Depois de um longo período de distanciamento, o fundador e estrategista-chefe da Empiricus Research, Felipe Miranda, acredita que o momento é oportuno para olhar com bons olhos para a tese de investimento na Stone (Nasdaq: STNE, BDR: STOC31).
Isso se deve, de acordo com o analista, por mudanças significativas que começam a ocorrer na empresa e parecem ter deixado o case promissor.
Antes de entender por que a tese se tornou mais atrativa ultimamente, é importante voltar e entender por que em algum momento ela deixou de ser.
Para os menos familiarizados, a Stone é uma empresa de pagamentos que oferece serviços de adquirência (processamento de pagamentos com cartões de crédito e débito), software e outros serviços para comerciantes, tanto online quanto físico.
Entre fevereiro de 2021, quando atingiu sua máxima histórica, e março de 2023, as ações da empresa listadas no mercado externo sofreram uma queda de mais de 90%.
Isso se deu por fatores macroeconômicos, como o aumento das taxas de juros nos EUA, e fatores microeconômicos, que incluem má alocação de capital e desafios de crescimento – em uma empresa de alto crescimento.
Agora, na avaliação de Felipe Miranda, a situação parece estar mudando. Não apenas o ciclo de alta dos juros nos Estados Unidos chegou ao fim na última reunião do Fed, como a gestão da Stone parece ter apresentado os ajustes necessários.
Essa melhora já apresenta reflexo no preço das ações, que valorizaram mais de 65% em 2023. Para Felipe Miranda, “há potencial para mais valorização”.
Quais foram as mudanças realizadas pela Stone?
Como explica Felipe Miranda, a companhia passou por uma reestruturação no sistema de metas, principais indicadores de desempenho (KPIs) e Objetivos e Resultados Chave (OKRs).
Também foi feito um trabalho significativo na segmentação dos clientes, buscando uma abordagem mais direcionada. Além disso, ocorreram várias mudanças na gestão da tecnologia da empresa.
“Essas medidas visam melhorar a trajetória da empresa e enfrentar os desafios enfrentados anteriormente, trazendo uma perspectiva de liderança experiente e habilidosa para impulsionar seu desenvolvimento”, explica Felipe.
Desde a saída de alguns nomes importantes, o mercado temia que as equipes da Stone ficassem carentes de liderança. Mas, na visão do analista, João Bernartt e Marcus Fontoura desempenharam papel fundamental na gestão das pessoas e nas decisões de tecnologia – área em que a Stone identificou investimentos desnecessários. “Agora, os times de tecnologia estão cada vez mais integrados”, aponta.
Além disso, houve o fortalecimento da administração, com a integração de profissionais experientes, e uma reformulação do Conselho de Administração.
Um dos destaques foi Pedro Zinner, ex-CEO da Eneva, que assumiu oficialmente o cargo de CEO da Stone em março.
“Amplamente reconhecido pelo mercado como um CEO de primeira categoria, Zinner fortalecerá a capacidade de gestão da Stone e aprofundará as mudanças vistas até aqui”, avalia Felipe.
Com isso, o mercado tem ajustado as posições e a visão sobre a Stone.
“Alguns players já enxergam a possibilidade de lucro líquido acima de R$ 1 bilhão em 2023, o que seria um crescimento relevante em relação aos R$ 478 milhões de 2022. A ideia dessa retomada se baseia, objetivamente, na continuidade do crescimento de maneira eficiente, mantendo disciplina operacional e focando no crescimento de micro, pequenas e médias empresas”, analisa o estrategista-chefe da Empiricus.
Veja as perspectivas para os próximos meses
A Stone considera o ano de 2023 um período de investimento em tecnologia, que trará maiores frutos em 2024 e 2025.
A melhora na lucratividade na segunda metade de 2022 e a orientação melhor do que o esperado para o 1T23 reduziram as preocupações com custos de financiamento. Assim, na visão de Felipe, será possível desenvolver um resultado operacional cada vez melhor, principalmente devido aos custos e despesas menores.
“Vemos a empresa expandindo a sua base de clientes no negócio de adquirência,
fornecendo novas soluções e capturando taxas de take mais altas, melhorando a economia por meio da execução de preços e maior monetização de soluções bancárias”.
Em relação à concorrência, Felipe acredita que a Stone se destaca na direção “de uma proposta de valor completa, ou seja, soluções que resolvam integralmente a vida do cliente”.
Na visão do analista, os concorrentes não conseguem unificar a oferta de valor combinando serviços bancários com a função de adquirência
“O segmento de pequenas e médias empresas ainda carece de uma oferta bancária mais abrangente. A Stone enxerga esse nicho como uma oportunidade de crescimento e um potencial lucrativo. A empresa está se posicionando como uma “one-stop-shop”, isto é, um local onde os clientes podem encontrar todas as soluções integradas de que precisam. Essa abordagem visa fornecer uma visão única do cliente, simplificando sua experiência e atendendo a todas as suas necessidades”, aponta.
O estrategista-chefe da Empiricus acredita que, embora ainda haja desafios em áreas específicas do negócio, a Stone tem potencial para melhorias e crescimento contínuo.
Negociando a 22x P/L para 2023, as ações da Stone (STNE) podem ganhar ainda mais tração ao longo do ano.
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