Na noite de ontem (2), a Iguatemi (IGTI11) divulgou seus resultados operacionais do 1T23, com números em linha com nossas expectativas.
A companhia registrou recorde histórico de vendas totais para o primeiro trimestre de 2023, somando um montante de R$ 3,9 bilhões, crescimento de 16,8% na comparação anual. O indicador vendas nas mesmas lojas (SSS) registrou alta de 15% no intervalo, com destaque para os segmentos de entretenimento, alimentação e serviços. Seguindo a boa performance, o aluguel nas mesmas lojas (SSR) foi de 19,7%, apresentando forte crescimento real.
A taxa de ocupação média foi de 92,7%, praticamente estável em relação ao 4T22. Diante do efeito da sazonalidade, consideramos um resultado trimestral marginalmente positivo, mas vale ressaltar que a vacância permanece em patamar acima das nossas expectativas e esperamos uma redução de áreas vagas ao longo dos próximos trimestres.
O custo de ocupação aumentou 0,4 p.p. e se manteve equilibrado na casa de 13,2%, alinhado à média histórica da companhia no primeiro trimestre.
No total, a receita líquida atingiu R$ 270 milhões no trimestre, crescimento de 18,3% em relação ao 1T22.
Na parte digital (I-Retail e Iguatemi 365), a receita líquida atingiu R$ 30,2 milhões, aumento de 16,1% vs 1T22. A queima de caixa deste trimestre foi de R $ 7,2 milhões, moderada se comparada aos trimestres anteriores. A companhia trouxe novas iniciativas de promoção do Iguatemi One (entrada de 27 mil clientes ativos para o programa de fidelidade) e de melhoria de margem no Iguatemi 365, a fim de atingir o breakeven nos próximos trimestres.
Com isso, o Ebitda da Iguatemi alcançou R$ 198,9 milhões, 31% acima do 1T22, com boa recuperação de margem para 69,5%, em linha com o piso do guidance divulgado pela companhia no início do ano.
Na linha financeira, o resultado foi negativamente impactado pelo aumento nas despesas com juros (reflexo da elevação da taxa de juros), o que proporcionou prejuízo de R$ 65,9 milhões no trimestre.
A Iguatemi encerrou o trimestre com um múltiplo Dívida líquida/Ebitda de 2,4x, nível alinhado a sua média dos últimos anos. Em março, a empresa contratou um crédito imobiliário no valor de R$ 667 milhões a um custo final de 99,95% do CDI e prazo médio de 11 anos. A nova emissão possibilitou reduzir o custo da dívida (de 106% para 102,8% do CDI) e elevar o prazo médio para 4,2 anos.
Por fim, o FFO (Fluxo de caixas operacional) ajustado foi de R$ 110,8 milhões, aumento de 43,6% na comparação anual. Nesta linha, foram desconsiderados os efeitos não recorrentes (linearização dos descontos, variação das ações de Infacommerce e SWAP de ações, principalmente) que correspondem a aproximadamente R$ 20 milhões.
Após a divulgação dos resultados, a Iguatemi lançou oficialmente seu novo projeto: o bairro Casa Figueira. O empreendimento consiste na infraestrutura de um bairro com 66 lotes urbanizados em torno do Iguatemi Campinas, um dos principais shoppings do portfólio. A estimativa é de um VGV total de R$ 10 bilhões, sendo que a Iguatemi irá investir aproximadamente R$ 70 a R$ 80 milhões (Capex). A receita potencial é de R$ 350 milhões a R$ 400 milhões ao longo dos próximos 15 anos.
Em geral, o mercado já esperava uma boa performance de Iguatemi, acompanhando a recuperação do setor, e os números corresponderam às expectativas. Contudo, vale mencionar que a base comparativa do período (1T22) ainda é relativamente frágil, visto que a variante Ômicron do Covid-19 provocou um pico de infecções no início do ano passado, prejudicando o comércio.
As vendas de abril da Iguatemi lustram leve desaceleração, com crescimento de 8,3% na comparação anual, mas ainda melhores que o par Multiplan (MULT3). Negociando 12 vezes FFO para 2023, a ação de IGTI11 segue com recomendação de compra nas séries da Empiricus.