Times
Mercado em 5 minutos

Inflação no Brasil, nos EUA e na China é protagonista da semana; confira dados importantes

Nesta semana, o mercado digere a deflação do índice de preços ao produtor na China e aguarda IPCA, IPC-S e IPC-Fipe por aqui. Nos EUA, espera-se o índice de preços ao consumidor

Por Matheus Spiess

10 jul 2023, 08:55 - atualizado em 10 jul 2023, 08:55

Inflação - taxas de juros

Bom dia, pessoal. Lá fora, os mercados da Ásia e do Pacífico encerraram a segunda-feira (10) em um tom misto, antes dos principais relatórios de inflação desta semana ao redor do mundo, incluindo o relatório do índice de preços ao consumidor dos EUA na próxima quarta-feira (12), seguido pelo índice de preços ao produtor na quinta-feira (13). Na China, o índice de preços ao consumidor ficou estável em junho em relação ao ano anterior, seu nível mais baixo desde fevereiro de 2021. Enquanto isso, os preços ao produtor caíram 5,4% em relação ao ano anterior, a taxa de declínio mais rápida desde dezembro de 2015.

Os mercados europeus sobem nesta manhã, enquanto os futuros americanos recuam. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, concluiu sua visita a Pequim e disse que as negociações foram diretas e produtivas, colocando os laços bilaterais em base mais segura — pode ter efeito positivo sobre os ativos de risco se houver uma pacificação das relações entre EUA e China.

Também teremos relatórios mensais da AIE e da Opep na quarta e quinta-feira, respectivamente, podendo trazer volatilidade para os preços do barril de petróleo. Por aqui, teremos igualmente dados de inflação.

A ver…

· 00:57 — Quer rir, tem que fazer rir

No Brasil, contamos com o índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) de junho, que deverá registrar deflação de 0,08% no mês, acumulado 3,20% na comparação anual.

Antes dele, teremos hoje IPC-S e amanhã IPC-Fipe, dois dados complementares de preços que podem ajudar o mercado a trabalhar melhor as expectativas não apenas da inflação do segundo semestre, mas também da política monetária.

Surpresas para baixo do consenso devem aumentar a chance de um corte mais arrojado em agosto, de 50 pontos-base. Isso serve para a atividade, com volumes de serviços na quarta-feira e vendas no varejo na sexta-feira — caso venham abaixo do esperado, podem ajudar o BC a derrubar a taxa Selic.

A semana começa com um humor revigorado depois da aprovação da reforma tributária e do projeto do voto de qualidade do Carf.

O arcabouço fiscal, por sua vez, deverá ficar para depois do recesso legislativo, mas sua aprovação terá um cunho mais burocrático, com Arthur Lira falando sobre “alterações mínimas” no texto que veio do Senado à Câmara.

O consenso era grande para a reforma, com diferentes setores apoiando e uma uniformidade de votos em diferentes posições do espectro político. Lula tentou reformar o mínimo possível seu ministério para atender aos pedidos dos congressistas; ao mesmo tempo, foram liberados R$ 5,4 bilhões do orçamento a prefeituras e governos estaduais. Quer rir? Tem que fazer rir.

· 01:55 — Um mercado de trabalho mais tímido?

Nos EUA, o mercado de trabalho parece finalmente esfriar. A economia americana criou 209 mil empregos em junho, abaixo da estimativa do mercado de cerca de 225 mil. É a primeira vez em 15 meses que o número de empregos fica abaixo das previsões. Para a inflação, isso pode ser um progresso real.

O dado veio depois do susto com o relatório do ADP, que mostrou que o setor privado criou 497 mil empregos em junho. Claro, o mercado de trabalho ainda está mais quente do que frio, mas podemos estar diante de um ponto de inflexão. Na sexta-feira, a probabilidade de o Fed aumentar as taxas durante o próximo mês de julho era de mais de 90%.

A semana traz mais notícias sobre a inflação, com o índice de preços ao consumidor sendo divulgado na quarta-feira. Espera-se um ganho de 3,1% na comparação anual, abaixo do aumento de 4% em maio. O núcleo da inflação, por sua vez, que exclui os itens mais voláteis, como energia e alimento, poderá chegar a 5,0%, de 5,3% em maio. Uma surpresa do CPI pode redefinir as expectativas sobre a direção do Federal Reserve. Teremos também o índice de preços ao produtor para junho na quinta-feira.

· 02:56 — E a temporada de resultados?

Ainda em solo americano, além do debate do juro, começamos a temporada de resultados — os balanços devem vir fracos (espera-se que as empresas do S&P 500 reportem a terceira queda consecutiva nos lucros trimestrais). A temporada tem início com os principais bancos JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup, todos na sexta-feira (14). A leitura sobre o que os principais bancos podem nos contar um pouco sobre os fluxos de depósitos e o crescimento dos empréstimos também deve ter um impacto nas ações dos bancos regionais.

Alguns investidores alertaram que os lucros dos grandes bancos atingiram o pico, já que a receita líquida de juros provavelmente continuará caindo, os custos de crédito estão gradualmente se normalizando e aumentando e as despesas são pressionadas pela inflação. O crescimento dos lucros também está sendo prejudicado à medida que os bancos se posicionam para prováveis mudanças regulatórias, adicionando liquidez, aumentando o capital da dívida e várias retenções nas recompras de ações.

· 03:53 — Vibrações chinesas

No gigante asiático, a taxa de inflação dos preços ao produtor avançou ainda mais para a deflação e os preços ao consumidor permaneceram inalterados no ano — os preços ao consumidor ficaram estável na taxa mais fraca desde que os preços caíram em fevereiro de 2021 (versus expectativa de +0,2%), enquanto os dados ao produtor caíram 5,4%. Os preços dos alimentos estão subindo, mas os preços dos bens continuam caindo. Há dois efeitos indiretos para a inflação global.

Os dados de preços ao consumidor são consistentes com os gastos dos consumidores da China em serviços, em vez de bens, limitando o impacto do crescimento global da China. Os dados também enfatizam que não há inevitabilidade global para a rigidez da inflação.

Os dados foram divulgados depois da visita da secretária do Tesouro, Janet Yellen, à China. O mercado entende que o encontro ajudou a construir um canal de comunicação produtivo entre os países, complementarmente à visita de Blinken há algumas semanas. Os atritos entre Washington e Pequim recentemente se transformaram em uma nova guerra comercial, com ambos os lados restringindo as exportações críticas para tecnologias avançadas. Durante 10 horas de reuniões, Yellen procurou convencer a recém-instalada equipe econômica da China de que os EUA não estão empenhados em buscar vantagens econômicas contra o país.

· 04:52 — Mais de 500 dias

Já se passaram mais de 500 dias desde que a Rússia invadiu a Ucrânia. À medida que o conflito se arrasta, a luta chegou a um impasse, embora a Ucrânia espere virar a maré com sua contra-ofensiva lançada recentemente.

Esse esforço ganhou impulso na semana passada, quando os Estados Unidos tomaram a controversa decisão de enviar à Ucrânia munições cluster, pequenas bombas espalhadas proibidas em muitos países devido ao seu potencial de causar danos a civis.

Quem quer que vença, a guerra já foi um desastre humanitário – a ONU estima que pelo menos 9 mil civis foram mortos. Também impactou a economia global, já que a maioria das empresas ocidentais saiu da Rússia e várias nações trabalharam para se livrar do petróleo russo.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.