Times
Mercado em 5 minutos

Ibovespa hoje: com agenda local esvaziada, humor do mercado internacional deve definir direção do índice nesta sexta (14)

Em dia de início da temporada de balanços do 2T23 nos EUA, Ibovespa tenta ultrapassar a barreira dos 120 mil pontos

Por Matheus Spiess

14 jul 2023, 09:00 - atualizado em 14 jul 2023, 09:00

investidor ibovespa mercado em 5 minutos
Imagem: Freepik

Bom dia, pessoal. Lá fora, nos mercados asiáticos, nesta sexta-feira (14), fechamos o dia em contexto de alta, acompanhando as movimentações positivas dos mercados globais durante o pregão de ontem. Isso se deve aos dados que mostraram preços ao consumidor e ao produtor nos EUA abaixo do esperado, aumentando as esperanças de que o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed) esteja próximo do fim. Além disso, o fortalecimento da maioria das moedas asiáticas em relação ao dólar americano também contribuiu para o clima de propensão ao risco, com o Banco Popular da China indicando um apoio direcionado ao mercado imobiliário.

Na Europa, assim como nos futuros americanos, os mercados operam sem uma direção única nesta manhã, mas com predominância negativa. O destaque do dia na agenda internacional é o início da temporada de resultados corporativos nos EUA. Na Europa, temos os índices de inflação de algumas regiões, como os preços no atacado da Alemanha, que aprofundaram a deflação no país. No Brasil, estamos novamente próximos da marca de 120 mil pontos no Ibovespa, um nível que tem se mostrado desafiador de ultrapassar. Sem eventos locais relevantes na agenda, o mercado depende do humor internacional para definir sua direção.

A ver…

· 00:38 — As vendas no varejo fazem preço?

No Brasil, aguardamos os dados das vendas no varejo nesta manhã, os quais devem mostrar um recuo de 0,2% em maio no conceito restrito e uma queda de 0,7% no ampliado. Embora esses dados mais fracos sejam influenciados pelas condições financeiras restritivas, como os juros elevados, eles não devem ser o fator determinante para o humor do mercado local hoje. A atividade econômica mais fraca abre espaço para possíveis cortes de juros em agosto, e os investidores estão debatendo se a redução será de 25 ou 50 pontos-base. Considerando a postura conservadora do Banco Central até o momento, parece mais provável uma redução de 25 pontos-base.

Paralelamente, tivemos a antecipação do início oficial, na segunda-feira, do programa “Desenrola Brasil”, que visa a renegociação de dívidas de até R$ 5 mil para pessoas físicas, com o objetivo de limpar o nome de 1,5 milhão de brasileiros. Essa notícia pode aliviar o consumidor brasileiro e impulsionar o consumo no segundo semestre, aumentando as expectativas de crescimento do PIB para além de 2% neste ano. Nos bastidores, já começaram as discussões sobre a alíquota do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que, segundo Fernando Haddad, deverá atingir um ponto de equilíbrio inferior a 25% no longo prazo.

· 01:25 — Está preparado para a temporada de resultados?

Nos EUA, a desaceleração nos dados de inflação impulsionou os índices de ações para seu quarto ganho consecutivo ontem, antecedendo o início da temporada de divulgação de resultados nesta terça-feira. O índice de preços ao produtor registrou o menor aumento anual desde 2020, com alta de apenas 0,1% no ano até junho. Em junho, o índice subiu apenas 0,1%, após uma queda de 0,4% em maio. O núcleo do PPI, que exclui os subíndices de energia, alimentos e serviços comerciais, teve um aumento de 0,1% em junho e de 2,6% em relação ao ano anterior.

No entanto, hoje o foco não estará mais na inflação. Aguardamos os primeiros resultados relevantes do segundo trimestre, com empresas como Citigroup, JPMorgan Chase e Wells Fargo. Goldman Sachs, Morgan Stanley e Bank of America estão entre as cerca de 60 empresas do S&P 500 que divulgarão seus números na próxima semana. Os grandes bancos estão em uma situação diferente de muitos credores regionais que enfrentaram turbulências após o colapso do Silicon Valley Bank, pois possuem mais capital e um portfólio de negócios mais diversificado. É importante compreendermos em qual ponto nos encontramos nessa trajetória.

· 02:24 — Uma nova abordagem na regulação

Recentemente, Michael Barr, vice-presidente de supervisão do Federal Reserve, expressou o desejo de implementar mudanças significativas na regulação dos grandes bancos nos EUA, visando torná-los mais resilientes durante períodos difíceis. Essas mudanças propostas envolvem um aumento na quantidade de capital que os bancos devem manter para enfrentar crises.

De acordo com a proposta de Barr, os bancos com ativos de pelo menos US$ 100 bilhões estariam sujeitos a regulamentações semelhantes às atualmente aplicadas aos bancos com ativos de US$ 700 bilhões. Essas regulamentações exigiriam que os bancos mantenham dois pontos percentuais adicionais de capital, ou seja, US$ 2 adicionais de capital para cada US$ 100 de ativos ponderados pelo risco.

Espera-se que em breve sejam divulgados mais detalhes sobre os novos regulamentos bancários. No entanto, é importante ressaltar que levará anos até que qualquer mudança entre em vigor, pois elas precisarão passar pelo processo padrão de regulamentação, incluindo avisos e comentários, como ocorre com qualquer nova regulamentação bancária. No entanto, a sinalização e a direção dessas propostas são elementos relevantes para o setor bancário.

· 03:18 — Uma nova era

Os cientistas dividem a história geológica da Terra em estágios, como épocas, períodos e eras, que são definidos por mudanças fundamentais no mundo natural. Durante os últimos 11.700 anos, estivemos na época do Holoceno. No entanto, um grupo de cientistas argumenta que uma nova época começou em meados do século XX: o Antropoceno.

Esses cientistas, reunidos no Grupo de Trabalho do Antropoceno, apresentaram suas reivindicações de maneira marcante, selecionando um ponto físico que simboliza o início do Antropoceno proposto: o Lago Crawford, em Ontário, Canadá. Essa escolha se deve às evidências claras e pronunciadas do impacto humano registrado globalmente, especialmente a partir de 1950.

No entanto, há divergências em relação à classificação do Antropoceno como uma nova época na história geológica da Terra. Alguns argumentam que o impacto humano, embora significativo, é apenas um pequeno ponto na história do planeta. A maioria das épocas geológicas abrange milhões de anos, enquanto o Antropoceno teria apenas cerca de 70 anos.

Nos próximos anos, a Comissão Internacional de Estratigrafia e a União Internacional de Ciências Geológicas, importantes organizações científicas internacionais, decidirão se o Antropoceno será oficialmente reconhecido como uma época. Essa decisão envolve considerações cuidadosas e debates sobre a extensão do impacto humano na Terra e sua relevância para a classificação geológica.

· 04:02 — Todos querem a longevidade

Clínicas de longevidade, que oferecem a promessa de prolongar a expectativa de vida de clientes abastados, estão atraindo milhões de empreendedores e surgindo em toda a América. Alguns desses estabelecimentos cobram até US$ 100 mil por ano para fornecer aos clientes tratamentos personalizados, como injeções de testosterona, transfusões de plasma, rejuvenescimento capilar e terapias com células-tronco.

No entanto, especialistas médicos alertam que esse mercado de tratamentos para “melhorar a vida” não é regulamentado, alguns deles carecem de embasamento científico, não são aprovados pela FDA e podem representar riscos à saúde.

Apesar disso, os investimentos em clínicas de longevidade mais do que dobraram no ano passado, alcançando US$ 57 milhões. Nos Estados Unidos, que concentram 70% do investimento global nesses estabelecimentos, os indivíduos abastados estão aderindo a esse estilo de vida eternamente jovem.

Alguns empresários influentes, como Sam Altman, da OpenAI (empresa proprietária do ChatGPT), investiram US$ 180 milhões em startups de biotecnologia com o objetivo de acrescentar uma década à expectativa de vida humana, chegando até a pagar pelo congelamento e backup digital de seus cérebros. Outros gigantes da tecnologia, como Jeff Bezos, Mark Zuckerberg e Bryan Johnson, também investem em empresas que se dedicam ao combate do envelhecimento.

De acordo com analistas do Bank of America, a indústria da imortalidade e longevidade pode atingir um valor de US$ 600 bilhões até 2025. Os aportes financeiros dos mais ricos dos Estados Unidos podem impulsionar avanços científicos, incluindo novas curas e métodos inovadores para a detecção precoce de doenças. É possível que estejamos testemunhando o surgimento de uma indústria fascinante no campo do rejuvenescimento.

Sobre o autor

Matheus Spiess

Estudou finanças na University of Regina, no Canadá, tendo concluído lá parte de sua graduação em economia. Pós-graduado em finanças pelo Insper. Trabalhou em duas das maiores casas de análise de investimento do Brasil, além de ter feito parte da equipe de modelagem financeira de uma boutique voltada para fusões e aquisições. Trabalha hoje no time de analistas da Empiricus, sendo responsável, entre outras coisas, por análises macroeconômicas e políticas, além de cobrir estratégias de alocação. É analista com certificação CNPI.