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Mercado em 5 minutos

Na espera do IPCA, mercado se volta para a temporada de resultados do 1T23; veja os destaques desta segunda (8)

Pesos-pesados como o Itaú (ITUB4) divulgam seus balanços nesta segunda; enquanto isso, mercado espera pelos dados de inflação e pela ata do Copom

Por Matheus Spiess

08 maio 2023, 08:49 - atualizado em 08 maio 2023, 08:50

Ibovespa mercado em 5 minutos ipca 1t23
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos iniciaram a semana em alta, impulsionados pelo rali de sexta-feira em Wall Street, que foi alimentado por uma forte recuperação nos bancos regionais americanos e dados de empregos otimistas. Naturalmente, os investidores permanecem cautelosos diante da possibilidade de uma nova agitação no sistema financeiro dos EUA após a turbulência da semana passada. Os mercados europeus e os futuros americanos amanhecem igualmente em alta. 

A semana será dominada por dados de inflação no Brasil e nos EUA, além de outras notícias importantes do mercado financeiro global, como a decisão de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE), que deverá manter sua postura dura, em linha com os seus pares internacionais. Além disso, vários membros do Fed (EUA) e do BCE (Zona do Euro) têm falas previstas para os próximos dias, o que pode influenciar as expectativas para as taxas de juros dessas instituições. 

A ver… 

· 00:44 — Formando expectativas para o arcabouço e para o IPCA de abril 

No Brasil, os investidores devem se debruçar amanhã sobre a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que trará mais detalhes sobre a postura da autoridade monetária. Fora isso, contamos com a continuidade da temporada de resultados, com nomes pesados para o Ibovespa, como Itaú (hoje) e Petrobras (quinta-feira). Outro fator interessante é a escolha dos novos diretores do BC, que devem representar um meio do caminho entre o Banco Central e o Poder Executivo. 

Enquanto esperamos pela votação do arcabouço fiscal, que só deve acontecer semana que vem na Câmara — quando Fernando Haddad e Lula voltarem da reunião do G7, no Japão —, podemos digerir com calma a inflação oficial de abril. O IPCA deve desacelerar de 0,71% em março para 0,55% em abril, na comparação mensal, em linha com a prévia (IPCA-15). O indicador deve continuar desacelerando até junho para voltar a acelerar no segundo semestre. 

· 01:30 — Depois dos dados de emprego da semana passada 

Nos EUA, os dados de payroll (relatório mensal de emprego) mostraram revisão nos números de fevereiro e março, com o resultado de abril vindo em linha com as expectativas. O relatório mostrou a abertura de 253 mil vagas em abril, acima das projeções (185 mil), enquanto a taxa de desemprego caiu de 3,5% para 3,4% — a taxa caiu com a manutenção da taxa de participação e com a contratação de pessoas. 

O que mais chamou a atenção foi o crescimento de 0,48% do salário médio por hora, também acima das expectativas, o que é inflacionário. Como o Fed agora é totalmente “data dependence” (dependente de dados), o número não é muito bom por favorecer uma inflação elevada. Ao mesmo tempo, dá vigor para a perspectiva de uma economia forte e ainda um pouco distante de uma recessão.  

Por isso, o barulho dos formuladores de política monetária nesta semana deve interessar os participantes do mercado. Paralelamente, a secretária do Tesouro, Janet Yellen, está alertando para a possibilidade de uma crise por causa da questão envolvendo o teto da dívida. Tanto as falas como qualquer resolução envolvendo a queda do teto pode trazer volatilidade para a curva de juros lá fora. 

· 02:29 — E a inflação americana 

Ainda nos EUA, também contamos com o relatório de inflação de abril, previsto para 10 de maio. Do ponto de vista internacional, pode ser o principal evento da semana, com projeções apontando para um aumento de 0,4% na comparação mensal e 5,5% na anual. Se vier mais fraco ou até mesmo em linha, podemos ter mais um vetor que favorece a tese do fim do ciclo de aperto monetário do Fed. 

Complementarmente, na quinta-feira (11), teremos o índice de preços ao produtor para o mês de abril, que deverá continuar desacelerando para 2,5% na comparação anual de 2,7% do mês anterior. Não podemos nos enganar, contudo, com os movimentos ao produtor. Ainda que eles indiquem para mais desacelerações do índice ao consumidor em um segundo momento, o nível dos preços ainda é preocupante. 

· 03:19 — Questões europeias 

O Banco da Inglaterra (BoE) anunciará na quinta-feira a sua decisão sobre a política monetária. Espera-se que ele aumente a taxa de juros em 25 pontos-base, para 4,5% ano, ano, em linha com o que o BCE fez. O Reino Unido tem enfrentado uma inflação de dois dígitos há meses, com o índice superando 10% em março em relação ao ano anterior, o que o torna o único país da Europa Ocidental com uma taxa de inflação de dois dígitos. A inflação alta e o mercado de trabalho devem manter apertada a política. 

Enquanto isso, a União Europeia está considerando sanções contra sete empresas da China, algo que os Estados Unidos já fizeram, mas a UE ainda não. Isso pode prejudicar adicionalmente as relações entre a UE e a China, que já enfrentam discordâncias em questões comerciais e de direitos humanos — as empresas são acusadas de violações dos direitos humanos, incluindo trabalhos forçados em Xinjiang (um tema já debatido há algum tempo).  

· 04:01 — Se preparando para a próxima pandemia 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da emergência global de saúde Covid-19 na sexta-feira. Com isso, os EUA anunciaram que vão parar de contar casos. Embora a decisão de baixar o nível de alerta seja amplamente simbólica, uma vez que a maior parte do mundo já reabriu e se ajustou para conviver com o vírus, que matou mais de 20 milhões de pessoas desde que foi descoberto em Wuhan, na China, em 2019, é um passo importante para os livros de história. 

Enquanto isso, especialistas de todo o mundo estão se preparando para lidar com a próxima pandemia. Para tal, estão praticando em tempo real com o H5N1, a cepa mais virulenta da gripe aviária. A rápida contenção da gripe aviária na pequena vila cambojana de Rolaing destacou a importância da rapidez com que as autoridades de saúde pública podem identificar e responder a novas ameaças — a equipe conseguiu montar rapidamente um centro de testes e rastreamento de contatos. 

A eficácia da resposta global na contenção da próxima pandemia dependerá da capacidade das autoridades de identificar e responder rapidamente a novas ameaças. Contanto que não haja algum grau de omissão logo no início, como aconteceu no caso da Covid-19, o mundo deverá estar mais preparado para lidar com problemas de ordem global como o que aconteceu entre 2020 e 2022. Com isso, choques sobre os ativos de risco devem ser cada vez menos prováveis quando advindos de situações assim. 

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.