A Cielo (CIEL3), líder em maquininhas de cartão, já foi a queridinha da Bolsa. Foi. Ela não está em nenhuma carteira de ações sugeridas da Empiricus.
Naqueles dez anos gloriosos de 2006 a 2016 que não voltam mais, a empresa tinha crescido 20% ao ano. Ah, que tempo bom. Como era fácil ganhar dinheiro. Mas acabou.
O governo mudou a regulação para incentivar a concorrência — antigamente, cartões Visa só passavam na maquininha da Cielo. Como consequência do fim desses contratos de exclusividade, apareceram trocentas novas empresas no setor: Stone, GetNet, Mercado Pago, PagSeguro.
Resultado: as margens caíram muito.
Embora, vamos combinar, margens de 70% eram uma atrocidade.
A Cielo segue tendo uma ótima gestão e dois grandes sócios (Bradesco e Banco do Brasil), mas o fato é que a empresa teve de entrar na guerra das maquininhas. Reduziu prazo de pagamento para comerciantes, passou a cobrar menos para antecipar o dinheiro, a maquininha em si ficou mais barata — antigamente o coitado do sujeito da padaria tinha de pagar uma mensalidade para a Cielo.
Até onde isso vai? A guerra das maquininhas não dá o mínimo sinal de arrefecimento, e esse é um setor onde há poucos diferenciais competitivos: desde que a maquininha funcione, o varejista tende a correr para aquele que lhe oferece menor preço. Isso não costuma acabar bem.
“Dados os riscos envolvidos com a companhia e as mudanças no segmento, que acontecem de maneira muito rápida, preferimos que você assista a essa guerra de bem longe”, escreve o sócio Max Bohm.