Depois de começar a semana em queda, o Ibovespa dá forte sinal de recuperação nesta quinta-feira (13).
Ontem, o principal índice da bolsa de valores brasileira subiu 0,38%. Por volta das 16h de hoje, sobe cerca de 1,3% e retoma, com sobra, o patamar em que iniciou a segunda (10).
Nos dois primeiros dias da semana, o cenário doméstico pesou negativamente sobre os ativos de risco. Depois de uma sequência de notícias positivas, o temor com complicações na tramitação da reforma tributária no Congresso e as métricas de serviço do IPCA provocaram queda no Ibovespa.
Nas últimas horas, com a agenda local esvaziada, notícias vindas do exterior impactaram positivamente o principal índice da bolsa de valores brasileira.
Para o co-fundador e vice-presidente da Empiricus, Rodolfo Amstalden, a contribuição do mercado externo pode ser o empurrão que estava faltando para o Ibovespa ultrapassar a incômoda barreira dos 120 mil pontos.
“Tivemos muitos desenvolvimentos no mercado doméstico ao longo das últimas semanas. Desde o arcabouço fiscal foram uma série de boas notícias, como o voto do CARF, a reforma tributária e as leituras de inflação mais moderadas. Mas, lá fora, não estava um clima tão bom ainda. Ontem parece ter dado uma virada”, avalia.
Ciclo de aperto monetário dos EUA pode estar perto do fim
A mudança de humor lá fora vem principalmente de dados dos EUA. Ontem (12), o CPI, um dos principais indicadores de inflação do país, avançou 0,2%, abaixo das projeções do mercado.
Hoje, o índice de preços ao produtor norte-americano, PPI, também veio melhor que o esperado (0,1% vs 0,2% das expectativas). Os dados podem abrir caminho para que o banco central dos EUA aumente a taxa de juro pela última vez na próxima reunião.
Com o apetite ao risco, as commodities também se beneficiaram e apresentaram alta.
Nem mesmo a balança comercial mais fraca que o esperado na China (superávit de US$ 70,6 bilhões, US$ 3,4 bilhões pior que o esperado) foi suficiente para abalar a tendência de alta dos mercados globais.
Segundo Rodolfo, isso pode ter acontecido porque, apesar do número abaixo das projeções, as sinalizações do governo chinês foram melhores.
“Os discursos de Xi Jinping estavam muito pautados em estímulos do governo, que é uma agenda que tem uma repercussão válida, mas limitada. As últimas declarações dele no sentido de fazer as pazes com o setor privado e maior abertura comercial do país são mais relevantes”, afirma.
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Ibovespa nos 140 mil pontos?
O co-fundador e estrategista-chefe da Empiricus, Felipe Miranda, acredita que a “volta” dos mercados internacionais, aliada às perspectivas favoráveis para o cenário local, podem impulsionar o Ibovespa aos 140 mil pontos.
Na visão do analista, o dado de balança comercial fraco na China pode indicar uma mudança nas cadeias produtivas globais que seria benéfica para o Brasil em um prazo maior de tempo.
“Na minha leitura, o México passou a China como principal parceiro comercial norte-americano. Isso é resultado do nearshoring, da ideia de reorganização das cadeias produtivas globais. É bom para o México, mas também é bom para a região inteira. Toda a América Latina de alguma forma se beneficia disso, e evidentemente o Brasil é um dos grandes representantes dessa história toda”, finaliza.