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Por que o Ibovespa caiu depois das divulgações do IPCA-15 e da ata do Copom?

Em dia de IPCA-15 e ata do Copom, Ibovespa abriu pregão em alta de 0,52%, mas perdeu o fôlego e reverteu o desempenho ainda pela manhã

Por Juan Rey

27 jun 2023, 15:07 - atualizado em 27 jun 2023, 15:19

Ibovespa IPCA-15 Ata do Copom

A terça-feira (27) começou movimentada para o Ibovespa e o mercado como um todo. Por volta das 8h da manhã, foi divulgada a ata referente a última reunião do Copom, realizada na semana passada. Pouco depois, foi a vez do IPCA-15, dado que é uma espécie de prévia da inflação do mês atual. 

Com tantas informações, o Ibovespa teve uma manhã de “sobe e desce”. O índice abriu o pregão em alta de 0,52%, aos 118.246 pontos e, a princípio, reagiu bem ao tom da ata.

Depois, o principal benchmark da Bolsa brasileira perdeu fôlego e caiu significativamente. Agora, por volta das 13h40, o Ibovespa opera em queda de -1,22%, aos 116.804 pontos.

Queda do Ibovespa é ‘correção natural’

Na visão do analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, tanto a ata do Copom quanto o IPCA-15 vieram em linha com o esperado e não justificam a queda.

Para ele, a baixa nos últimos dois pregões é uma “correção natural” depois de nove altas semanais consecutivas, a maior sequência desde 2016. 

“O Ibovespa encontrou uma certa resistência nos 120 mil pontos e precisa de mais gatilhos. A gente não pode tentar se debruçar sobre o curto prazo quando estamos vendo uma tendência de médio e longo prazo muito mais interessante”, avalia.

De fato, o índice subiu 24,2% em menos de três meses, quando saiu de 96.997 pontos, em 23 de março, para 120.519, máxima do ano registrada em 21 de junho.

Pela força e rapidez no movimento de alta, o analista explica que as correções são normais e fazem parte do pacote.

IPCA-15 dá sinais positivos

Como era esperado, o IPCA-15 divulgado pela manhã mostrou forte desaceleração da inflação em relação ao mês de maio. 

Embora tenha ficado levemente acima das projeções do mercado (0,04% vs 0,03%), o número corroborou com a expectativa de queda da taxa Selic na reunião do Copom do dia 2 de agosto. 

Além disso, até a data do encontro, novos dados serão divulgados e devem dar mais margem para a redução nos juros.

A ata do Copom, embora ainda cautelosa, também contempla a possibilidade de queda da Selic caso os indicadores continuem favoráveis. 

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Reunião do Conselho Monetário Nacional é ‘evento’ da semana

Apesar desta terça-feira movimentada, o analista vê a quinta-feira (29) como o dia mais importante da semana para o mercado, quando ocorre a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN)

Na ocasião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devem discutir a meta de inflação.

“Ao ser mais duro que o esperado na semana passada e manter um pouco a cautela na ata de hoje, o Banco Central está se alavancando para ‘peitar’ o governo em suas duas cadeiras no CMN, uma vez que ele está em minoria”, explica.

A intenção do presidente do BC é manter a meta de inflação e, na visão de Spiess, “eventualmente só mudar o ano-calendário para o modelo contínuo e, se muito, as bandas de atuação da autoridade monetária”. 

Sendo assim, a semana intensa do Ibovespa ganhará novos capítulos…

Confira abaixo a entrevista completa de Matheus Spiess no Giro do Mercado:

Sobre o autor

Juan Rey

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: juan.rey@empiricus.com.br