já começaram a investir muito dinheiro na produção de veículos elétricos, mas disseram que as vendas exigirão fatores além de seu controle, como melhor infraestrutura de carregamento do país e cadeias de suprimentos de baterias — hoje, estudos indicam que 47% dos americanos disseram que provavelmente não escolheriam um EV para seu próximo carro. Mais iniciativas devem ser observadas em outras regiões do mundo, como Europa e China.