De forma a entender melhor o sentimento das gestoras de fundos multimercados em relação à indústria, todo mês a equipe da série Os Melhores Fundos de Investimentos da Empiricus Research realiza uma pesquisa de cenário e posições. As equipes dos fundos trazem seu ponto de vista e principais posicionamentos no âmbito local e global, por meio de um formulário eletrônico.
Neste mês, foi convidado para participar um total de 43 gestoras. As respostas foram coletadas nos primeiros dias úteis do mês e, portanto, representam uma visão bastante atualizada dos gestores, sendo informações agregadas conforme as respostas obtidas, mantendo-se o sigilo.
A seguir, você pode conferir os resultados dessa pesquisa, que aborda os principais temas atuais do Brasil e do mundo, como inflação, taxa de juros e reforma tributária, de modo a facilitar sua tomada de decisão como investidor.
O estudo consolida a média das respostas para cada um dos temas de interesse selecionados, acompanhando a opinião dos principais players em multimercados da indústria. Confira!
As perspectivas das gestoras de fundos multimercados em maio de 2023
Para começar, vamos entender como está o sentimento das gestoras de multimercados em relação a alguns temas macroeconômicos, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.
Crescimento do PIB, inflação e questão fiscal
No Brasil, os sentimentos para o crescimento do PIB, inflação e indicador fiscal apresentaram melhora em relação ao mês anterior, como mostra o gráfico abaixo, considerando as expectativas de queda na inflação e os efeitos das políticas fiscais na economia – entretanto, tais efeitos ainda são incertos.
Nos Estados Unidos, não houve mudança significativa para os indicadores, com melhora marginal para o sentimento em relação ao crescimento do PIB americano. Parte disso pode estar relacionada com as expectativas de manutenção e queda de juros na região.
Como as gestoras estão posicionadas em relação a Bolsa, inflação, curva de juros, crédito privado e Real
A partir do cenário esperado, a seguir podemos entender melhor o viés das gestoras em relação a algumas das classes de ativos normalmente operadas dentro dos fundos multimercados, entendendo o grau de convicção, de forma geral.
Vale ressaltar que, para as posições em juros, -2 significa posições tomadas (aposta na alta das taxas) e +2, posições aplicadas (aposta na queda das taxas).
Para a operação de “inclinação”, uma posição tomada se trata da aposta de que as taxas de longo prazo subirão mais (ou cairão menos) do que as de curto prazo (tomada na curva longa e aplicada na curta). O inverso seria uma posição aplicada.
Para a operação de “inflação implícita”, uma posição tomada se refere à aposta de que a inflação irá subir e, assim, vende/toma títulos prefixados e compra/aplica em NTN-B (Tesouro IPCA), por exemplo. Novamente, uma posição aplicada inverte essa lógica.
Assim, vamos ao consolidado de posicionamento.
No Brasil:
Nos ativos locais, enquanto a maioria dos indicadores permanece em patamar neutro, percebe-se um aumento nas convicções para posições aplicadas em juros nominais e reais, diante de um cenário de proximidade de queda de juros e de arrefecimento da inflação para os próximos meses.
Nos Estados Unidos:
Nos Estados Unidos, fica evidente a continuidade do viés vendido para a Bolsa americana, enquanto a tese de “dólar fraco” aparentemente perde tração. Os demais indicadores seguem em patamar neutro. O sentimento para commodities apresenta incremento marginal, com os investidores atentos aos efeitos da reabertura chinesa para os preços dos ativos da classe.
A seguir, trazemos a evolução das posições em Bolsa local e americana, para um acompanhamento amplo dos dados de acordo com o andamento do mercado desde agosto de 2021 (data de início da pesquisa). Em maio, os indicadores seguem em patamar pessimista, considerando um ambiente de juros altos globalmente. Essa situação, entretanto, pode mudar em breve, seguindo no radar do mercado para os próximos meses.
Qual a probabilidade de aprovação da reforma tributária?
Em conjunto à pesquisa geral, o tema exclusivo deste mês buscou entender a probabilidade de aprovação da reforma tributária no Brasil e seus possíveis impactos para o governo, as empresas e a população.
Sobre a probabilidade de aprovação, fizemos as seguintes perguntas:
De acordo com os resultados, somente 28% dos gestores duvidam sobre – porém não descartam – a possibilidade de aprovação da atual proposta da reforma tributária, que unifica cinco tributos do setor produtivo (IPI, Cofins, PIS, ICMS e ISS) em um imposto sobre valor agregado (IVA), o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços). O restante das casas que responderam a pesquisa acredita que há probabilidade média (58% das respostas) e alta (14%) de aprovação.
Além disso, independentemente do resultado, a maior parte (61%) acredita que o tema deve ser resolvido ainda em 2023.
E os impactos da reforma?
Questionamos os gestores de fundos multimercados sobre os possíveis efeitos da reforma tributária em três diferentes óticas da sociedade: governo, empresas e população:
Com as respostas, percebe-se a ideia de que a reforma tributária provavelmente será mais benéfica ao próprio governo em relação às empresas e, principalmente, à população. Entretanto, os resultados indicam que a unificação dos impostos em um único modelo IVA deve ser positiva de forma geral, melhorando a eficiência do sistema – especialmente para o cálculo das empresas – e, em uma segunda derivada, podendo favorecer a arrecadação e eventualmente reduzir a carga tributária sobre a população.
Boa parte das casas, porém, segue com sentimento neutro em relação aos impactos dessa mudança na prática. No curto prazo, caso a reforma seja aprovada, provavelmente veremos ainda um período de adaptação, com os cinco tributos atuais coexistindo com o novo IBS, até que a transição seja implementada de fato.