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JP Morgan, Citigroup e Wells Fargo: bons resultados dos bancos no 2T23 mostram robustez da economia dos EUA

Depois da quebradeira dos bancos norte-americanos no início do ano, resultados indicam que “o pior ficou pra trás”, segundo analista

Por Equipe Empiricus

17 jul 2023, 10:39 - atualizado em 17 jul 2023, 10:39

JP Morgan - bancos divulgam resultados do 4T22
Imagem: Divulgação

Na última sexta-feira (14), os bancos JP Morgan, Citigroup e Wells Fargo divulgaram seus balanços referentes ao 2T23

Os números vieram acima das expectativas e mostraram “que o pior momento dos bancos dos EUA ficou para trás”, na visão do analista-chefe da Empiricus Research, João Piccioni.

Os resultados do trimestre reiteram a robustez da economia norte-americana e diminuem a possibilidade de recessão, ainda que esta não esteja totalmente descartada, segundo Piccioni. 

“Mostra que o consumidor americano continua com o mesmo apetite tradicional relacionado ao consumo. Ele continua gastando e tomando crédito para financiar seu modo de vida, mesmo com as taxas mais elevadas”, avalia. 

Situação no início do ano era preocupante

No início do ano, o mundo olhava para o setor financeiro dos Estados Unidos com temor, quando bancos como o Silicon Valley Bank (SVB) e o Signature Bank faliram. 

“Passamos por aquele choque do aumento de custo de captação lá fora e agora os bancos conseguiram equilibrar um pouco mais toda a sua nova safra de créditos a taxas mais elevadas. No final das contas, eles conseguiram ao longo dos últimos trimestres montar um colchão de provisão para as perdas e reprecificar o crédito”, avalia o analista-chefe.

Os resultados mostraram que as margens financeiras dos bancos voltaram a crescer. Em especial o JP Morgan, que, inclusive, teve seu lucro impactado positivamente pela compra do First Republic Bank, um dos bancos médios norte-americanos que enfrentou dificuldades no início do ano.

“Nesse movimento, tanto o FDIC e o Fed deram um financiamento muito bom para o JP Morgan. Do lucro total que o banco teve no trimestre, cerca de 20% veio da aquisição do First Republic. O ROE do JP Morgan atingiu 20% anualizado no trimestre, é um desempenho excelente”.

O analista destaca que os “bancões” norte-americanos estão conseguindo aproveitar o momento difícil enfrentado pelos bancos regionais desde o início do ano para ganharem ainda mais participação.

Bancos apostam no reaquecimento do mercado financeiro

Além do resultado apontar que o consumo norte-americano segue resiliente, os bancos também estão estão vendo bons sinais no segmento de investment banking, setor ligado à emissão de títulos de renda fixa, variável, dentre outros.

“Eles estão sentindo um clima mais positivo do mercado financeiro de forma geral. Muitas empresas vão precisar fazer novas emissões para rolar a dívida. É uma dinâmica que parece muito mais robusta para esses bancos”, aponta.

Com os investidores “virando a chave” em direção ao risco, o mercado passa a se preparar para um ambiente melhor. Nas últimas semanas, inclusive, é possível observar através dos índices a melhora do sentimento do mercado estadunidense.

“Dado o mecanismo de proteção do Fed em relação aos bancos regionais, me parece que essa dinâmica financeira vai ser mais favorável”.

Apesar de dados positivos, recessão não está descartada

Mesmo diante de sinais positivos, a hipótese de recessão ainda está sobre a mesa. Piccioni não acredita que o bom desempenho dos bancos é suficiente para segurar a economia dos EUA. 

“O processo econômico, em especial nos EUA, se desenrola de uma forma muito mais lenta do que em países emergentes, que sentimos os problemas rapidamente”.

O mercado de crédito norte-americano vem desacelerando, principalmente sob a ótica dos bancos regionais. Quando as instituições enfrentaram a “quebradeira” no início do ano, o banco central dos EUA lançou o programa BTFP (Bank Term Funding Program) para suportar a desalavancagem das instituições. 

Assim, o Fed comprou títulos dos bancos que estavam em dificuldades para que eles pudessem se reestruturar ao longo do ano. 

“Os bancos vão ter que devolver o dinheiro e receber os títulos de volta. Se os juros estiverem lá em cima, as instituições vão continuar sofrendo”, avalia o analista.

Para Piccioni, ao longo do segundo semestre teremos um direcionamento mais claro de para onde vai o PIB dos Estados Unidos. Enquanto isso, ele acredita que os investidores vão continuar a tomar risco.

“A tendência é continuar o otimismo. É como se os investidores estivessem voando no avião com uma luz amarela piscando. Tem turbulência à frente, mas a probabilidade de ruptura ou de deterioração rápida parece ter diminuído”, aponta. 

“Você tem uma melhora do mercado sob uma ótica comportamental, isso leva a bolsa pra cima e provoca os gestores a correrem atrás colocando mais dinheiro no mercado. Essa dinâmica tende a ser favorável. A luz amarela está piscando, mas talvez a gente atravesse e ela suma do radar”, finaliza.

Confira a entrevista completa de Piccioni no Giro do Mercado:

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