O ano tem sido muito próspero para as small caps – ações com valor de mercado de até R$ 5 bilhões. O índice SMALL, composto apenas por elas, já subiu 20% no ano até agora e a carteira de microcaps da Empiricus Research andou 56% no mesmo período. Nesse cenário promissor, os analistas da Empiricus Research têm pinçado boas oportunidades na Bolsa, e a mais recente é Desktop (DESK3), provedora de internet que vale R$ 1,58 bilhões e valorizou mais de 30% em uma semana – alta 10 vezes maior que a da Bolsa.
“Pelo que a gente enxerga, essa reprecificação das microcaps na verdade só começou, porque apenas agora a gente está incorporando a queda de juros no cenário macro de todos os gestores. É inevitável, está praticamente garantido corte de juros em agosto”, afirma Richard Camargo, analista da série Microcap Alert.
Segundo ele, esse afrouxamento monetário tem impacto direto nas microcaps em dois vetores:
1. Resultado operacional
Small caps geralmente operam com endividamento e nos últimos dois anos elas viram seu resultado ser inteiramente direcionado para pagar dívida.
“Muitas delas fizeram planos de estrutura de capital com CDI a 2% ao ano, sabiam que o juro poderia subir em seguida, mas imaginavam algo na casa de 7 a 8%, mas, um ano depois, o juro estava a 13,65% ao ano. Então de fato isso arrebentou a estrutura financeira e operacional das microcaps. Conforme a Selic começar a cair, vamos ver um impacto positivo muito mensurável no lucro dessas empresas já nos próximos trimestres”, explica o analista.
2. Valuation
“Ao calcular o fluxo de caixa descontado, que é o modelo mais usado para esse tipo de empresa, uma das principais variáveis dele é a taxa de desconto. Então quando você precisa descontar uma taxa de 15% ao ano é difícil achar upside [potencial de alta]. O fato da gente começar a diminuir essa taxa e custo de oportunidade para o dinheiro ficar mais acessível, isso também traz bastante espaço para as microcaps subirem”.
Como a Empiricus Research tem selecionado boas small caps
Ainda que essas ações estejam respondendo muito bem ao ciclo de mercado, Richard reforça a importância de escolher as empresas certas para investir, principalmente devido à baixa liquidez desses ativos.
“O que a gente olha muito na hora de selecionar uma microcap no atual momento é se o único ponto que a faz não entregar lucro ainda é o endividamento, porque isso é amenizado com o corte de juros. Nesse caso, são empresas de qualidade, bem geridas e que geram resultado operacional e, com a queda do juro, é questão de tempo até vermos melhora nos resultados líquidos”.
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Desktop (DESK3): baixo custo operacional e espaço para aumentar sua participação em SP
Dentre as mudanças mais recentes da carteira Microcap Alert, está a inclusão das ações de Desktop (DESK3), uma provedora regional de fibra óptica, com foco no interior do estado de São Paulo.
Para explicar como funciona o negócio, Richard primeiro lembra o investidor que internet e telefonia são produtos muito diferentes, principalmente em termos de custos operacionais e infraestrutura – por mais que, em cidades grandes principalmente, seja bastante comum as operadoras venderem telefonia e internet no mesmo pacote, como um bundle.
“Para começar, é muito raro um país ter mais de três ou quatro Telecons, ainda mais países grandes. Uma Telecom nasce com uma licitação que dura 15, 20 anos, mas a infraestrutura é muito cara, e a próxima etapa desse mercado é ainda mais cara. Estima-se que uma antena de 4G precise ser substituída por quatro antenas de 5G, porque a cobertura do 5G é muito menor. Na Fibra, basicamente a empresa precisa cabear a infraestrutura da distribuidora local de energia. É literalmente passar um fio no poste. Esse processo não é caro, custa em média 150 reais por casa”.
De acordo com o analista, o fato de o processo para prover internet ser barato e exigir pouca infraestrutura levou à explosão de empresas do ramo no Brasil. Segundo ele, no Brasil existem mais de 7 mil empresas pra vender esse serviço. Dessas, mais de 90% tem menos de 10 mil clientes.
“Então, passa a fazer sentido entrar capital no setor pra financiar a consolidação das empresas de fibra. Os maiores players começam a adquirir os menores, porque estes têm menos escala, não conseguem diluir tão bem o custo e geralmente o fundador é uma das maiores linhas de custo da empresa. É uma eficiência muito rápida de se conseguir [essas aquisições]; é muito raro demorar mais do que 12 meses”.
Em relação à Desktop especificamente, Richard conta que a empresa atua praticamente sozinha no interior de SP. Sua única grande concorrente é a Vivo.
“Apesar de qualquer provedor de fibra ter facilidade de penetração em quase todo o país, a Desktop atua em uma região particularmente diferenciada. Querendo ou não, o estado de SP é o mais rico do Brasil e, hoje, dados da Anatel mostram que ela tem bastante espaço para aumentar sua clientela: a densidade no estado é de cerca de 30 conexões pra cada 100 habitantes. Então, a curva de penetração da Desktop tende a ser mais acelerada do que a média”.
A ação continua muito descontada
“A empresa historicamente é bastante lucrativa. Hoje a margem Ebtida de Desktop está na casa de 50% de, em linha com os melhores players de fibra dos EUA. E o valuation está muito atrativo. Recomendamos a ação evoluindo 4,5x EV/Ebtida. Esse é um business que lá fora, por exemplo, negocia a 15 vezes EV/Ebtida. Então, claro, mantidas as proporções e o custo de oportunidade do Brasil, é muito barato se expor a essa história”, argumenta Richard.
Outro ponto de destaque, em sua visão, é que no começo do ano a companhia realizou um aumento de capital de 250 milhões de reais, valendo, à época, 1 bilhão de reais. “Agora não existe mais essa necessidade, pelo menos no curto prazo. Então, somando tudo isso e o cenário de um mercado mais propício a risco, estamos otimistas com a ação e adicionamos a empresa à carteira de microcaps da casa”, conclui.
Para conferir a entrevista completa do analista a respeito do potencial de Desktop (DESK3), assista à sua participação do Giro do Mercado: