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Mercado em 5 minutos

Inflação desacelera nos EUA e dólar atinge nível mais baixo em 14 meses; confira

Além disso, a China registrou uma desaceleração nas importações e exportações em junho e a Europa encara seca do Rio Reno.

Por Matheus Spiess

13 jul 2023, 08:34 - atualizado em 13 jul 2023, 08:34

inflação chinesa e economia russa - mercado em 5 minutos
Imagem: Unsplash

Bom dia, pessoal. Nos mercados asiáticos, observamos uma alta, seguindo a tendência internacional vista ontem, após os dados de inflação nos Estados Unidos virem abaixo do esperado. Isso animou os investidores ao afastar a possibilidade de mais duas altas de juros por parte do Federal Reserve. Embora a situação ainda seja desafiadora, é ligeiramente melhor do que antes. Esse movimento evitou que novos dados preocupantes da economia chinesa tivessem impacto nos ativos, mesmo que a balança comercial de junho tenha trazido preocupações.

Os mercados europeus e os futuros americanos continuam em alta nesta manhã, assim como as commodities, apesar das frustrações com a China. No continente europeu, aguardamos a divulgação da ata do BCE.

Nos Estados Unidos, os investidores estão atentos ao Índice de Preços ao Produtor (PPI), que pode surpreender o mercado, assim como o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) divulgado ontem. Em relação ao ano passado, espera-se que o dado do produtor americano desacelere de 1,1% para 0,4%.

A ver…

· 00:38 — E como fica essa agenda?

No Brasil, o governo está buscando alinhar prazos com os senadores, como a aprovação do voto de qualidade do Carf em até 15 dias após o término do recesso parlamentar, que encerra no dia 31.

Na Câmara, espera-se que o arcabouço fiscal siga a mesma dinâmica. No entanto, o foco principal das discussões está na reforma tributária, que o senador Eduardo Braga deseja que seja votada até o final de outubro. Caso isso ocorra, a Câmara poderá retomar a matéria para aprová-la entre novembro e dezembro, possibilitando a promulgação pelo presidente Lula ainda em 2023.

· 01:25 — Mais dados de inflação…

Nos Estados Unidos, os dados de inflação ao consumidor vieram abaixo das expectativas, indicando uma desaceleração significativa no ritmo de crescimento dos preços na economia americana. Em junho, o índice de preços subiu 0,2%, enquanto em relação ao mesmo período do ano anterior, registrou um aumento de 3,0%, representando o menor aumento anual desde março de 2021.

É importante ressaltar que a inflação anual atingiu o pico de 9,1% em junho de 2022, quando os preços estavam em alta em quase todas as categorias do índice. No entanto, atualmente, o crescimento contínuo em alguns itens está sendo compensado por quedas em outros setores. Por exemplo, os preços de energia caíram quase 17% em junho em relação ao ano anterior.

Mesmo considerando o núcleo do CPI, que exclui os componentes de energia e alimentos, houve um aumento de 0,2% em junho e de 4,8% em relação ao mesmo período do ano anterior, ficando abaixo das expectativas. Embora esse aumento ainda seja significativo, é o crescimento mensal mais lento do núcleo da inflação desde agosto de 2021.

Em outras palavras, o aperto da política monetária do Federal Reserve está claramente impactando a inflação, porém ainda não é o momento de declarar uma vitória completa sobre o assunto. Para fortalecer a tese de encerramento do ciclo de aperto monetário, aguardamos os resultados do índice de preços ao produtor para junho e os dados dos pedidos iniciais de auxílio-desemprego. Eventuais surpresas com dados abaixo do esperado podem fortalecer o desempenho das ações.

· 02:24 — E esse dólar?

O Dollar Index (DXY), que avalia a força do dólar em relação a uma cesta de outras moedas importantes, atingiu seu nível mais baixo em 14 meses, uma tendência que se refletiu nos mercados cambiais globais, incluindo o real.

Isso ocorre à medida que os investidores consideram o impacto da desaceleração da inflação nos Estados Unidos no ciclo de aperto monetário mais agressivo conduzido pelo Federal Reserve em décadas. Conforme mencionado anteriormente, a taxa de inflação nos Estados Unidos atingiu seu ponto mais baixo em dois anos. Em resumo, o relatório de inflação de junho levou os investidores a afirmar que a missão do Federal Reserve no combate à inflação estava praticamente cumprida.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro caíram, as ações subiram e o dólar teve uma queda acentuada. O franco suíço alcançou seu nível mais forte em relação ao dólar desde 2015, enquanto o iene japonês registrou um ganho de mais de 1% no dia, consolidando sua valorização abaixo de 140 por dólar. O euro disparou para US$ 1,11 e a libra esterlina chegou a US$ 1,30, atingindo seus níveis mais altos em mais de um ano. Além disso, o índice Bloomberg do dólar teve sua maior queda em seis meses e está próximo de reverter toda a sua alta, que foi impulsionada pelo ciclo de aperto monetário do Federal Reserve. Essas notícias são favoráveis para o real.

· 03:18 — Trilhando o caminho da frustração: os obstáculos para a China

A China registrou uma desaceleração nas importações e exportações em junho. As exportações apresentaram uma queda de 12,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, após um declínio de 7,5% em maio, o que ficou abaixo das expectativas do mercado. Já as importações registraram uma queda de 6,8%, também ficando aquém das expectativas e abaixo do mês anterior (-4,5%). Como resultado, o superávit comercial atingiu US$ 70,6 bilhões, abaixo da estimativa de US$ 74 bilhões.

Essa desaceleração nas importações reflete o viés do setor de serviços e a demanda doméstica na China, uma vez que os serviços exigem menos importações. No entanto, os dados do setor de serviços estão gradualmente convergindo para o tom mais negativo observado na manufatura.

Os números de exportação estão em linha com a desaceleração inevitável da demanda global por bens, mas os dados da China podem ampliar essa tendência. Basicamente, a força das exportações no primeiro trimestre, que impulsionou o PIB de forma favorável, pode ter ocorrido às custas das exportações no segundo trimestre. A situação continuará a ser acompanhada.

· 04:02 — As águas europeias

No continente europeu, a diminuição do nível da água no Rio Reno está causando novamente problemas na navegação. Embora o impacto econômico e cambial dessa situação seja limitado desta vez, existem lições importantes para os investidores levarem em consideração. Em resumo, os riscos climáticos vieram para ficar e, embora seja possível mitigar seu impacto a longo prazo, eles surgirão de maneiras imprevisíveis e criarão um obstáculo quase constante para os lucros das empresas.

A escassez de água, a falta de energia e a escassez de alimentos são apenas alguns exemplos do que pode acontecer. Em 2018, quando a seca interrompeu o tráfego nos trechos mais rasos do Rio Reno, o crescimento econômico da Alemanha foi reduzido em 0,7 ponto percentual, pois o rio desempenha um papel crítico no transporte de matérias-primas. Nos anos seguintes, as empresas aprenderam com essa experiência e implementaram arranjos logísticos de contingência. No entanto, é importante destacar que isso tem um custo.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.