Ontem (15), a Petrobras (PETR4) anunciou uma redução no preço da gasolina para as distribuidoras. Com a mudança, o litro da gasolina passa de R$ 2,78 para R$ 2,66, um corte de 4,3%. A medida é válida a partir desta sexta-feira (16).
Esse é o menor patamar de preço do combustível para as distribuidoras desde junho de 2021. É também a segunda alteração de preços da gasolina desde que a Petrobras anunciou o fim da política de paridade de importação (PPI), que servia de base para a precificação dos combustíveis desde 2016.
Em nota, a companhia lembra que o valor cobrado dos postos para o consumidor final é afetado também por outros fatores como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro da distribuição e da revenda.
Após o anúncio da mudança, o mercado teve uma resposta negativa e as ações de Petrobras derreteram mais de 2%. No entanto, Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, lembra, no Giro do Mercado desta sexta (16), que PETR4 vinha subindo 40% nos últimos 30 dias. Diante desse cenário, os 2% de queda não são tão bruscos.
O mercado não gostou da redução no preço da gasolina?
O analista explica que, em um primeiro momento, o mercado ficou muito menos pessimista com possíveis intervenções do governo quando a Petrobras anunciou a política de precificação de combustíveis em maio. “Isso inclusive fez as ações terem subido tanto nas última semanas”, explica.
Mas, para Ruy, talvez os investidores tenham ficado otimistas demais, achando que, na nova política, o governo só veria condições de mercado e não teria nenhuma influência política em cima da precificação.
“Esses dois cortes no preço da gasolina acabaram trazendo o mercado um pouco mais para a realidade, no sentido de que o governo, de certa forma, ainda vai ter uma precificação que preserva a rentabilidade da companhia, mas não sejamos ingênuos de achar que o governo seguiria 100% à risca as práticas comerciais adotadas em empresas privadas”.
Além disso, o analista ressalta que a política atual ainda é muito melhor do que o congelamento de preços visto 10 atrás, no governo Dilma. “Na época, isso fez com que a Petrobras vendesse o combustível abaixo do preço de custo, dando um prejuízo bilionário pra ela”, afirma. E tranquiliza o investidor ao dizer que, atualmente, esse é um cenário distante.
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“Ações de Petrobras estão baratas para a qualidade da companhia”
Com o fato de o mercado ter ainda algum receio de interferência política na petroleira, afirma Ruy, as ações dela tem estado, desde o final do ano passado, muito descontadas em relação às melhorias que tem entregado e comparada a pares privados. “Basicamente, o mercado tem ‘ignorado’ o potencial da companhia. Mesmo depois de subir 40% no último mês, ela ainda negocia hoje muito barato, a 3 vezes P/L. Ou seja, levaria três anos para um acionista ter retorno do investimento“.
Ele também reforça que, em relação a pares internacionais, como Chevron, a ação parece ainda mais barata, já que a estrangeira negocia a 11 vezes P/L – com o adendo, claro, de que esta não sofre com questões de governança, como a Petrobras.
“Diria que a Petrobras ainda tem cerca de 50% de valorização pela frente. Então estamos falando de um preço justo de R$ 42,00 por ação ou até R$ 45“.
PETR4 será sempre uma ‘torneira de dividendos’
Ruy lembra o investidor que Petrobras ainda é um excelente investimento para receber dividendos, uma vez que o próprio governo depende desses pagamentos para financiar algumas políticas políticas.
“Pode ser que a ação continue pressionada por essa batalha de narrativas políticas, mas o dividendo no final do dia vai continuar chegando. Lembrando sempre que quando falamos de Petrobras sempre existe o risco de o governo fazer uma ‘burrada’. Então, a gente entende que vale, sim, investir na ação do ponto de vista de dividendos, mas dentro de uma carteira bem diversificada“.
Inclusive, a petroleira distribui dividendos nesta sexta (16) para quem é acionista. Neste conteúdo aqui você pode ficar por dentro das companhias que distribuirão proventos e JCP ainda em junho.
Para assistir à tese completa de Ruy Hungria, é só dar “play” na edição de hoje: