Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados asiáticos fecharam mistos nesta terça-feira, acompanhando as indicações predominantemente tímidas de Wall Street durante o curto pregão de ontem, já que os investidores parecem cautelosos e relutantes em fazer movimentos significativos em meio à incerteza sobre o ritmo de crescimento econômico diante do aumento das taxas de juros. As esperanças de um pacote adicional de estímulo econômico na China ajudaram a limitar a queda, enquanto as ações japonesas recuaram das máximas em 33 anos, alcançadas na semana passada.
Os mercados europeus não conseguem sustentar um tom tão positivo nesta manhã, com o feriado do Dia da Independência fechando os mercados americanos hoje e retirando liquidez do mercado global. Adicionalmente, leituras abaixo do esperado da atividade manufatureira dos EUA, Alemanha e China estão prejudicando o sentimento nesta semana, aumentando as preocupações com a desaceleração do crescimento econômico global. O grande dado da semana na agenda internacional fica para sexta-feira, com os números do payroll de junho nos EUA.
A ver…
· 00:46 — Sabatina no Senado e votações na Câmara
No Brasil, contamos com um dia importante em Brasília, em que a Comissão de Assuntos Econômicos do Senado iniciará a sabatina dos novos diretores indicados para o Banco Central, Gabriel Galípolo, para Política Monetária, e Ailton Aquino, para Fiscalização. A Câmara dos Deputados, por sua vez, terá as negociações finais com o objetivo de votar o projeto do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, ou Carf, nesta terça-feira (devolve o voto de qualidade à Receita Federal) — passando essa pauta, desbloqueamos outros temas importantes para a semana, como o arcabouço e a reforma tributária (não por acaso, o Carf é quem julga conflitos tributários).
O governador Tarcísio de Freitas, líder dos infelizes com a reforma tributária, chega hoje à Brasília para acompanhar as negociações finais da proposta. Dificilmente o governador terá espaço para conseguir alguma conquista relevante, mas indica o desejo de algumas alterações, como a divisão do Fundo de Desenvolvimento Regional e a configuração do Conselho Federativo. Independentemente, o avanço das pautas econômicas nesta semana é fundamental para continuarmos a verificar uma tendência positiva nas expectativas dos investidores, o que vem impulsionando as ações locais. Na agenda, ainda contamos com dados de produção industrial de maio.
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· 01:47 — É feriado, pessoal
Os EUA estão comemorando o Dia da Independência, que fecha o mercado por lá. Ontem, os índices americanos verificaram altas bem tímidas por meio de um pregão reduzido já em véspera de feriado. Ao mesmo tempo, o índice de gerentes de compras do Institute for Supply Management para manufatura estava entre as únicas grandes notícias do dia e não parecia mexer muito com os mercados. O dado registrou 46 pontos, abaixo dos 46,9 de maio e abaixo das expectativas dos economistas para uma leitura de 47. Qualquer leitura abaixo de 50 indica contração no setor. Como sabemos, a economia americana já dá alguns sinais de que uma recessão se aproxima.
Quando os investidores retornarem, na quarta-feira, eles aguardarão o relatório de empregos de sexta-feira para junho. Os avisos do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na semana passada, sobre possíveis aumentos nas taxas de juros apontaram para a força no mercado de trabalho. Neste ponto, porém, mesmo números de emprego mais fracos do que o esperado na sexta-feira podem não impedir o Fed de aumentar as taxas no final deste mês. Afinal, com o Fed dobrando sua postura dura, pode levar vários meses de dados mais fracos antes que eles se sintam confortáveis em tirar o pé do acelerador de alta de juros.
· 02:51 — Siga a direção do vento e a luz do sol
A China está a caminho de quase dobrar sua capacidade eólica e solar até 2025 e ultrapassar a meta de energia limpa do país para 2030 cinco anos antes, de acordo com o Global Energy Monitor. O gigante asiático instalou quantidades recordes de energia solar nos últimos dois anos e está turbinando seus esforços em 2023.
Ainda assim, o país segue extraindo quantidades recordes de carvão e construindo uma nova frota de geradores movidos a combustível fóssil para evitar a escassez de energia que afetou seu sistema elétrico nos últimos anos. Uma vida, quantas contradições?
· 03:19 — As gigantes elétricas
A fabricante de veículos elétricos Tesla entregou um recorde de 466 mil carros em todo o mundo no segundo trimestre, superando as estimativas do mercado, enquanto o bilionário CEO Elon Musk persegue volumes mais elevados cortando preços. A Tesla é facilmente a maior fabricante de veículos elétricos nos EUA, mas enfrenta uma nova concorrência em todo o mundo. Na China, seu segundo mercado, a empresa ficou bem atrás da BYD, que tem uma linha muito mais nova e ambições cada vez mais globais.
A BYD, marca automotiva líder na China, registrou seu melhor trimestre, vendendo 700 mil veículos totalmente elétricos e híbridos plug-in. Com isso, fica claro que a Tesla enfrenta forte concorrência global de empresas com linhas mais recentes — seu veículo mais novo, o Modelo Y, estreou em 2020. A Tesla divulgará seu resultado no dia 19 de julho. Nos próximos meses, podemos ver mais reduções de preços como a da semana passada (reduziu seus modelos premium na China em mais de 4,5%).
· 04:08 — E a regulamentação da inteligência artificial?
Os grandes empresários (e talvez revolucionários) da inteligência artificial (IA), como o CEO da OpenAI, Sam Altman, querem regulamentação governamental, e a querem agora, antes que as coisas saiam do controle. Os desafios são muitos, mas incluem desinformação gerada por IA, preconceitos que acabam embutidos em algoritmos de IA, os problemas de violação de direitos autorais quando a IA usa o trabalho de outras pessoas como insumos para seu próprio conteúdo e a utilização das ferramentas por organizações criminosas.
Mas como regular a IA é uma grande questão. Em termos gerais, existem três principais escolas de pensamento sobre isso. Não surpreendentemente, eles correspondem aos três maiores polos econômicos do mundo: China, UE e EUA, cada um com suas próprias circunstâncias políticas e econômicas únicas. A China, como um governo autoritário que faz um esforço agressivo para ser um líder global em IA, adotou regulamentos rígidos destinados a aumentar a confiança e a transparência da IA.
A UE, que é o maior mercado desenvolvido do mundo, mas tem poucas empresas próprias de tecnologia de peso, está adotando uma abordagem de proteção ao cliente (cliente em primeiro lugar), prestando atenção na privacidade e na transparência. Os EUA, porém, estão atrasados. Washington quer minimizar os danos que a IA pode causar, mas sem sufocar a inovação de seus gigantes tecnológicos líderes do setor. Infelizmente, não dá para assobiar e chupar cana. Algo terá que ser sacrificado.