O investidor e ex-diretor da Coinbase Balaji Srinivasan viralizou no último mês ao apostar US$ 2 milhões que o bitcoin baterá US$ 1 milhão até o dia 17 de junho.
A aposta do investidor indiano se baseia na possibilidade de os Estados Unidos enfrentarem uma crise que levaria a um cenário de hiperinflação, com forte desvalorização do dólar.
Assim, o mercado se voltaria para o bitcoin, o que faria o preço da criptomoeda disparar e atingir o patamar milionário.
A aposta foi feita no dia 17 de março com dois usuários do Twitter, e firmada por um smart contract (contrato inteligente).
Cenário (muito) improvável, mas não impossível
Para o head de criptomoedas da Empiricus Research, Vinicius Bazan, embora o bitcoin seja um ótimo investimento, o cenário é improvável.
Por outro lado, os EUA vivem uma posição fiscal desafiadora que pode desencadear uma série de problemas. Como mostra o gráfico abaixo, a dívida do governo norte-americano é 29% maior do que tudo que o país consegue produzir em 1 ano.
“Em outras palavras, a conta não fecha”, explica Bazan. Um possível calote da dívida teria um efeito terrível para a economia americana.
“A combinação de posição fiscal esticada, corpo político interno dividido, somados a um dólar que tem sua soberania progressivamente desafiada por acordos comerciais entre os chineses, os países emergentes e outras nações, torna essa hipótese algo plausível”, diz o analista.
Por esses fatores, o mercado passou a precificar o risco de calote através dos CDSs (credit default swaps), um seguro contra o calote da dívida.
Na última segunda-feira (24), os CDSs apontavam 2% de chance de haver calote até junho. “Caso você esteja se perguntando, isso não é pouco”, responde Bazan.
Como se não bastasse, o lendário investidor norte-americano Warren Buffett tomou as manchetes na última semana ao afirmar que a crise bancária norte-americana ainda não acabou.
Será o calote das dívidas o fator que levaria a uma maior quebradeira dos bancos? “Difícil de dizer”, aponta Bazan.
“Estamos vendo uma evasão de dinheiro das contas de depósitos, tanto em “bancões” quanto em bancos americanos menores, o que dificulta ainda mais a atividade de empréstimos do setor, bem como a sua situação financeira em um cenário em que os juros ficaram rapidamente maiores”, explica.
Bom, se a aposta de Srinivasan é improvável, ao menos a intuição do investidor é boa. Nos primeiros meses de 2023, a consequência da quebradeira dos bancos foi a disparada do bitcoin.
Uma nova crise poderia ocasionar uma nova alta da criptomoeda, embora o valor de US$ 1 milhão seja extremamente otimista.
Bitcoin já subiu 75% no ano e é recomendação de compra da Empiricus Research
Fato é que, ainda que a possibilidade de o bitcoin chegar a US$ 1 milhão no curto prazo seja pequena, o principal criptoativo do mercado já subiu quase 75% no ano, e está cotado a US$ 29.015 na manhã desta quinta-feira (27). Nada mal, né?
A Empiricus Research recomenda uma posição majoritária em bitcoin (BTC) em uma carteira de criptomoedas, que deve corresponder a uma pequena parcela do patrimônio total do investidor.