Investimentos

BPAC11: Ações do BTG Pactual, prós e contras

As ações do BTG Pactual (BPAC11) voltaram para a carteira Oportunidades de Uma Vida, em setembro de 2020, e são indicadas pelo nosso estrategista-chefe, Felipe Miranda. Saiba mais no artigo!

Por Matheus Egydio

17 nov 2020, 05:16

As ações do BTG Pactual (BPAC11) são indicadas pelo nosso estrategista-chefe, Felipe Miranda. Elas voltaram para a carteira Oportunidades de Uma Vida em setembro de 2020.

Neste artigo, vamos apontar as principais informações que você precisa saber sobre a companhia e por que comprar seus papéis é, na visão da Empiricus, a escolha certa.

O tema foi discutido no programa Seleção Empiricus #5, que você pode assistir aqui:

O conteúdo deste artigo está dividido nos seguintes tópicos, para facilitar sua leitura:

●       O que é o BTG Pactual (BPAC11)?

○       De onde o BPAC11 veio?

○       Mas o que a empresa faz?

●       Entendi! Mas quais são os demais pontos fortes do BTG Pactual (BPAC11)?

●       Pontos de atenção

●       Conclusão

 

O que é o BTG Pactual (BPAC11)?

Para entendermos a racionalidade por trás da compra de BPAC11, precisamos entender as origens e as operações do BTG Pactual. O intuito é que você saiba exatamente onde está investindo seu capital.

De onde o BPAC11 veio?

A empresa foi fundada apenas como Pactual, em 1983. Tratava-se de uma corretora no Rio de Janeiro. Entre os fundadores, estavam figuras proeminentes como Paulo Guedes, atual ministro da Economia, e André Jakurski, atual gestor da JGP. Luiz Cezar Fernandes, também fundador, compõe o trio que teve as respectivas iniciais como inspiração do nome do empreendimento.

Em 1989, iniciou suas operações como um banco de investimentos e abriu um escritório em São Paulo. A partir de então, começou a ter protagonismo assessorando operações financeiras sofisticadas como fusões, aquisições, emissões de títulos de crédito ou ofertas de ações para grandes empresas brasileiras.

De 1990 a 2002, registrou crescimento expressivo e passou a atuar nas atividades de wealth management (ou seja, assessorando famílias abastadas a investir) e asset management (gerindo fundos de investimento). Nesse período, o banco passou a ser comandado e a ter como principal sócio o matemático André Esteves, com a saída de Luiz Cezar Fernandes — os outros fundadores já haviam seguido outros rumos anteriormente.

Nos anos 2000, o Pactual chegaria a ser comprado pelo UBS, o maior banco da Suíça, mas acabaria recomprado pouco anos depois pelo grupo de Esteves, quando passaria a se chamar BTG Pactual — o que se diz é que BTG é uma sigla para “back to the game”, ou “de volta para o jogo”. O banco abriria capital em 2012 e expandiria suas operações para mais uma dezena de países.

Em 2015, André Esteves, então CEO do banco, foi preso acusado de tentar interferir nas investigações da operação Lava Jato. Isso abalou a trajetória do BTG Pactual, que viu sua ação cair cerca de 40%. Em 2018, o empresário foi absolvido.

Desde então, o banco se recuperou inteiramente e suas ações negociam hoje perto da máxima histórica.

Mas o que o BTG Pactual faz?

O BTG Pactual construiu uma reputação de excelência como banco de investimentos. A marca é amplamente reconhecida no mercado financeiro e atrai, todos os anos, vários dos maiores talentos egressos da faculdade ou de outras empresas.

Mas o que o banco faz, de fato? Há cinco áreas principais, chamadas de core business, e três frentes adjacentes. Vamos falar de cada uma.

As principais são: i) Investment Banking; ii) Corporate Lending; iii) Sales & Trading; iv) Asset Management; e v) Wealth Management.

Mas o que tudo isso significa? Nós explicamos.

  1. Investment Banking é a área que assessora grandes empresas ou instituições em operações como fusões, aquisições ou abertura de capital;

  2. Corporate Lending fornece empréstimos corporativos;

  3. Sales & Trading inclui a corretora do banco e oferece produtos e serviços financeiros, como compra e venda de ações e outros ativos, além de operações com derivativos, taxas de juros, câmbio, energia e commodities;

  4. Asset Management inclui os fundos geridos pelo banco, tanto locais quanto globais e com uma ampla diversidade de ativos;

  5. Wealth Management é a consultoria de investimentos e planejamento financeiro para indivíduos e famílias de alta renda.

Há ainda três outras áreas adjacentes. São elas: i) Principal Investments; ii) Participations; e iii) Interest & Others.

Novamente, vamos dar nomes aos bois:

  1. Principal Investments são os investimentos do BTG Pactual com recursos próprios em mercados como o imobiliário e de títulos;

  2. Participations são as participações minoritárias do BTG Pactual em outras empresas, como o Banco Pan;

  3. Interest & Others são principalmente os juros que o banco recebe sobre seu capital disponível (emprestado, por exemplo, para o governo).

O que é extraordinário, aqui, é que o banco não é muito dependente de nenhuma das áreas. Ou seja, sua receita é razoavelmente bem distribuída entre elas, fator que reduz muito o risco. Veja, por exemplo, a participação de cada uma das áreas:

 

Os dados representam o desempenho do BTG Pactual no 3º trimestre de 2020. A totalidade da receita, representa R$ 2,5 bilhões.

Entendi! Mas quais são os demais pontos fortes do BTG Pactual (BPAC11)?

Agora que detalhamos o funcionamento do banco, vamos aos motivos pelos quais suas ações (BPAC11) ganharam espaço na nossa seleta carteira Oportunidades de Uma Vida. 

O objetivo do BTG Pactual, atualmente, é expandir o seu negócio para novos mercados. E é desse propósito que surge o BTG Pactual Digital, definido pelos executivos como uma “startup dentro do banco”, que foca em atender as demandas do varejo. 

Atender o varejo significa oferecer uma plataforma de investimentos para o público pessoa física de qualquer renda. Até então, para investir via BTG, você precisaria ter ao menos R$ 3 milhões disponíveis para se qualificar para o serviço de Wealth Management. Ou seja, o objetivo aqui é concorrer com a XP.

Além disso, o BTG vai passar a oferecer cartão de crédito e conta corrente para o varejo por meio da plataforma BTG+, concorrendo com bancos digitais como o Nubank e o Banco Inter.

A boa notícia: capital para financiar essa expansão para o varejo não faltará.

João Piccioni, também analista da Empiricus, enfatiza que as outras oito linhas de negócios da empresa, citadas anteriormente, são robustas e geram recursos suficientes para sustentar e  expandir esse produto nascente. Considerando isso, ele conclui que “os preços atuais [das ações] estão muito atrativos”.

Além disso, histórico para provar a competência da gestão perante esse novo desafio não falta.

O BTG tem grande densidade intelectual e grande capacidade de atração e retenção de talentos. É muita gente boa, em um patamar difícil de se encontrar em outro lugar, aponta Felipe Miranda.

Enquanto concorrentes como a XP concentram grande parte do seu capital intelectual em poucas pessoas (especialmente Guilherme Benchimol), o BTG Pactual conta com um batalhão intelectual, composto por André Esteves, Roberto Sallouti, Nelson Jobim e muitos, muitos mesmo, outros.  O banco opera uma exemplar estrutura de partnership, muito meritocrática, em que todos os principais executivos são sócios.

Por fim, Max Bohm, sócio da Empiricus, aponta que a empresa tem um preço bastante atrativo: cerca de 20x na comparação preço/lucro, o que não é muito para uma empresa com um excepcional histórico de desempenho.

Pontos de atenção sobre a BPAC11

Tudo isso não quer dizer, claro, que não haverá desafios no caminho do BTG Pactual (BPAC11).

Crescer para o varejo implica disputar mercado com um player muito bem estabelecido, a XP. As duas empresas têm disputado agentes autônomos de investimento (que fazem o relacionamento com os clientes) em uma briga pública e ruidosa. No final do dia, isso aumenta a remuneração dos agentes, mas reduz as margens.

No caso dos serviços de banco digital, como cartão e conta corrente, a concorrência também é dura. Além da própria XP, que está se movimentando nessa direção, todo mundo está começando a oferecer tais serviços: o estabelecido Nubank é só um exemplo. Ainda não está claro o quanto os diferentes players conseguirão se diferenciar nesse mercado.

Além disso, o mercado de Investment Banking tende a ser cíclico — há épocas de euforia em IPOs, fusões e aquisições, há tempos absolutamente mornos. Como dito, o BTG compensa isso pulverizando sua receita entre diferentes áreas, então tenha em mente que comprar BPAC11 não é apenas comprar a promessa do banco de varejo digital, mas sim suas áreas tradicionais também.

Conclusão

A compra dos papéis do BTG Pactual (BPAC11) faz sentido. Para complementar os pontos supracitados, vale destacar que investir no banco é uma atitude eficiente quando se busca aproveitar a recuperação da economia e o reaquecimento do mercado de capitais brasileiro. Com bom potencial de crescimento a um custo atraente, a recomendação da Empiricus é esta: compre BTG.

Veja mais sobre esta e outras ações no programa Seleção Empiricus #5, que foi ao ar em outubro de 2020:

Sobre o autor

Matheus Egydio

Escreve para o site da Empiricus, MoneyTimes e Seu Dinheiro.