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IPCA vem abaixo do esperado e deve continuar engatando alta do Ibovespa; entenda

Inflação brasileira mostra arrefecimento e corrobora com a possibilidade de corte da Selic em agosto; com isso, Bolsa deve continuar sequência positiva

Por Juan Rey

07 jun 2023, 14:39 - atualizado em 07 jun 2023, 14:39

Imagem representando o Tesouro IPCA, mostrando um gráfico crescente sendo analisado por pessoas

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal dado de inflação do país, desacelerou para 0,23% em maio. O número chegou a 3,94% em 12 meses, abaixo das expectativas do mercado, e confirmou o movimento de deflação da economia brasileira. 

O dado alimenta ainda mais o otimismo com os ativos de risco brasileiros, que apresentam justificativas consistentes para o bom desempenho. “Fazia muito tempo que não éramos surpreendidos pelo dado desta maneira”, afirmou o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research. 

Antes da divulgação do IPCA, outros indicadores já preparavam o mercado para uma “surpresa” positiva. O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), o IPCA-15 e o IGP-DI, ontem, vieram melhores que o esperado. “O IPCA fechou um ciclo de dados importantes de inflação no mês de maio”, afirmou.

Para o analista, embora não seja possível cravar, há chances reais de o IPCA de junho também apresentar deflação. Com os últimos dados qualitativamente positivos, cresce ainda mais a possibilidade de o banco central reduzir a Selic na reunião de agosto.

“Os dados que estavam chamando a atenção do banco central em março, e já começaram a arrefecer em abril, aprofundaram esse movimento. Isso dá maior tranquilidade e espaço para que a reunião do BC em junho tenha um tom mais flexível, e uma redução dos juros no terceiro trimestre, muito provavelmente em agosto”, analisa Spiess.

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Pós-IPCA: narrativa de corte de 50 pontos-base em agosto ganha força

Agora, a discussão que toma conta do mercado não é mais “se”, mas o quanto as taxas de juros devem cair na reunião de agosto: 25 ou 50 pontos-base. Na visão do analista, é sim possível que o início da flexibilização da política monetária venha com mais intensidade que o esperado.

“Historicamente,  o mercado sempre subestimou o processo de corte da taxa Selic.  Normalmente, subestima o ciclo em 150 pontos-base. Se a gente começar o corte acima do que o mercado tem esperado, seria o início de um processo que pode ser muito positivo para ativos de risco, como foi a última janela de 2016 a 2019”, afirma. 

Não por acaso, o Ibovespa saiu de 98 mil pontos, no final de março, para os atuais mais de 115 mil pontos em um intervalo curto de tempo. Para o analista, a alta não deve parar por aqui. 

“O trem já andou bastante, mas entendo que possa andar mais. Você não precisa ser construtivo com a economia nacional, só precisa entender que os ativos seguem baratos e que os prêmios na curva de juros ainda vão cair mais. Esse processo vai acabar levando a bolsa para os 120 mil pontos”, avalia.

Assista abaixo a entrevista completa de Matheus Spiess no Giro do Mercado:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br