Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos encerraram o dia predominantemente em alta nesta segunda-feira (5) após a alta em Wall Street na última sexta-feira em meio a perspectivas de uma pausa nos aumentos de juros pelo Federal Reserve dos EUA, com os investidores digerindo os relatórios mistos de empregos nos EUA e a resolução da questão do teto da dívida. Adicionalmente, todas as atenções se voltam para a China, que está prestes a divulgar nos próximos dias um novo conjunto de medidas destinadas a impulsionar o mercado imobiliário e revitalizar o impulso da economia.
Ao mesmo tempo, depois de subirem no final da semana passada, as ações europeias negociam cautelosamente nesta manhã de segunda-feira, depois que os dados econômicos despertaram as esperanças dos investidores de que a economia dos EUA resistiria ao aumento das taxas de juros, diminuindo as preocupações sobre uma possível recessão. Os futuros americanos reproduzem a cautela e operam sem uma única direção, pelo menos por enquanto. Por fim, os investidores estão respondendo à decisão dos sauditas de aumentar unilateralmente o corte na produção de petróleo.
A ver…
· 00:47 — Semana mais curta
No Brasil, os investidores locais vão encarar uma semana mais curta e, provavelmente, de menor liquidez por conta do do feriado de Corpus Christi na quinta-feira, que fecha as negociações na B3. Contudo, não é porque o mercado terá menos dias que a semana será menos emocionante. Aliás, muito pelo contrário, os dados de inflação ao consumidor (IPCA) de maio na quarta-feira dominam a atenção, podendo reforçar mais uma vez que caminhamos para um corte de juros no terceiro trimestre — algumas casas não falam apenas sobre o primeiro corte em agosto, mas também sobre a redução ser de 50 pontos-base em vez de 25, como inicialmente considerado.
Paralelamente, o mercado também repercute a conclusão da elaboração, pelo Ministério da Fazenda, de um projeto para modificar a Lei das Sociedades Anônimas. A ideia é enviar o texto à Câmara nos próximos dias. O conjunto de alterações busca ampliar a possibilidade de compensação aos acionistas minoritários e aos detentores de debêntures em caso de danos causados por administradores ou controladores de empresas de capital aberto. O governo se compromete a fortalecer a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em suas atribuições e em termos de recursos humanos (uma antiga demanda). Nessa direção, alinharia o Brasil com a OCDE.
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· 01:42 — Um rali descompensado
Nos EUA, os investidores seguem para essa semana com a crise do teto da dívida resolvida no curto prazo, mas precisarão entender melhor qual é o plano de jogo para o Federal Reserve à medida que a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 13 a 14 de junho se aproxima.
Os índices em Wall Street subiram bem na sexta-feira (2), depois que dados de empregos mostraram que as novas contratações aumentaram mais do que o esperado em maio. O número da manchete elevou o moral dos investidores ao sinalizar resiliência na economia dos EUA, mas também tornou mais provável que o Fed continue a aumentar as taxas de juros em um esforço para reduzir a inflação.
Contudo, o sentimento do mercado melhorou gradualmente com as crescentes expectativas de que o Federal Reserve dos EUA não aumentará as taxas de juros este mês — crescimento moderado dos salários e o aumento da taxa de desemprego jogam contra mais um aumento em junho, como temos falado com frequência por aqui.
· 02:28 — Um investimento complicado
O Twitter agora vale apenas um terço do que Elon Musk pagou pela plataforma de mídia social, de acordo com a Fidelity, que recentemente reduziu o valor de sua participação acionária na empresa. Musk reconheceu que pagou demais pela plataforma, que comprou por US$ 44 bilhões, incluindo US$ 33,5 bilhões em ações – o empresário em si gastou mais de US$ 25 bilhões para adquirir uma participação estimada em 79% na empresa, se valendo de um pool de outros investidores para chegar nos US$ 44 bilhões. Hoje, o investimento está avaliado em US$ 8,8 bilhões.
Desde que Musk assumiu o controle, o Twitter tem enfrentado dificuldades financeiras. Após acumular uma dívida de US$ 13 bilhões, as decisões erráticas de Musk e os desafios relacionados à moderação de conteúdo levaram a uma queda de 50% na receita publicitária. A tentativa de recuperar essa receita por meio da venda de assinaturas do Twitter Blue ainda não teve sucesso, uma vez que, até o final de março, menos de 1% dos usuários mensais do Twitter se cadastraram no serviço. Melhor seria se Musk voltasse a se concentrar na Tesla e na Space X.
· 03:19 — Um corte diferente dos pares
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados liderados pela Rússia, ou OPEP+, decidiram reduzir as metas gerais de produção a partir de 2024 em um total adicional de 1,4 milhão de barris por dia (bpd). A Arábia Saudita, por sua vez, membro dominante do cartel da Opep, fará cortes unilaterais profundos na produção de 1 milhão de bpd a partir de julho. Em outras palavras, o corte foi de um país membro isolado na tentativa de evitar quedas maiores dos preços.
A solução adotada pelos demais países produtores reflete uma postura mais conservadora, motivada pela preocupação com o enfraquecimento econômico dos EUA e da Europa, assim como pela recuperação menos robusta da China, fatores que podem impactar a demanda global por petróleo — lembre-se que, em abril, a OPEP+ já havia anunciado corte de 2 milhões de barris por dia, o que impulsionou o preço da commodity. O petróleo sobe nesta manhã, apoiado pelo movimento saudita.
A ousadia do membro mais importante da coalizão da Opep+ custou a cessão de terreno para dois aliados importantes: a Rússia e os Emirados Árabes Unidos — de acordo com delegados do cartel, a reunião do fim de semana foi uma das mais controversas dos últimos anos, em virtude das tensões entre a Arábia Saudita e a Rússia, dado que os russos continuam a aumentar sua produção de petróleo bruto a preços mais baixos, o que tem impacto no mercado global.
· 04:22 — Grupo do trilhão
Na semana passada, a Nvidia se tornou a primeira empresa de semicondutores a atingir uma capitalização de mercado de trilhões de dólares quando o mercado abriu hoje. Embora não tenha conseguido aguentar até o fechamento, com as ações regressando para baixo do patamar simbólico, as ações da companhia ainda sobem 175% em 2023 e cerca de 49% nos últimos 30 dias.
Para melhorar, a empresa anunciou seu novo supercomputador DGX GH200 AI, alimentado por 256 GH200 Grace Hopper Superchips. Pode parecer um pouco complicado, mesmo assim os investidores gostaram do que viram; afinal, o novo sistema permitirá a próxima geração de aplicativos generativos de IA, graças ao seu maior tamanho de memória e capacidades de modelo em maior escala.
Os chips da Nvidia têm alta exposição à IA generativa, que é uma tendência desde o lançamento do ChatGPT pela OpenAI no final do ano passado. A tecnologia assimila texto, imagens e vídeos de forma bruta para criar conteúdo. O mercado sabe disso e, consequentemente, as ações da Nvidia também não são baratas, sendo a terceira ação mais cara a cruzar a linha de US$ 1 trilhão com as ações negociadas por cerca de 51 vezes os lucros estimados para 2024.