Ontem (8), antes da abertura do mercado, o Inter &Co divulgou seus resultados do 1T23. O lucro líquido veio acima do esperado para o trimestre, embora tenha sido ajudado por créditos fiscais. Na linha de lucro antes dos impostos, que consideramos mais “limpa”, a performance veio abaixo do esperado, mas a gestão da companhia parece confiante na evolução da rentabilidade ao longo de 2023. Ademais, o Inter aumentou a transparência do seu reporte de resultado, o que vemos como positivo.
A carteira de crédito bruta atingiu R$ 23,8 bilhões, crescimento trimestral de 5%, puxado pelas linhas de FGTS (+58%), cartão de crédito (+6%) e imobiliário (+6%). Ainda, a companhia diminuiu em 30% a antecipação de recebíveis de cartão de crédito para adquirentes, fazendo com que a carteira de crédito “ampliada” crescesse 2% trimestralmente. Fica clara a estratégia de priorizar o crescimento em linhas de menor risco, o que deveria ter um impacto positivo na inadimplência mais à frente.
Para ganhar rentabilidade nos spreads, o foco é a reprecificação das linhas de crédito, algo que a companhia vem fazendo desde meados do ano passado, e continuou neste trimestre. Com isso, a margem financeira (receita de juros menos custo de captação) cresceu 9% sequencialmente, para R$ 711 milhões, acima da expansão do crédito. O reflexo é um spread médio de 7,4%, ganho sequencial de 0,2 ponto percentual.
A inadimplência, por outro lado, continuou a subir: o índice de empréstimos atrasados há mais de 90 dias ficou em 4,4% da carteira de crédito, alta de 0,3 p.p. no trimestre. Como tem sido no sistema financeiro como um todo, o problema para o Inter segue localizado no cartão de crédito. Com isso, o custo de crédito ficou em R$ 351 milhões (+32%), ou 5,6% da carteira média (+1,1 p.p.). Durante a teleconferência de resultados, os executivos afirmaram que a origem desses calotes está nos cartões originados em 2021, e que essas safras devem começar a sair da base na metade do ano. Portanto, deveríamos ver os índices melhorando a partir do 2o semestre.
As receitas de serviços subiram 8% na visão anual, para R$ 313 milhões. A alta foi puxada pela maior receita de intercâmbio nos cartões (+38%) e de comissões de Shop, Seguros e Invest (+10%).
No 1T23, a companhia adotou uma série de iniciativas de redução de despesas operacionais, o que vemos com bons olhos. Houve redução de 7% no quadro de funcionários, além de renegociações com fornecedores em processo. Com isso, as despesas totais cresceram 7% na comparação anual, abaixo do crescimento de 23% da receita na mesma janela. Sendo assim, o índice de eficiência melhorou em 10 p.p. nesse período, atingindo 62%.
Por fim, o lucro antes dos impostos foi de R$ 6 milhões, revertendo o prejuízo de R$ 100 milhões do 1T22. Por sua vez, o lucro líquido foi ajudado por R$ 18 milhões em créditos de imposto de renda, o que levou a linha final para R$ 24 milhões, também revertendo um prejuízo.
No discurso, a companhia reafirmou a nova estratégia para os próximos 5 anos: mais cautela no crescimento, na alocação de capital e na precificação das linhas de crédito, com o objetivo de atingir o ROE de 30% em 2027.
A Empiricus Research recomenda Inter?
Do nosso lado, gostamos do valuation extremamente atrativo da ação (0,5x valor patrimonial), mas, para conseguir enxergar alguma reavaliação desse múltiplo, acreditamos serem necessários mais alguns trimestres consecutivos de boa execução. Por ora, preferimos acompanhar a história do lado de fora, com uma recomendação neutra para Inter &Co (INBR32).