O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal dado de inflação do país, desacelerou para 0,23% em maio. O número chegou a 3,94% em 12 meses, abaixo das expectativas do mercado, e confirmou o movimento de deflação da economia brasileira.
O dado alimenta ainda mais o otimismo com os ativos de risco brasileiros, que apresentam justificativas consistentes para o bom desempenho. “Fazia muito tempo que não éramos surpreendidos pelo dado desta maneira”, afirmou o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research.
Antes da divulgação do IPCA, outros indicadores já preparavam o mercado para uma “surpresa” positiva. O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), o IPCA-15 e o IGP-DI, ontem, vieram melhores que o esperado. “O IPCA fechou um ciclo de dados importantes de inflação no mês de maio”, afirmou.
Para o analista, embora não seja possível cravar, há chances reais de o IPCA de junho também apresentar deflação. Com os últimos dados qualitativamente positivos, cresce ainda mais a possibilidade de o banco central reduzir a Selic na reunião de agosto.
“Os dados que estavam chamando a atenção do banco central em março, e já começaram a arrefecer em abril, aprofundaram esse movimento. Isso dá maior tranquilidade e espaço para que a reunião do BC em junho tenha um tom mais flexível, e uma redução dos juros no terceiro trimestre, muito provavelmente em agosto”, analisa Spiess.
- A Empiricus Investimentos, corretora com mais de R$ 13 bilhões sob custódia, está oferecendo relatórios gratuitos com recomendações de investimentos em sua plataforma. Clique aqui para começar a receber.
Pós-IPCA: narrativa de corte de 50 pontos-base em agosto ganha força
Agora, a discussão que toma conta do mercado não é mais “se”, mas o quanto as taxas de juros devem cair na reunião de agosto: 25 ou 50 pontos-base. Na visão do analista, é sim possível que o início da flexibilização da política monetária venha com mais intensidade que o esperado.
“Historicamente, o mercado sempre subestimou o processo de corte da taxa Selic. Normalmente, subestima o ciclo em 150 pontos-base. Se a gente começar o corte acima do que o mercado tem esperado, seria o início de um processo que pode ser muito positivo para ativos de risco, como foi a última janela de 2016 a 2019”, afirma.
Não por acaso, o Ibovespa saiu de 98 mil pontos, no final de março, para os atuais mais de 115 mil pontos em um intervalo curto de tempo. Para o analista, a alta não deve parar por aqui.
“O trem já andou bastante, mas entendo que possa andar mais. Você não precisa ser construtivo com a economia nacional, só precisa entender que os ativos seguem baratos e que os prêmios na curva de juros ainda vão cair mais. Esse processo vai acabar levando a bolsa para os 120 mil pontos”, avalia.
Assista abaixo a entrevista completa de Matheus Spiess no Giro do Mercado: